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Serenando a Mente - Parte 1

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(Quem pratica sabe: Meditar estimula seu corpo a ficar mais forte, treina sua humildade pois suas perspectivas se focam no presente e a ansiedade se torna controlável...)

É mais fácil praticar do que definir meditação. A prática, seja qual for a técnica usada, é sempre um jeito de fazer a mente complexa voltar à simplicidade.

A definição, seja qual for a linguagem usada, ou é muito complicada ou é banal demais. 

(A finalidade última de uma meditação é conectar alguns adeptos à forças ou energias sutis, mas importantes e muito atuantes em nosso sistema de universo. Apesar de parecer fictício, o meditador tem suas experiências pessoais tanto na dominação dos elementos, como na dominação de esferas espirituais. Acima, cenas do filme O Último Mestre do Ar, de 2010.)

Que a meditação é milenar e se difundiu do Oriente você já sabe. Então, vamos poupar papel, paciência e palavras em sânscrito. A meditação é a razão de ser e a finalidade última do yoga, por isso muitos a identificam com a perfeição da postura de lótus. Mas não é exclusiva de yogues e monges. 

É patrimônio da humanidade.

(O Adhan é o chamado da Mesquita para que os adeptos do islamismo se apresentem e se preparem para suas orações. É escolhido a melhor voz daqueles que participam da Mesquita. O chamado prepara a mente do adepto para focar seus pensamentos em Allah. E isso é um tipo, também, de meditação, a mais utilizada entre nós: A oração...)

(Imitando os modelos de conduta dos árabes, os primeiros cristãos começaram a repetir suas orações em ladainhas: Repetições de frases de forma ininterrupta, buscando com isso, uma alteração mental e encontro com Deus. Infelizmente, esse propósito se perdeu, e muitos padres e adeptos do catolicismo não entendem que a repetição de suas orações intentam apenas fazer isso: Acalmar a mente do presente e focá-la na presença divina de Deus ou de alguma outra entidade invocada. Acima, oração à Nossa Senhora Aparecida.) 

O mergulho na consciência está em muitas religiões e culturas. É comum a árabes e judeus, cristãos e pagãos, acontece no templo e na rua, no silêncio e no caos. 

(Muitas meditações só são passadas para um adepto mais experiente, pois existem alguns exercícios, tanto respiratórios quanto físicos, que exigem maior domínio físico e fisiológico do adepto. Acima, cenas do filme-documentário Samsara, de 2011.)

Muitas formas de meditação são transmitidas apenas em rituais de iniciação. Essa seria uma maneira de preservar o conhecimento das diluições e dos despreparados. Mas há quem veja em tanto segredo uma espécie de reserva de mercado.

Com ou sem guru, meditar é um direito humano e é gratuito.

As técnicas são milhares, a essência é uma só e a fórmula absoluta não existe. Se alguém disser que está ensinando meditação, desconfie...!

(A meditação como qualquer outra atividade deve ser feita com propósitos bem definidos e com moderação. Senão, a pessoa fica num estado quase ininterrupto de calma, subtraindo-se, demasiadamente, do contexto presente. Acima, apesar do Lama Padma Santten ter boa intenção em nos ensinar sua visão e experiência sobre Meditação, o vídeo ficou meio cansativo para o iniciante que ainda não tem essa pegada de "paciência zen", e talvez irrite o novato... Mas, paciência... Assista ao vídeo porque, realmente, é interessante.) 

É como andar de bicicleta: alguém lhe diz como fazer, mas o aprendizado é solitário. Tombos e pedaladas são por sua conta!

Às vezes, sem querer, a mera contemplação da natureza é suficiente para alterar o nosso estado de consciência. A sensação, boa mas fugaz, mostra que a paz é espontânea. 

Ninguém precisa se esforçar para meditar, assim como ninguém se esforça para respirar. Todos nós trazemos a memória do bem-estar. Para acordá-la, basta praticar, deixar acontecer.

(Nossa querida e admirável Monja Coen nos ensina como meditar. Mas ela utiliza uma técnica própria de seu seguimento religioso: O Zen Budismo. Uma técnica criada pelo criador do Zen Mayahana, Eihen Dôgen Zenji (1200-1253) utiliza várias manobras como: Andar, recitar passagens budistas e sentar-se, por horas, observando a respiração e sua sequência de pensamentos. Esse segmento budista exige muita disciplina de seus adeptos.)  

Se você deseja mesmo o aquietamento mental, já tem 90% do necessário. Falta abrir um espaço na agenda, escolher uma técnica e insistir, dia após dia, para que a meditação se imponha e faça o resto, você não precisa fazer mais nada...

Há sempre um estilo adequado à personalidade, crença e os hábitos de cada um. 

(O Candomblé e as suas divisões: Nação Kêtu-Nagô, Nação Jexá ou Ijexá, Nação Jeje, Nação Angola-Congo, Nação de Caboclo; e mais tarde suas subdivisões: a Quimbanda e Umbanda, também possuem seus momentos de meditação, que é quando ocorrem as cantorias e os batuques nos atabaques, não apenas para chamar os guias, mas também preparando o ritmo mental dos ofertantes e adeptos.)

Procedimentos simples, como a meditação na respiração, mantêm o praticante no nível da atividade. Outros ultrapassam esse patamar, caso da meditação nos sons.

É o grau de concentração, também, o que diferencia a meditação do relaxamento e das práticas de visualização. Os três exercícios são partes de um só processo. Na visualização guiada, o praticante é levado a um estágio de serenidade a partir da sugestão de imagens. A mente se ocupa tanto com a criação de formas e cores que bloqueia emoções e pensamentos, ficando pronta para ir mais longe. 

Fica difícil conectar a intuição na presença de emoções negativas...

Tanto o relaxamento quanto a visualização são feitos na postura horizontal. 

Já a meditação exige um nível de alerta que pode ser comprometido se ficarmos deitados. 


(Buda é sempre representado com os olhos semicerrados, pois nesta postura a mente não entra na zona do sono NREM (Non Rapid Eye Movement ou "Movimento Não Rápido dos Olhos"), o ideal é ficar naquela zona que conhecemos como "madorna", ou seja, um adormecer consciente do que está acontecendo ao seu redor. Isso é importante, pois a meditação não é um veículo alienante, mas uma forma de despertar zonas não acessadas de lembranças e emoções no cérebro.)

Na maioria das técnicas, a percepção da respiração é ferramenta básica. Inspirar e expirar com consciência é a atitude capaz de alterar o humor e a mente. Muitos métodos usam também a visão: a concentração é atingida na contemplação da chama de uma vela, de símbolos religiosos, mandalas, etc...

Os próprios estados da mente, tarefas e acontecimentos cotidianos servem como focos de atenção. 

O meditador é testemunha de si mesmo, observador desapegado de pensamentos, sensações, atos sentimentos. 

Essa busca de consciência plena faz o praticante ater-se ao presente, chave do estado meditativo. 

"Integrar a meditação à ação é a base, objetivo e propósito do buscador..."
Livro Tibetano da Vida e da Morte, pg. 23. 



Continua...

 

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Aranel Ithil Dior