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O Espírito das Árvores - Parte 4

(Em 2007 uma tempestade derrubou um eucalipto com mais de 30 anos de idade em Vitória da Conquista. O perfume que os jovens eucaliptos exalavam durante a madrugada nunca mais será sentido novamente.. Apesar da falta do cuidado da Prefeitura, a culpa foi colocada nas árvores, como dito em sessão da Câmara dos Vereadores: "Calçada não é lugar de árvores." - Assim, todas foram retiradas, num total de 7 árvores. Hoje a Av. Brumado é quente e o clima do Bairro Brasil foi completamente alterado...)

Plantar uma árvore é uma causa que gera resultados práticos, como melhoria da qualidade do ar e queda de temperatura, além de benefícios psicológicos.

Além disso, com o devido treino você pode perceber que uma árvore é tão viva e que produz respostas, tal como um animal pode produzir.

(Por outro lado, as praças da cidade que estavam abandonadas, nos últimos 5 anos revitalizaram-se. E, anualmente, feiras de plantas e flores são pontos de encontros para os amantes da natureza nas principais praças de Vitória da Conquista.)

Árvores Sagradas

A Sumaúma ou Seiva pectante, é arvore majestosa, de grande porte. Se espalha do sul do México ao Brasil e tem significado espiritual para muitos povos (inclusive os maias).

É uma das mais simbólicas e reverenciadas espécies da região porque faz uma ligação com o divino. 

(Árvore Sumaúma no porto de Vitória no Espírito Santo.)

Até por sua imponência, evoca a imagem de poder e proteção. Foi, e ainda é, plantada por algumas etnias próximo de áreas de cultivo para proteção espiritual e boas colheitas.

(Palmeiras Imperiais, este tipo ocorre apenas no Brasil. Apesar de existirem mais de 2.500 espécies de Palmeiras espalhadas pelo mundo todo, nenhuma e tão imponente quanto a Imperial. Estas foram plantadas pelo próprio Imperador Dom Pedro II. Como um estudioso e botânico, fundou o Jardim Botânico Real do Rio de Janeiro.)

O Brasil era conhecido pelos índios como Pindorama, ou Terra das Palmeiras. Os guaranis acreditavam que, durante o dilúvio universal, um casal conseguiu sobreviver subindo na copa de um pindô, ou Acrocomia totai, palmeira típica do Mato Grosso do Sul e Paraguai.

(Pindorama, árvore símbolo do Mato Grosso. Apesar de seus galhos serem finos, eles são bem resistentes e é uma ótima árvore para construir casas de árvores.)

O Casal de guaranis esperou as águas descerem e deu origem às espécies, segundo a visão cosmogônica deste povo.

(Curupira ou Caipora é um espírito protetor das florestas brasileiras. Existem relatos intrigantes de pessoas que se perderam e, algumas foram salvas e outras não.)

Curupira é o protetor da floresta, segundo as histórias de seringueiros. Se você se perde ou faz uma caça desordenada, ele amarra você na floresta.

A pessoa não vê mas sente.

(Duda Mendes, Antonio Teixeira Mendes)

Quando a árvore ainda está fazendo seu serviço para a natureza - tem uma paca usando ela, algum pássaro com ninho - se você a colher o curupira pega. 

Duda Mendes, primo de Chico Mendes, contou que ficou derrubado no chão, amarrado no pé da árvore, quando se enveredou na mata amazônica. Ele sentiu o pêlo do bicho e ficou lá, passando a noite amarrado ali.

(Jurema)

A Jurema ou Mimosa verrucosa, fazia parte dos rituais indígenas, mas foi absorvida pelos cultos afro-brasileiros - Catimbó, Candomblé, Umbanda.

A árvore tem propriedade alucinógena, e de suas raízes  raspas dos galhos, os pajés preparavam a bebida dos ritos de passagem e para fins medicinais. 

É das poucas árvores do semi-árido da caatinga, que, durante a estiagem, preserva a cor verde. 

Já foi sinônimo de feitiçaria e magia.

(Catuaba)

As características morfológicas influenciam na percepção das árvores. 

Os seringueiros do Acre acreditam que a catuaba, árvore com propriedades afrodisíacas, aparece como macho e como fêmea.

                                                           (Catuaba Macho)

Do ponto de vista botânico, não existe lógica para essa distinção, que eles baseiam em protuberâncias na casca da árvore. 

Se a protuberância tem a forma arredondada, como um seio, é fêmea; se a forma é fálica, a catuaba é macho. 

Então a árvore chamada de macho serve para o homem, e a chamada de fêmea é usada para a mulher.



A macieira era venerada por druidas e celtas (por ser típica de clima nórdico, evidentemente, ela não era a árvore do Jardim do Paraíso, afinal, ele geograficamente se encontrava na Ásia).

À Macieira foi atribuído o poder da imortalidade. 

Quando o Rei Arthur se feriu gravemente, viajou para a ilha mítica de Avalon, ou Ilha das Maçãs, para se curar. 

Até hoje o povo inglês preserva o ditado "Uma maçã por dia afasta o médico".

E também simbolizava a fertilidade: mulheres rolavam no solo ao redor da árvore para induzir a gravidez, ou lavavam suas mãos numa mistura feita com agua e sua seiva.

Assim, as árvores não apenas nos dão frutos, mas também nos dão a vida e o conhecimento. 


Fim.:.





A Cura Essencial - Parte 1

(O conceito básico da Medicina Ayurvédica é: Todo o remédio que seu corpo precisa, seu local de origem produz.)

O nome é áspero ao ouvido ocidental, a teoria é vasta e a embalagem, exótica... Mas a Ayurveda, ou "ciência da vida", é simples. 

Tem um pouco dela nos hábitos da roça, nos conselhos das mães e em toda cura baseada na observação da natureza, como a praticada pelos índios.

Antiguidade não é selo de qualidade. O que fascina na medicina indiana não é tanto a origem milenar mas a facilidade de se renovar e adaptar a culturas e épocas. Sua força não está no passado, tem a ver com o presente.

(Os primeiros contatos da medicina ayurvédica com o ocidente foi na invasão inglesa à Índia. Quando aquele país se tornou colônia britânica, a troca de informações e conhecimentos foram inevitáveis. Acima, uma ilustração publicada num dos vários artigos ingleses que mostravam as técnicas da medicina da vida.)

Hoje, a Ayurveda é a segunda razão que leva turistas à Índia (a primeira é a busca religiosa). Na Europa e nos Estados Unidos, há um mercado forte de remédios, temperos e cosméticos dessa linha terapêutica. 

Por aqui, a despeito de termos 80% das plantas usadas na Índia, a Ayurveda ainda é coisa spa de luxo e clínica de beleza. E é pena que um método preventivo e barato fique restrito à elite e à estética, quando até a Organização Mundial de Saúde o recomenda aos países pobres.

(O rejuvenescimento percebido pela Medicina Ayurvédica é obtido pela união de várias disciplinas: A meditação, que cuida do estado energético mental; A alimentação, que qualifica o tipo de energia que cada corpo precisa; e a prescrição de técnicas de tratamento que podem ser massagens até energizações e exercícios que equilibram o corpo, resultando na saúde do indivíduo.)

O rejuvenescimento é só o efeito mais vistoso de um sistema completo, que trata corpo, mente e espírito. De início, a teoria diz o óbvio: somos parte da natureza, devemos nos alinhar a ela para viver mais e melhor.

Saúde pede integração. E conhecimento.

A cartilha Ayurvédica classifica de "ignorância" a aceitação do mundo físico como única realidade. Nosso corpo (e toda a Criação) seria a manifestação restrita e transitória de uma consciência maior. A matéria é tida apenas como uma espécie de ilusão.

(Maya é a Deusa que impôs um véu de ilusão em tudo que cerca a vida dos encarnados. Seu objetivo é ludibriar os corações fracos e fortalecer os merecedores de uma nova chance de vida: A evolução é o grande prêmio para aqueles que atravessarem o véu de Maya.)

Essa concepção vem dos Vedas, os velhos textos hindus que nos mandam levantar o véu de "maya" (ilusão), ou seja, ver a essência por trás da aparência.

Por aqui essa história pode soar religiosa demais, mas - graças à Deus - o médico indiano Deepak Chopra já adaptou a coisa toda à mentalidade ocidental. 

(O médico Deepak, indiano de nascença, trouxe consigo os conceitos de saúde e equilíbrio, para os ocidentais. Seu grande sucesso na década de 90 se deveu ao fato dele entender a ansiedade ocidental por respostas imediatas e as vantagens da simplicidade indiana por tempo, espaço e equilíbrio.)

Usando conceitos da física de ponta, ele mostrou que a ayurveda não faz mágica quando altera a matéria alterando a energia, já que esta vem antes daquela. 

"O corpo físico é um rio de átomos, a mente é um rio de pensamentos e o que os mantém unidos é um rio de inteligência", escreveu ele no livro O Caminho da Cura (Editora Rocco).

Entrando no Fluxo

Chopra gosta de dar o exemplo dos ossos, que, apesar da aparente solidez, se renovam a cada três meses, célula por célula. É mais que um exemplo, é um alento para quem quer transformação.

Parece tarefa hercúlea mudar o corpo, o estado de espírito, a vida?

A ayurveda diz assim: 

Olha como tudo muda o tempo todo no universo, aproveite, entre no fluxo, seja o universo - e mude você também!

É essa "genial simplicidade" que torna a tradição tão atual! A física quântica já mostra que matéria e energia são uma coisa só. 

É a ciência atravessando o véu de Maya!

A consciência que move o mundo na visão ayuvédica, se manifesta por meio de Espaço, Ar, Fogo, Água e Terra.


(Os elementos da natureza são as principais ferramentas para construir uma nova mente e corpo na filosofia da Medicina Ayurvédica. Aquele que dominar esse poder será jovem e saudável.)

A "matéria-prima" é sempre essa, mas reunida de formas diferentes, o que resulta na diversidade que vemos. 

Comparar essa ideia é meio como assumir a responsabilidade pelo cosmo, porque se você e eu e tudo o mais somos os cinco elementos, estamos conectados para o bem e para o mal, sujeitos às mesmas forças.

Cada ação individual pode gerar saúde ou desequilíbrio, para o indivíduo e a humanidade inteira. Um pensamento negativo aqui causa um ato violento lá...


Continua...



Aranel Ithil Dior