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Yoga - Parte 4

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Yoga é Religião?

Sim e não... Dependendo dos conceitos usados para definir yoga e religião. Na sua forma mais antiga, o yoga era uma prática espiritual intimamente ligada aos rituais religiosos indianos. 

Hoje, o que se entende como yoga refere-se mais a um sistema de pensamento com posições filosóficas, em que as divindades religiosas funcionam como símbolos. 

(Yoga e Religião, possível, mas esse não é o foco desta prática. A maior conexão a ser feita num primeiro momento é entre Você e sua Consciência. Naturalmente, após isso, a busca do divino acontecerá...)

O yoga pode ser entendido como religião quando é definido como um processo de religação do homem com sua essência, ou ainda como um sistema de transmissão de conhecimentos e códigos de comportamento. 

Mas não é religião no significado mais comum do termo, pois sua prática não depende de nenhuma crença particular, além daquela que considera possível o aperfeiçoamento do ser humano através do autoconhecimento. 

O Preceito da Meditação

Os Yoga Sutras de Patanjali definem yoga como um estágio em que acontece a inibição das flutuações da consciência, e no qual o praticante encontra a sua própria essência. 

Mas como isso acontece?

(A ilusão de cada acontecimento que afeta nossa estrutura mental e emocional é o que mais nos afasta de percebermos o quanto a vida é simples...)

A explicação espiritual diz que a mente é como um lago com muitas ondulações (os pensamentos), e que não conseguimos enxergar o que há no fundo. 

Mas, quando o lago está sem turbulências, conseguimos ver o que há dentro dele. O caminho para se chegar a essa percepção seria praticar meditação - um dos oito preceitos do yoga (que veremos mais adiante nesta matéria).

A prática da meditação pode trazer um efeito calmante que se reflete em nossas atitudes na vida.

(À todo aquele que tiver coragem de mergulhar o mais profundo de si mesmo retornará de tal jornada forte, independente e com uma visão única da vida que poucas coisas poderão abalar.)

No cotidiano, o tempo inteiro respondemos às ações de acordo com padrões inconscientes, e de forma emocional, de como estamos no momento. O yoga mostra que nossas respostas emocionais são educáveis, modificáveis. 

Tranquilizando o corpo e nosso fluxo de pensamentos, ficamos mais calmos e transmitimos serenidade ao nosso redor. 

Estudo da Consciência

Muitos anos antes das teorias psicanalísticas surgirem, o yoga já havia feito uma profunda análise da consciência. 

Acredita-se até que os conceitos da psicanálise de Freud trazem princípios do yoga, que chegaram até ele por meio de Schopenhauer, filósofo alemão que mais se inspirou nos textos clássicos da Índia. 

Nos Yoga Sutras de Pantajali, a consciência (citta) é classificada em: mente (manas), que faz ligação entre o mundo sensorial e o mundo interior; intelecto (buddhi), sede da memória, das impressões latentes e o determinador da natureza dos fenônemos; e o ego (ahamkara), responsável pelo princípio de individuação e pelo nosso estado de ignorância. 

(O yoga pode ajudar no processo de aprendizagem e na criatividade do indivíduo pois ela oferta um treino da concentração e silêncio, próprios às atividades mentais, fazendo com que os fluxos mentais ocorram com mais precisão e foco.)

O yoga ajuda até no processo de criatividade. 

A mente é uma ferramenta que julga, analisa. A pessoa que consegue reduzir as atividades da mente tem mais criatividade, pois a criação só acontece quando estamos livres de julgamentos. 

Um artista, por exemplo, quando está fazendo algo novo,fica totalmente presente durante sua produção, completamente absorvido nesse processo, e só consegue isso quando a mente está quieta. 

A Lei do Carma

Outro fundamento importante do yoga é a lei do carma (karma), presente em alguns textos de yoga e que corresponde ao princípio da causalidade: par algo acontecer, existiu alguma coisa anterior que possibilitou sua ocorrência. 

Ou ainda: cada ação implica uma reação.

Assim, se quisermos, por exemplo,levar uma vida mais tranquila, o melhor a fazer é sermos pessoas pacíficas. Ora, raiva cria mais raiva, da mesma forma que amor desperta mais amor. A partir do momento em que percebemos isso, caem fichas importantes, como a de que a gente sofre porque quer sofrer. 

(O Carma não é algum tipo de castigo como muitos interpretam. O carma é uma nova oportunidade de revisitar uma ação iniciada no passado do indivíduo, e que deve ser refeita para que haja restauração de um caminho que foi interrompido. Ao fazer isso, ele se liberta do peso e eleva-se a um nível de novos encontros e contatos espirituais. O carma é sempre elevação, sublimação e transmutação.)

Alinhado com a lei do carma,o yoga mostra que cada pessoa é totalmente responsável por seus atos, pela forma como encara as situações da vida e pela própria felicidade. 

Costumamos responsabilizar os outros - família, sociedade, governo - por nossos problemas, e também depositamos a razão dessas alegrias em coisas passageiras e materiais. 

Com a prática do yoga, vamos aos poucos alinhando nessas percepções, transformando substancialmente nossa vida.

A Causa do Sofrimento

Segundo o yoga, a principal causa de sofrimento é a falta de percepção da realidade, a ignorância da verdadeira natureza humana. 

Há ainda outras quatro causas do sofrimento: o egocentrismo, o apego às coisas que dão prazer, a aversão sentida aos objetos que causam dor e o apego da vida. 

(No egocentrismo o indivíduo acredita possuir suas próprias respostas às questões de sua vida. Ao fechar-se em si mesmo, poucas oportunidades ou esperanças podem mudar este destino...) 

A filosofia dos Kleshas (sofrimento), que está nos Yoga Sutras de Patanjali, explica que a prática de yoga serve par eliminar essas tormentas. 

De que forma?

Com a percepção de que todas as manifestações na Terra fazem parte de uma consciência maior, e de que todas as coisas no mundo são passageiras. 

Assim, pode-se viver com menos apego aos desejos...
 

Continua...




Tudo o que sobe, desce! - Parte 2


De acordo com o sociólogo, as inúmeras ações humanas que acontecem a todo instante provocam reações em igual número. E essa trama vai interferindo, mudando, melhorando ou piorando o que poderíamos chamar de tecido social - ou simplesmente, sociedade. 

Assim como o bebê, a humanidade precisa se dar conta do significado de seus atos para construir sua própria identidade e evoluir. 

Lei do Carma

Essa relação entre causa e efeito é, há milhares de anos, aceita e considerada uma realidade inquestionável por várias filosofias orientais. Conhecida como "lei do karma", ela diz que o que somos hoje deve-se aos pensamentos que resultaram nos atos de ontem. E que são nossos atuais pensamentos que constroem nossas ações hoje e amanhã. 

Por isso, karma em sânscrito significa literalmente ação: são as atitudes que tomamos, que têm um efeito em nós e em todo o Universo. 


No Ocidente a maioria das pessoas entende o carma como uma espécie de fatalidade, uma força do destino que surge do nosso passado. Corretamente entendido, o carma não é uma desculpa para a aceitação das coisas tais como estão, mas um incentivo para aproveitar o presente da forma mais criativa e positiva possível, em que toda experiência pode se converter em crescimento e maior consciência das ações. 

Vimos que a piscologia, a física e até a filosofia oriental se debruçam com atenção sobre o assunto. Mas não precisamos de teorias para perceber que estamos constantemente fazendo trocas. Basta observar sua própria vida e o mundo à sua volta. 


Veja um exemplo retirado do mundo da arte: dois consagrados pintores modernos, Pablo Picasso e Henri Matisse, evoluíram sua arte através de uma "conversa" entre suas obras, num típico processo de ação e reação. Tudo começou quando em 1905, Matisse pintou um quadro a que chamou Le Bonheur de Vivre


Picasso sentiu-se afetado e estimulado pela obra e respondendo com outra, a Demoiselles D'Avignon, que é tida como sua primeira pintura cubista. 


A tréplica de Matisse veio com a radical L'Atelier Rouge, dando continuidade às provocações artísticas, em que cada quadro buscava criar uma nova linguagem, como que aguardando a resposta. 


Consta que essa relação entre os dois gênios continuou até a década de 40 e foi responsável por uma evolução espetacular da arte de ambos. Além de agradar ao público, eles tinham uma ação particular que provocava uma reação correspondente, em que houve um diálogo contínuo, provocador, singular e belo. 

Episódios equilvalentes ocorrem em todas as áreas. Lembro-me de uma entrevista num canal de esportes, da qual participavam as campeãs de basquete Hortência e Paula. As duas deixaram claro que, quando jogavam, em times opostos ou juntas na Seleção Brasileira, dependiam uma da outra, mas não apenas dos passes, e sim da própria performance individual de cada uma. 


Uma cesta espetacular da Hortência, "provocava" em Paula a próxima cesta espetacular, e vice-versa, num crescendo que parecia não ter fim, como no caso dos artistas. Aliás, algumas cestas foram verdadeiras pinturas...

A Escolha é Sua

Se você ofende alguém com uma palavra dura (a ação), está, ao mesmo tempo, transformando-se em alvo de ressentimento (a reação). Um palavrão, portanto, pode fazer mais mal a quem o proferiu do que àquele a quem foi dirigido, por ajudar a criar de modo explícito um clima de animosidade ou até de ódio.


Por falar nisso, o próprio ódio também é assim, causa mais malefício a quem o produz do quem a quem deveria recebê-lo. 

E o pior é que há grande chance de que, na reação, seja mantida a essência, mas se aumente a intensidade. Um episódio curioso, ocorrido em Curitiba na década de 60, entrou para a história e até virou filme, com o nome A Guerra do Pente


Em uma praça de comércio popular, um freguês comprou um pente e foi, por algum motivo, mal atendido. Essa foi a ação. Agora veja a reação: o freguês queixou-se do mau atendimento em altos brados, o que provocou solidariedade de outros clientes, que começaram a ofender o comerciante e estenderam as ofensas aos comerciantes vizinhos. 

No final, toda a praça foi depredada pela população em uma verdadeira guerra que não deixou uma loja ou banca de camelô inteira, exigindo a intervenção da polícia e dos bombeiros.

Ódio gera ódio, só que maior. 


Já o amor.. Ah! O amor... Esse também, para nossa felicidade, é especialista em provocar reações proporcionais. Foi na mesma Curitiba que uma médica pediatra, de nome Zilda Arns, ao perceber que as doenças das crianças que chegavam ao seu ambulatório tinham menos relação com a medicina e mais com a fome ou os maus-tratos, iniciou uma campanha social, pequena, individual, para arrecadar fundos e melhorar a vida dos pequenos de uma comunidade. 


Essa ação pessoal, iniciada há mais de 25 anos, transformou-se no melhor exemplo de reação social, com o nome Campanha da Solidariedade, e atende hoje, em todo o Brasil, milhões de crianças pobres com suplementos alimentares e orientações às mães.

Amor também gera amor. É uma questão de escolha. 

Na hora de decidir ou na hora de agir, na maioria das vezes é difícil saber o que é certo ou errado - se é que existem categorias tão absolutas. Mas uma coisa é fato: certa ou errada, a ação desencadeará uma reação. Basta arcar com a consequência.

É a lei.


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Aranel Ithil Dior