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De acordo com o sociólogo, as inúmeras ações humanas que acontecem a todo instante provocam reações em igual número. E essa trama vai interferindo, mudando, melhorando ou piorando o que poderíamos chamar de tecido social - ou simplesmente, sociedade.
Assim como o bebê, a humanidade precisa se dar conta do significado de seus atos para construir sua própria identidade e evoluir.
Lei do Carma
Essa relação entre causa e efeito é, há milhares de anos, aceita e considerada uma realidade inquestionável por várias filosofias orientais. Conhecida como "lei do karma", ela diz que o que somos hoje deve-se aos pensamentos que resultaram nos atos de ontem. E que são nossos atuais pensamentos que constroem nossas ações hoje e amanhã.
Por isso, karma em sânscrito significa literalmente ação: são as atitudes que tomamos, que têm um efeito em nós e em todo o Universo.
No Ocidente a maioria das pessoas entende o carma como uma espécie de fatalidade, uma força do destino que surge do nosso passado. Corretamente entendido, o carma não é uma desculpa para a aceitação das coisas tais como estão, mas um incentivo para aproveitar o presente da forma mais criativa e positiva possível, em que toda experiência pode se converter em crescimento e maior consciência das ações.
Vimos que a piscologia, a física e até a filosofia oriental se debruçam com atenção sobre o assunto. Mas não precisamos de teorias para perceber que estamos constantemente fazendo trocas. Basta observar sua própria vida e o mundo à sua volta.
Veja um exemplo retirado do mundo da arte: dois consagrados pintores modernos, Pablo Picasso e Henri Matisse, evoluíram sua arte através de uma "conversa" entre suas obras, num típico processo de ação e reação. Tudo começou quando em 1905, Matisse pintou um quadro a que chamou Le Bonheur de Vivre.
Picasso sentiu-se afetado e estimulado pela obra e respondendo com outra, a Demoiselles D'Avignon, que é tida como sua primeira pintura cubista.
A tréplica de Matisse veio com a radical L'Atelier Rouge, dando continuidade às provocações artísticas, em que cada quadro buscava criar uma nova linguagem, como que aguardando a resposta.
Consta que essa relação entre os dois gênios continuou até a década de 40 e foi responsável por uma evolução espetacular da arte de ambos. Além de agradar ao público, eles tinham uma ação particular que provocava uma reação correspondente, em que houve um diálogo contínuo, provocador, singular e belo.
Episódios equilvalentes ocorrem em todas as áreas. Lembro-me de uma entrevista num canal de esportes, da qual participavam as campeãs de basquete Hortência e Paula. As duas deixaram claro que, quando jogavam, em times opostos ou juntas na Seleção Brasileira, dependiam uma da outra, mas não apenas dos passes, e sim da própria performance individual de cada uma.
Uma cesta espetacular da Hortência, "provocava" em Paula a próxima cesta espetacular, e vice-versa, num crescendo que parecia não ter fim, como no caso dos artistas. Aliás, algumas cestas foram verdadeiras pinturas...
Se você ofende alguém com uma palavra dura (a ação), está, ao mesmo tempo, transformando-se em alvo de ressentimento (a reação). Um palavrão, portanto, pode fazer mais mal a quem o proferiu do que àquele a quem foi dirigido, por ajudar a criar de modo explícito um clima de animosidade ou até de ódio.
Por falar nisso, o próprio ódio também é assim, causa mais malefício a quem o produz do quem a quem deveria recebê-lo.
E o pior é que há grande chance de que, na reação, seja mantida a essência, mas se aumente a intensidade. Um episódio curioso, ocorrido em Curitiba na década de 60, entrou para a história e até virou filme, com o nome A Guerra do Pente.
Em uma praça de comércio popular, um freguês comprou um pente e foi, por algum motivo, mal atendido. Essa foi a ação. Agora veja a reação: o freguês queixou-se do mau atendimento em altos brados, o que provocou solidariedade de outros clientes, que começaram a ofender o comerciante e estenderam as ofensas aos comerciantes vizinhos.
No final, toda a praça foi depredada pela população em uma verdadeira guerra que não deixou uma loja ou banca de camelô inteira, exigindo a intervenção da polícia e dos bombeiros.
Ódio gera ódio, só que maior.
Já o amor.. Ah! O amor... Esse também, para nossa felicidade, é especialista em provocar reações proporcionais. Foi na mesma Curitiba que uma médica pediatra, de nome Zilda Arns, ao perceber que as doenças das crianças que chegavam ao seu ambulatório tinham menos relação com a medicina e mais com a fome ou os maus-tratos, iniciou uma campanha social, pequena, individual, para arrecadar fundos e melhorar a vida dos pequenos de uma comunidade.
Essa ação pessoal, iniciada há mais de 25 anos, transformou-se no melhor exemplo de reação social, com o nome Campanha da Solidariedade, e atende hoje, em todo o Brasil, milhões de crianças pobres com suplementos alimentares e orientações às mães.
Amor também gera amor. É uma questão de escolha.
Na hora de decidir ou na hora de agir, na maioria das vezes é difícil saber o que é certo ou errado - se é que existem categorias tão absolutas. Mas uma coisa é fato: certa ou errada, a ação desencadeará uma reação. Basta arcar com a consequência.
É a lei.
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Veja um exemplo retirado do mundo da arte: dois consagrados pintores modernos, Pablo Picasso e Henri Matisse, evoluíram sua arte através de uma "conversa" entre suas obras, num típico processo de ação e reação. Tudo começou quando em 1905, Matisse pintou um quadro a que chamou Le Bonheur de Vivre.
Picasso sentiu-se afetado e estimulado pela obra e respondendo com outra, a Demoiselles D'Avignon, que é tida como sua primeira pintura cubista.
A tréplica de Matisse veio com a radical L'Atelier Rouge, dando continuidade às provocações artísticas, em que cada quadro buscava criar uma nova linguagem, como que aguardando a resposta.
Consta que essa relação entre os dois gênios continuou até a década de 40 e foi responsável por uma evolução espetacular da arte de ambos. Além de agradar ao público, eles tinham uma ação particular que provocava uma reação correspondente, em que houve um diálogo contínuo, provocador, singular e belo.
Episódios equilvalentes ocorrem em todas as áreas. Lembro-me de uma entrevista num canal de esportes, da qual participavam as campeãs de basquete Hortência e Paula. As duas deixaram claro que, quando jogavam, em times opostos ou juntas na Seleção Brasileira, dependiam uma da outra, mas não apenas dos passes, e sim da própria performance individual de cada uma.
Uma cesta espetacular da Hortência, "provocava" em Paula a próxima cesta espetacular, e vice-versa, num crescendo que parecia não ter fim, como no caso dos artistas. Aliás, algumas cestas foram verdadeiras pinturas...
A Escolha é Sua
Se você ofende alguém com uma palavra dura (a ação), está, ao mesmo tempo, transformando-se em alvo de ressentimento (a reação). Um palavrão, portanto, pode fazer mais mal a quem o proferiu do que àquele a quem foi dirigido, por ajudar a criar de modo explícito um clima de animosidade ou até de ódio.
Por falar nisso, o próprio ódio também é assim, causa mais malefício a quem o produz do quem a quem deveria recebê-lo.
E o pior é que há grande chance de que, na reação, seja mantida a essência, mas se aumente a intensidade. Um episódio curioso, ocorrido em Curitiba na década de 60, entrou para a história e até virou filme, com o nome A Guerra do Pente.
Em uma praça de comércio popular, um freguês comprou um pente e foi, por algum motivo, mal atendido. Essa foi a ação. Agora veja a reação: o freguês queixou-se do mau atendimento em altos brados, o que provocou solidariedade de outros clientes, que começaram a ofender o comerciante e estenderam as ofensas aos comerciantes vizinhos.
No final, toda a praça foi depredada pela população em uma verdadeira guerra que não deixou uma loja ou banca de camelô inteira, exigindo a intervenção da polícia e dos bombeiros.
Ódio gera ódio, só que maior.
Já o amor.. Ah! O amor... Esse também, para nossa felicidade, é especialista em provocar reações proporcionais. Foi na mesma Curitiba que uma médica pediatra, de nome Zilda Arns, ao perceber que as doenças das crianças que chegavam ao seu ambulatório tinham menos relação com a medicina e mais com a fome ou os maus-tratos, iniciou uma campanha social, pequena, individual, para arrecadar fundos e melhorar a vida dos pequenos de uma comunidade.
Essa ação pessoal, iniciada há mais de 25 anos, transformou-se no melhor exemplo de reação social, com o nome Campanha da Solidariedade, e atende hoje, em todo o Brasil, milhões de crianças pobres com suplementos alimentares e orientações às mães.
Amor também gera amor. É uma questão de escolha.
Na hora de decidir ou na hora de agir, na maioria das vezes é difícil saber o que é certo ou errado - se é que existem categorias tão absolutas. Mas uma coisa é fato: certa ou errada, a ação desencadeará uma reação. Basta arcar com a consequência.
É a lei.
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