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O Elogio da Solidão


Você está só? Pense duas vezes antes de se entristecer. 

O homem sábio basta a si mesmo, escreveu o filósofo grego Aristóteles. É um pensamento ao qual constantemente se agarram diversas escolas de filosofia ocidentais. A solidão é um caminho para a sabedoria. E, no entanto, vivemos num mundo em que a introspecção parece uma praga da qual todos fugimos.

A solidão como que embaraça e envergonha. Tente se lembrar de uma campanha publicitária baseada em alguém só. Ou de um filme americano em que o personagem na solidão não seja um atormentado.

As tradições orientais, do taoísmo ao hinduísmo, também sublinham a solidão como uma etapa indispensável para o autoconhecimento. Na China e no Japão antigos, os homens poderosos se recolhiam à solidão monástica no final da vida em busca da elevação espiritual.

Cícero resumiu isso assim: "Quem depende apenas de si mesmo e em si mesmo coloca tudo, tem todas as condições de ser feliz".


Arthur Schopenhauer, o grande pensador alemão do século 19, se deteve longamente neste tema, o da solidão. No final de sua vida, morava em Frankfurt na companhia de Atma, seu cão poodle. Tinha poucos amigos e jamais se casou. Mais que pregar a reclusão, ele a praticou. E os ecos de sua voz se ouvem em múltiplos lugares.

Movimentos como o Existencialismo e artistas como Tolstói, Proust e Wagner sofreram intensa influência da voz pessimista ou, simplesmente realista, de Schopenhauer. Todo homem digno, segundo ele, é retraído. "O que faz dos homens seres sociáveis é a sua incapacidade de suportar a solidão e, nesta, a si mesmos".

As pessoas retraídas, numa cultura que supervaloriza a tagarelice vazia e a "desenvoltura" social, podem sentir-se diferentes das outra e, para pior. Se lerem Schopenhauer, terão uma outra visão de si próprios, francamente mais positiva.


Numa obra já da maturidade, Aforismos para a Sabedoria de Vida, ele produziu reflexões memoráveis sobre a convivência entre as pessoas. Não há doçura nessa reflexões, não há indulgência e nem modos polidos, mas uma agudeza mordaz que ao mesmo tempo incomoda e encanta.

"A chamada boa sociedade nos obriga a demonstrar uma paciência sem limites com qualquer insensatez, loucura, absurdo. Os méritos pessoais devem mendigar perdão ou se ocultar, pois a superioridade intelectual fere por sua mera existência. Eis por que a sociedade chamada de boa, tem, não só a desvantagem de pôr-nos em contato com homens que não podemos amar nem louvar, mas também a de não permitir que sejamos nós mesmos, de acordo com a nossa natureza. Antes, nos obriga a nos encolhermos ou a nos desfigurarmos. Discursos ou idéias espirituosas, na sociedade ordinária, são francamente odiados".

Schopenshauer exagera? É possível.

Ele tinha um estilo veemente de expor suas idéias. Mas reflita com calma sobre a passagem acima. Tire o que possa parecer exagerado. Faz sentido ou não? Você pode concordar com Schopenhauer ou discordar.

Amá-lo ou odiá-lo.

O que não dá é não reconhecer a força colossal e duradoura de seus pensamentos...!

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Referências Bibliográficas

Aforismos Para a Sabedoria de Vida, de Arthur Schopenhauer, ed. Martins Fontes, 2000.




Para que serve o Ideograma?


Os ideogramas, símbolos que você conhece da escrita japonesa, servem para representar idéias através de sinais gráficos, funcionando como uma forma de comunicação.

Os ideogramas são um tipo de escrita não romanizada. Em diversas línguas ocidentais, como português, inglês, francês ou espanhol, a linguagem escrita é significada por palavras formadas por uma sucessão de letras que exprimem um som.

Alguns povos, no entanto, recorrem aos símbolos abstratos para representar a linguagem escrita. É o caso dos antigos egípcios e dos chineses e japoneses da atualidade. 


No caso dos egípcios, os ideogramas receberam o nome de hieróglifos, uma misteriosa escrita que levou séculos para ser totalmente compreendida pelos linguístas. 


Embora tenham alguma semelhança entre si, os ideogramas usados no Japão e na China não são os mesmos. Na China, eles surgiram por volta de 3000 a.C., e foi a partir deles que nasceu a forma de escrita japonesa. 

Cada ideograma referia-se a uma palavra falada e, muitas vezes, era uma representação simplificada do que essa palavra designava. 

O ideograma da Lua, por exemplo, correspondia a uma metade de círculo.

Com o passar do tempo, os ideogramas foram sendo estilizados e hoje praticamente não existem mais aqueles cujo desenho se assemelha à coisa que representa. 


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O Homem que Controlava - Parte 2


Vitorioso, ele resolveu voltar à Alemanha.

Seus exercícios haviam ficado famosos por lá, especialmente entre grandes dançarinos  da época, como Rudolf von Laban.

Convocado pelo governo alemão para ensinar seu método ao Exército, Joseph não aceitou.

Segundo as irmãs Taylor, ele estava inconformado com o rumo da política nacional e decidiu deixar seu país de vez.


Em 1923, pegou um navio rumo aos Estados Unidos e, a bordo, conheceu Clara com quem logo se casaria e fundaria um estúdio em Nova York: o primeiro Pilates Studio.



Foi um sucesso.

Alunos famosos, como os dançarinos Martha Graham e George Balanchine, tornaram a contrologia conhecida, e logo o próprio Pilates era famoso.



Alunos treinados por ele abriram filiais por todo o país e seus exercícios chegaram à estrelas de cinema.

Para imortalizar seu método Pilates resolveu economizar palavras e esbanjar imagens. Tirou centenas de fotos de si mesmo ano a ano, mostrando seu corpo escultural em posições de extremo controle físico e mental.


"Estou 50 anos à frente do meu tempo", dizia.

Os dois únicos livros que publicou, cultuados como bíblias por seus seguidores, não são recheados com uma enxurrada de teorias, mas com centenas de fotografias em que ele demonstra os exercícios de sua técnica.


Nos raros textos que escreveu fez questão de deixar claro o quanto abominava os hábitos da vida moderna. Em uma de suas principais obras, O Retorno à Vida, Pilates descreve com firmeza um cenário apocalíptico: "O ar que respiramos está saturado de poluição, nossos ouvidos estão sendo bombardeados pelo ruído das cidades grandes, só comemos porcarias e dormimos em camas inadequadas".



Das cadeiras às roupas das crianças, nada escapou às críticas desse homem. "Estamos escorregando por um caminho que irá nos levar à destruição da raça humana", afirmava.

O ano era 1934 quando Pilates pegou a caneta para escrever sua sentença: a humanidade estava doente. O jeito para fugir desse caos era praticar a contrologia, ou seja, seu método.


"Contrologia é a completa coordenação de corpo, mente e espírito. Ela desenvolve o corpo uniformemente, corrige a postura, ativa a vitalidade física, revigora a mente e eleva o espírito, permitindo o domínio da mente sobre o controle completo do seu corpo", afirma, em O Retorno à Vida.

Nessa época, Pilates chegou a ser diplomado pelo Instituto dos Inventores Americanos, uma vez que criou mais de 20 aparelhos para desenvolver, condicionar e treinar o corpo humano.


Metódico, ele desenhava seus equipamentos minuciosamente com medidas exatas, como plantas arquitetônicas. Eram pêndulos com pesos, camas, elásticos circulares e até mesmo geringonças meio esquisitas - mas eficazes - como corretores para os pés. Tudo ficou devidamente fotografado e documentado.

Quando não fotografava a si próprio ou seus desenhos, Pilates gostava de usar uma modelo de demonstração Romana Kryzanowska, sua ex-aluna.


Considerada a sucessora do mestre, Romana vem ao Brasil três vezes por ano para certificar novos professores.


Serena e bem-humorada, abandonou o balé e converteu-se à contrologia. É uma propaganda ambulante da técnica: "Tenho 86 anos e nunca vou ao médico, nem preciso de remédios. Não tomo sequer uma aspirina: Não confio nelas".

Seu segredo para driblar as intempéries da idade? Ser capaz de controlar a própria vida, diz ela.


Romana diz que Pilates também controlava seu corpo, sua mente, sua vida. Um mero probleminha de saúde não seria capaz de levá-lo deste mundo. Somente algo que fugisse do seu controle: Joseph morreu aos 86 anos de idade, gozando de incrível forma física, vítima de queimaduras sofridas durante um incêndio em seu estúdio.


Fim.:.



Referências Bibliográficas

Livros

Return to Life Through Contrology, de Joseph Pilates, 2000.
Your Health: A Corrective System of Exercising that Revolutionizes the Entire Field of Physical Education, de Joseph Pilates e Judd Robbins, 2000.

Vídeos

Budismo é Religião ou Filosofia?


As duas coisas

Embora no Budismo se encontre a figura de um deus superior, como na maioria das religiões, e também não existam dogmas, ele é sim uma religião

Podemos afirmar que se trata de uma religião porque o Budismo tem uma doutrina da salvação, um dos critérios usados para definir as religiões.

A doutrina da salvação budista é a tentativa de alcançar o Nirvana, o último estágio no caminho espiritual do ser humano, quando ocorre sua suprema libertação. 

O Budismo é uma religião porque tem um mentor, no caso o Buda, um corpo doutrinário e uma comunidade que propaga o conteúdo dessa doutrina, formada pelos monges e monjas. 

Por outro lado, também é uma filosofia de vida porque seus conceitos dependem de experiência pessoal e ativa, ao contrário do sentido comum da religião no qual há uma devoção passiva. 

Criado pelo príncipe Sidarta Gautama, na Índia, há cerca de 2.500 anos, o Budismo hoje tem cerca de 400 milhões de seguidores no mundo. 


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O Homem que Controlava - Parte 1


Criança doente, jovem inventor, homem de fama mundial. Assim foi a vida do criador do método pilates.

O alemão Joseph Hubertus era o que podemos chamar de um homem controlado. 

Seus movimentos eram preciosos, quase matemáticos. Queria ter tanto controle de tudo o que fazia que até inventou uma ciência para isso, a contrologia, um programa de exercícios que trabalha corpo e mente ao mesmo tempo, mantendo os dois no mais perfeito equilíbrio. 


A ideia deu tão certo que hoje em dia milhares de pessoas no mundo inteiro praticam contrologia. Só que a chamam de pilates, que era o sobrenome de seu inventor: Joseph Hubertus Pilates. 


Acontece que Jospeh não foi sempre esse cara saradão que você vê nas fotos ao longo desta matéria, divulgando a contrologia. Sua saúde, assunto que, não por acaso, ele perseguiu a vida inteira, era extremamente frágil na infância. 


Nascido em 1880, numa cidadezinha perto de Düsseldorf, na Alemanha, Joseph era uma criança doente. Sofria de asma crônica, teve raquistismo e terríveis febres reumáticas que, diversas vezes, impediam os movimentos.


Quem o conhecesse não imaginaria que um dia ele seria o dono de uma das mais badaladas academias do mundo, a Pilates Studio, cujas filiais se espalham pelo mundo, inclusive por aqui.


Os Pilates Studios alegam ser os únicos herdeiros da contrologia e boa parte da história oficial de Joseph nos é contada por seus representantes. 

O objetivo do Pilates é desenvolver ao mesmo tempo, força, flexibilidade, controle do corpo e equilíbrio da mente. 

Diz o site do Pilates Studio que Joseph não se conformava por ter de passar longos períodos sem se mexer, e, ainda pequeno, ficou obcecado por superar seus limites físicos. Para ele, ser um garoto saudável tornou-se uma questão de honra, ainda mais para alguém que, como ele, tinha pai ginasta. 


Para tanto, fuçou os livros de anatomia que sua mãe lhe havia dado e começou a desenvolver, sozinho, modelos anatômicos de camas e aparelhos que permitissem que ele se exercitasse e, dessa forma, recuperasse a saúde. 

Sem contar que ele estudava - e muito - filosofia oriental e a civilização grega (que, não por acaso, foi quem começou no Ocidente com a história de mente sã, corpo são). 

Funcionou. 


Tanto que, aos 14 anos, ele em nada se parecia com o menino franzino e raquítico de outrora - pelo contrio, tornou-se um verdadeiro esportista, exímio esquiador, ginasta, mergulhador e lutador. 

Além disso, incrivelmente, Joseph não ficava mais doente, segundo contam as irmãs americanas Amy Taylor Alpers e Rachel Taylor Segel, seguidoras certificadas do seu método e que hoje possuem uma academia no Colorado. 


O homem havia virado uma fortaleza. Nem gripe pegava, dizem elas. Os relatos sobre sua saúde chamaram a atenção da Scotland Yard, a polícia federal britância, que, em 1912, o convidou para ministrar aulas de defesa pessoal aos seus detetives. 

Assim, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial, o alemão Joseph estava na Inglaterra e foi preso. 


Para ele, porém, nada melhor do que ambiente fechado com detentos e feridos para testar seus métodos. Durante sua estadia atrás das grades, Joseph arrebanhou vários seguidores e começou a ensinar seu sistema de exercícios, que compreendia trabalho árduo de todo o corpo com o objetivo de desenvolver, ao mesmo tempo, força, flexibilidade e controle mental. 


Além disso, ele equipou as camas da enfermaria com molas improvisadas, habilitando pacientes a se exercitarem sem fazer força. 

Mais tarde aprimorados, esses equipamentos tornaram-se seus revolucionários aparelhos de ginástica que hoje povoam academias do mundo todo. 


Ironicamente, foi por causa de uma terrível doença que o saudável Joseph se consagrou. Em 1918, a Inglaterra sofreu de uma epidemia de gripe que matou milhares de pessoas. Mas, segundo os relatos do Pilates Studio, nenhum dos seguidores de Joseph adoeceu. 


Para ele, estava comprovado que seu método de equilíbrio mente e corpo dava certo. 


Continua...

                   

Aranel Ithil Dior