(Existem poucas florestas de sequóias no mundo atualmente. Apenas 3% do território mundial são habitadas por elas e apenas nos Estados Unidos. São sobreviventes pré-históricas das grandes plantas que viveram na Terra nos tempos jurássicos. Hoje em dia existe apenas uma espécie das 5 catalogadas até o momento.)
"Ao escrever estas palavras, com 25 anos de idade, completo mais de dois anos morando no topo de uma sequóia gigante de 1.000 anos e 60 metros de altura."
(Julia Hill, militando para salvar Luna.)
Essa frase é de Julia "Butterfly" Hill, na abertura do livro O legado de Luna, relato de sua experiência para salvar uma árvore - que, como vemos, tem nome: Luna - e um trecho dos 3% das florestas nativas de sequóias (as maiores árvores do planeta) que restam na costa oeste dos Estados Unidos.
Julia é uma moderna veneradora de árvores e também uma das mais radicais.
(Julia, hoje, mais madura e vitoriosa, palestra no mundo todo sua experiência e continua sua milícia para salvar não apenas as sequóias, mas todas as florestas.)
Sua saga começou no dia em que viu as milenares sequóias pela primeira vez:a a majestade das árvores, algumas ali antes da chegada de Colombo na América, causaram nela uma profunda impressão.
(Veja a majestade do tronco da sequóia... Impressiona, realmente!)
Mas, diante de uma sequóia, isso acontece com todo mundo!
O que faz de Julia alguém especial é que, entre 1997 e 1999, ela viveu lá em cima, em uma plataforma coberta, do tamanho de uma cama de casal, sem tocar o chão.
(Julia cuidando de Luna após ter sido quase seccionada.)
Resistiu sob fortes chuvas, ventanias, frio e o assédio de madeireiros, que a perturbavam dia e noite com helicópteros, sirenes, luzes e motosserras, tentando fazê-la desistir da empreitada.
(As travas que escoram Luna até o dia de hoje.)
Seu exemplo de persistência e paixão ganhou as páginas e as telas dos noticiários do mundo inteiro. Por fim, houve um acordo com a empresa proprietária do terreno para que fosse poupado um trecho de 60 metros quadrados ao redor daquela grande árvore.
Um ano após a descida de Julia, Luna sofreu um atentado com uma motosserra.
(Foto de Luna em 2011. A velha senhora continua forte e ainda hoje agrônomos e técnicos ambientais visitam-na todos os meses para observarem seu progresso. Luna ajudou aos profissionais ambientais a criarem técnicas de cuidado e sobrevivência em árvores onde não havia sequer suposições...)
Coisa profissional: o tronco foi cortado na base, em 60% da base da sua área. Um grupo de especialistas veio em socorro e, mesmo sem restituir a força natural da velha senhora, conseguiu escorá-la para que continuasse viva.
"Embora símbolos possam ser atacados", comentou Julia após o incidente, "o que eles representam nunca será destruído. Quando Luna tombar, irá fertilizar o solo da floresta e dar vez e nova vida."
(O jequitibá é a sequóia brasileira. Sua espécie é a maior árvore de nossa flora. A maior de sua espécie é o jequitibá de Santa Rita do Passo Quatro, interior de São Paulo.)
Dá para dizer que Julia age de maneira amiga, completa, perene - como uma árvore.
No Brasil, há bastante gente apaixonada por árvores!
(Harri Lorenzi com Regina Casé em seu Jardim Botânico.)
Como o agrônomo Harri Lorenzi, que passou 10 anos pesquisando para catalogar 1.500 de nossas espécies, guiado pelo anseio de preservar e compartilhar o conhecimento.
Seu livro, em três volumes, Árvores do Brasil lançado em 1992, já vendeu pelo menos 200.000 cópias.
(Os livros de Harri são referência no mundo todo.)
Seu maior feito é a sistemática e precisa catalogação, que lista nomes populares e científicos de cada árvore, os usos da madeira, o local de ocorrência, a descrição morfológica.
E tudo com fotos!
O detalhe e o apuro da obra estimularam o surgimento de uma legião de dendrólatras, pessoas que, a partir de um maior conhecimento das árvores brasileiras, passaram a se dedicar a elas conscientemente.
(Harry Lorenzi)
Hoje, Harri Lorenzi está à frente do Instituto Plantarum, um centro de pesquisa em Odessa, interior de São Paulo, e de um jardim botânico que conta com cerca de 10.000 espécies.
(Jardim Botânico Plantarum, 80 mil metros quadrados dentro da área urbana de Odessa, interior de São Paulo.)
"Temos muita árvores, algumas raras, outras quase extintas. A gente procura trazer todas para cá e cultivá-las, para então disseminar seu plantio", ele compartilha em seu livro.
Continua...