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Yoga - Parte 5

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O Verdadeiro Mestre

No ocidente, onde em grande parte o yoga tornou-se um produto de consumo, a escolha de um mestre tornou-se tarefa complicada...

A melhor coisa a fazer é informar-se atentamente sobre o estilo de yoga e a linhagem do professor ou mestre no qual você possivelmente esteja interessado. 

Essas informações não estão sistematizadas. Ou seja, você terá de batalhar por esse conhecimento! 

(Dr. Prerak Shah, mestre e professor hindu, que com esforço, dedicação e vocação, tem habilitado e ensinado a senda da harmonia e equilíbrio a seus alunos. Dr. Prerak foi meu professor em 2006 a 2007 em minha especialização em Medicina Ayurvédica.)

Procure nos livros, na internet, converse com pessoas que você conhece e praticam yoga há algum tempo. É certo que você encontre seu caminho e seu mestre (esperamos que o resumo sobre os principais mestres que faremos agora possa ajudar!).

Os professores costumam dizer que os mestres mostram como seguir o caminho do yoga, mas somente o praticante, com determinação e esforço próprios, poderá através de suas experiências trilhar este caminho. 

(Shibendu Lahiri)

Lembro-me de que depois de uma semana de palestras em São Paulo, na época de minha especialização, o mestre kriya yoga, Shibendu Lahiri, em visita ao Brasil, um discípulo o procurou, querendo largar tudo e ficar mais em contato com o mestre. Shibendu lhe disse:

- Depois de tantos anos, por que você insiste em ficar na dependência de um mestre? O guru mostra um caminho e pode trazer inspirações, mas não é uma personalidade para ficar sendo adorada. O processo de aprendizado é individual.Você precisa caminhar com seus próprios pés...!

E finalizando a conversa, disse-lhe ainda:

- É a sua vida, e você deve perceber qual é a melhor forma de vivê-la...!

Grandes Mestres

O yoga que conhecemos no Ocidente chegou por meio de alguns grandes mestres, que inspiraram milhares de pessoas em todo o mundo. Há muitos deles e abaixo você encontra alguns dos mais famosos e respeitados:


Muktananda (1908-1982)

Foi escolhido pelo seu mestre para difundir o siddha yoga pelo mundo. Entre as práticas espirituais estão o canto de mantras, a meditação e os serviços de adoração ao guru. 

www.siddhayoga.org

Pattabhi Jois (1915- )

Aprendeu yoga com Krishnamachariya e ajudou a desenvolver o método chamado ashtanga vinyasa yoga, caracterizada pela interligação de posturas num fluxo contínuo de movimento e respiração.

www.ayri.org



Yogananda (1893-1952)

Vem de uma sucessão de três grandes mestres indianos, Babaji, Lahiri Mahasaya (1827-1895) e Swami Sri Yukteswar (1855-1936). Difundiu a filosofia do kriya yoga (junta às técnicas de meditação e respiração) no Ocidente. 

www.yogananda.com.br

Krishnamacharya (1888-1989)

É considerado o pai do yoga moderno. Descobriu um texto de yoga muito antigo, o Yoga Korunta, e o sistematizou em uma prática de hatha yoga intensa, que se desenvolve em séries de posturas.

www.kym.org

Kuvalayananda (1883-1966)

Desenvolveu o que se chama hoje de yogaterapia. Fundou a escolha Kaivalyadhama, em Lonavla, Índia, considerada o primeiro laboratório para a pesquisa científica do yoga.

www.kdham.com



Aurobindo (1872-1950)

Criou o yoga integral, que busca trazer a consciência divina em cada pessoa. Sua maior discípula, Mirra Alfassa, construiu a cidade de Auroville, na Índia, que cultua o conhecimento do mestre. 

www.sriaurobindosociety.org.in

Ramakrishna (1836-1886)

Seguidor do vedanta, escola filosófica que acredita que a natureza humana é divina, e propagador da filosofia do yoga. O discípulo Vivekananda (1863-1902) foi dos primeiros yogues a ir para o Ocidente.

www.vedanta.org.br

Satchidananda (1914-2002)

Disseminou técnicas de yoga na América nos anos 60. Ficou conhecido por sua performance na abertura do Festival de Woodstock em 1969. Fundou diversos ashrams (retiros espirituais) nos E.U.A. 

www.yogavision.net



Sivananda (1887-1963)

Dedicou-se aos ensinamentos de Patanjali e às práticas de hatha yoga. Seu discípulo Vshnu Devananda (1927-1993) levou os ensinamentos do yoga e do vedanta para o Ocidente. 

www.sivananda.org.br

Iyengar (1918- )

Foi pupilo de Krshnamacharya. Desenvolveu o próprio método de hatha yoga, que usa o conceito de alinhamento nas posturas com objetivo de trazer mais consciência para o corpo e a mente.

www.bksiyengar.com

Os Oito Preceitos Yogues

Yama - A Disciplina

São cinco orientações morais para o bom convívio social: não causar dor a nenhuma criatura, não mentir, não roubar, controlar os impulsos sexuais e abandonar o sentimento de posse, de cobiça.

Nyama - A Autodisciplina

São cinco condutas individuais de purificação: pureza mental e corporal, contentamento, esforço consciente para alcançar a autorrealização, estudo da metafísica do yoga e práticas devocionais.


Asana - A Postura

Postura adequada à meditação. Deve ser estável, firme e confortável.

Pranayama - O Domínio da Força Vital

É o controle da energia vital, o prana, através de exercícios de respiração.


Pratyahara - A Retração dos Sentidos

O praticante recolhe seus sentidos, perde a noção do corpo físico e do mundo para mergulhar na consciência interior.

Dharana - A Concentração

É a fixação da atenção num só objeto, concreto ou abstrato.


Dhyana - A Meditação

Situação em que o observador percebe que não é a sua mente, mas algo que a observa.

Samadhi - A Hiperconsciência

Estado alcançado com a meditação profunda, quando o praticante chega até a sua essência.


FIM .:.


Referências Bilbiográficas

Livros

A Ciência do Yoga, de I.K.Taimini, Ed. Teosófica, Brasília, 1996.

A Tradição do Yoga - História, Literatura, Filosofia e Prática, de Georg Feuerstein, ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, 2001.

Autobiografia de um Iogue, de Paramahansa Yogananda, ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro, 2002.

A Árvore do Ioga, de B.K. S. Iyengar, ed. Globo, São Paulo, 2001.

Yoga, Imortalidade e Liberdade, de Mircea Eliade, ed. Palas Athena, 1997.

Yoga, de Caco de Paula e Marcia Bindo, Coleção Saber Mais, Superinteressante, ed. Abril, 2005.

Internet

www.suryayoga.org

www.yoga.pro.br

www.palasathena.org

www.yogajournal.com

www.yrec.org

www.profhermogenes.com.br


                               

Ponto de Vista - Parte 1

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(Uma Rosa vista de cima é tão suave e cheia de promessas de alegria, perfume e carinho...)

Uma rosa é apenas uma rosa, se assim nos parece... Mas tudo depende muito de como vemos as coisas!

É inegável a presença de K'ung Fu-Tzu, ou Confúcio, como personagem da história da humanidade. Ele nasceu em 551 a.C., na região nordeste da China, viveu até 479 a.C. como um filósofo de grande importância na corte e até hoje influência milhares de pessoas com seus pensamentos. 

(...mas de perto, a mesma Rosa, que no início era tão cheia de promessas, reserva seus espinhos dolorosos... Como conviver com a realidade sem se machucar?)

O confucionismo pode ser aceito como uma religião, mas também, como um sistema ético adotado por qualquer pessoa, pois se refere principalmente ao respeito em relação à família e à sociedade, e também à justiça moral e social exercida através da virtude suprema do altruísmo e da benevolência. 

Confúcio deixou muitos seguidores, entre eles Mêncio Mangtzú (371-289 a.C.) e Hsun-Tzu (300-230 a.C.). Ambos desenvolveram pensamentos nitidamente confucionistas, no entanto, intriga que essas ideias apresentem entre si diferenças conceituais marcantes. 

(O ser humano já nasceu com a bondade intrínseca em seu interior, basta ele apenas encontrá-la, por meio de exercícios meditativos, como Mêncio acreditava.)

Mêncio parte do princípio confucionista da benevolência e cria a doutrina da bondade inata do homem. Segundo ele, o ser humano é naturalmente bom, virtuoso, e precisa apenas identificar e aprimorar essas qualidades. Para tanto, ele sugere a meditação.

Já Hsun-Tzu considera o homem um ser dotado de maldade inata. De acordo com ele, o ser humano é mau, agressivo e indisciplinado por natureza, portanto precisa da aplicação das leis e do controle social para permitir o convívio e a harmonia entre as pessoa.

(Para Hsun, todos são maus e poucas espécimes humanas conseguem ter a oportunidade de expressar uma bondade realmente incondicional.)

Dois seguidores do mesmo mestre, estudiosos da mesma filosofia, co-precursores da mesma religião, com diferenças tão grandes sobre um tema tão importante: as características originais do homem e a contribuição da organização social para sua conduta. 

Como explicar tal (aparente) discrepância?

Simplificando, trata-se apenas do exercício de uma das mais peculiares características humanas: o "ponto de vista". 

As religiões cristãs parecem concordam com Hsun-Tzu, pois aceitam a existência de um pecado original.

(Para Rousseau, o grande culpado da personalidade pérfida do homem é a sociedade que tolheu as oportunidades de seu desenvolvimento em ser melhor.)

Já alguns pensadores importantes, do quilate de Jean-Jacques Rousseau e Carl Gustav Jung, concordam com Mêncio, pois apontam, em seus escritos, para a existência de um bem natural, que a sociabilização e a educação podem exacerbar, ou a sociedade pode sufocar. Ponto de vista!

E claro que essa gente toda exerceu o direito de externar seus pontos de vista, suas percepções próprias a partir da autoridade de suas mentes respeitáveis. Não falaram disparates! Externaram suas visões e as sustentaram. São estudiosos, pessoas inteligentes, observadores sagazes do comportamento humano, mas não compartilham das mesmas opiniões. 

Simplesmente porque o consenso nem sempre é possível, e à vezes é até indesejável. Como disse o teatrólogo e grande frasista Nelson Rodrigues: "Toda unanimidade é burra."

(Para Gandhi, a consciência do homem é que faz uma ação ser boa ou ruim. Sem a consciência de cada ação o homem nunca alcançará seu aperfeiçoamento dentro de um grupo.)

Somos 7 bilhões de pessoas vivendo no mesmo mundo, o planeta Terra. E o curioso é que cada pessoa vê este mesmo mundo com seus próprios olhos, de seu jeito, usando sua própria óptica, o que transforma, para vários efeitos, em 7 bilhões de mundos diferentes.

Isso é ótimo, pois justamente a partir dessa imensa diversidade é que surge a capacidade humana de interagir e construir novos e variados cenários. Mas, ao mesmo tempo, é dessa diferença que surge algo que nos incomoda: o conflito. 

Pessoas são Diferentes

Em uma roda de conversa, o que mais se ouve são frases que começam invariavelmente por "Eu acho que...", ou "Na minha opinião...", ou ainda "Minha visão sobre esse assunto é...". Trata-se do exercício democrático da manifestação da individualidade. 

(A Livraria conquistense que com bom vinho e muita idiossincrasia conquista uma galerinha antenada com pontos de vistas bem diferentes, graças a Deus...)

Por isso, a importância da dialética, que é a arte de discutir, de argumentar, de comunicar ideias, de debater. A dialética pressupõe a existência do diálogo, e não da coincidência de ideias, de pontos de vista semelhantes. 

No dicionário achamos a palavra "idiossincrasia", que com frequência é muito mal utilizada. Significa: "disposição do temperamento do indivíduo, que o faz reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes externos"; ou ainda: "maneira de ver, sentir e reagir, próprio de cada pessoa" (Aurélio).

No entanto, não é comum alguém se referir a outra pessoa, com quem não concorda ou com quem acaba de ter uma discussão dizendo: "o problema dele é a idiossincrasia!".


Continua...



 



  

Yoga - Parte 4

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Yoga é Religião?

Sim e não... Dependendo dos conceitos usados para definir yoga e religião. Na sua forma mais antiga, o yoga era uma prática espiritual intimamente ligada aos rituais religiosos indianos. 

Hoje, o que se entende como yoga refere-se mais a um sistema de pensamento com posições filosóficas, em que as divindades religiosas funcionam como símbolos. 

(Yoga e Religião, possível, mas esse não é o foco desta prática. A maior conexão a ser feita num primeiro momento é entre Você e sua Consciência. Naturalmente, após isso, a busca do divino acontecerá...)

O yoga pode ser entendido como religião quando é definido como um processo de religação do homem com sua essência, ou ainda como um sistema de transmissão de conhecimentos e códigos de comportamento. 

Mas não é religião no significado mais comum do termo, pois sua prática não depende de nenhuma crença particular, além daquela que considera possível o aperfeiçoamento do ser humano através do autoconhecimento. 

O Preceito da Meditação

Os Yoga Sutras de Patanjali definem yoga como um estágio em que acontece a inibição das flutuações da consciência, e no qual o praticante encontra a sua própria essência. 

Mas como isso acontece?

(A ilusão de cada acontecimento que afeta nossa estrutura mental e emocional é o que mais nos afasta de percebermos o quanto a vida é simples...)

A explicação espiritual diz que a mente é como um lago com muitas ondulações (os pensamentos), e que não conseguimos enxergar o que há no fundo. 

Mas, quando o lago está sem turbulências, conseguimos ver o que há dentro dele. O caminho para se chegar a essa percepção seria praticar meditação - um dos oito preceitos do yoga (que veremos mais adiante nesta matéria).

A prática da meditação pode trazer um efeito calmante que se reflete em nossas atitudes na vida.

(À todo aquele que tiver coragem de mergulhar o mais profundo de si mesmo retornará de tal jornada forte, independente e com uma visão única da vida que poucas coisas poderão abalar.)

No cotidiano, o tempo inteiro respondemos às ações de acordo com padrões inconscientes, e de forma emocional, de como estamos no momento. O yoga mostra que nossas respostas emocionais são educáveis, modificáveis. 

Tranquilizando o corpo e nosso fluxo de pensamentos, ficamos mais calmos e transmitimos serenidade ao nosso redor. 

Estudo da Consciência

Muitos anos antes das teorias psicanalísticas surgirem, o yoga já havia feito uma profunda análise da consciência. 

Acredita-se até que os conceitos da psicanálise de Freud trazem princípios do yoga, que chegaram até ele por meio de Schopenhauer, filósofo alemão que mais se inspirou nos textos clássicos da Índia. 

Nos Yoga Sutras de Pantajali, a consciência (citta) é classificada em: mente (manas), que faz ligação entre o mundo sensorial e o mundo interior; intelecto (buddhi), sede da memória, das impressões latentes e o determinador da natureza dos fenônemos; e o ego (ahamkara), responsável pelo princípio de individuação e pelo nosso estado de ignorância. 

(O yoga pode ajudar no processo de aprendizagem e na criatividade do indivíduo pois ela oferta um treino da concentração e silêncio, próprios às atividades mentais, fazendo com que os fluxos mentais ocorram com mais precisão e foco.)

O yoga ajuda até no processo de criatividade. 

A mente é uma ferramenta que julga, analisa. A pessoa que consegue reduzir as atividades da mente tem mais criatividade, pois a criação só acontece quando estamos livres de julgamentos. 

Um artista, por exemplo, quando está fazendo algo novo,fica totalmente presente durante sua produção, completamente absorvido nesse processo, e só consegue isso quando a mente está quieta. 

A Lei do Carma

Outro fundamento importante do yoga é a lei do carma (karma), presente em alguns textos de yoga e que corresponde ao princípio da causalidade: par algo acontecer, existiu alguma coisa anterior que possibilitou sua ocorrência. 

Ou ainda: cada ação implica uma reação.

Assim, se quisermos, por exemplo,levar uma vida mais tranquila, o melhor a fazer é sermos pessoas pacíficas. Ora, raiva cria mais raiva, da mesma forma que amor desperta mais amor. A partir do momento em que percebemos isso, caem fichas importantes, como a de que a gente sofre porque quer sofrer. 

(O Carma não é algum tipo de castigo como muitos interpretam. O carma é uma nova oportunidade de revisitar uma ação iniciada no passado do indivíduo, e que deve ser refeita para que haja restauração de um caminho que foi interrompido. Ao fazer isso, ele se liberta do peso e eleva-se a um nível de novos encontros e contatos espirituais. O carma é sempre elevação, sublimação e transmutação.)

Alinhado com a lei do carma,o yoga mostra que cada pessoa é totalmente responsável por seus atos, pela forma como encara as situações da vida e pela própria felicidade. 

Costumamos responsabilizar os outros - família, sociedade, governo - por nossos problemas, e também depositamos a razão dessas alegrias em coisas passageiras e materiais. 

Com a prática do yoga, vamos aos poucos alinhando nessas percepções, transformando substancialmente nossa vida.

A Causa do Sofrimento

Segundo o yoga, a principal causa de sofrimento é a falta de percepção da realidade, a ignorância da verdadeira natureza humana. 

Há ainda outras quatro causas do sofrimento: o egocentrismo, o apego às coisas que dão prazer, a aversão sentida aos objetos que causam dor e o apego da vida. 

(No egocentrismo o indivíduo acredita possuir suas próprias respostas às questões de sua vida. Ao fechar-se em si mesmo, poucas oportunidades ou esperanças podem mudar este destino...) 

A filosofia dos Kleshas (sofrimento), que está nos Yoga Sutras de Patanjali, explica que a prática de yoga serve par eliminar essas tormentas. 

De que forma?

Com a percepção de que todas as manifestações na Terra fazem parte de uma consciência maior, e de que todas as coisas no mundo são passageiras. 

Assim, pode-se viver com menos apego aos desejos...
 

Continua...




Aranel Ithil Dior