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O que é Tantrismo?


Com origens que remontam à Índia do século 7, quando foram escritos muitos dos textos sagrados que compõem a doutrina, o Tantrismo constitui-se por um conjunto de práticas que visam à preparação do corpo e da mente do homem para aumentar sua percepção sobre si mesmo e a realidade que o cerca.

Também chamado de Tantra - "aquilo que aumenta o conhecimento", em sânscrito -, ao longo dos anos teve seus preceitos incorporados por várias doutrinas religiosas. Hoje, a filosofia tântrica está presente tanto em alguns ramos do Hinduísmo quanto do Budismo.

As duas principais divindades cultuadas no Tantrismo são Shiva e Shakti. Shiva é o princípio masculino e representa a consciência universal, e o espírito, a essência passiva que abrange todas as coisas. Shakti, por sua vez, é a divindade feminina, símbolo da matéria, da ativa pulsão criadora. Dentro desse contexto, o objetivo das práticas tântricas - que incluem técnicas respiratórias, dietas específicas, meditação, entre outras - é manipular a energia do corpo para unir Shiva, a consciência absoluta, a Shakti, seu aspecto dinâmico.

Os tântricos acreditam que o corpo humano tem sete centros de energia principais, chamados chacras, e buscam fazer com que a energia flua de forma mais equilibrada entre eles. No Tantra, corpo e espírito não são percebidos como duas entidades separadas que representam, respectivamente, o profano e o sagrado - ambos fazem fazem parte de um mesmo todo, e por isso são considerados divinos.

Assim, para os adeptos, o homem não precisa transcender sua realidade material, o que inclui os impulsos naturais, como o sexo, para conseguir realizar-se espiritualmente. Basta que atinja o autoconhecimento, percebendo-se como sagrado. O Tantra busca o que há de espiritual no mundo dos sentidos.

É justamente esse aspecto sagrado concedido ao corpo que, muitas vezes, acaba gerando uma associação errônea do Tantrismo com um mero instrumento de êxtase sensual. Na verdade, o sexo seria apenas um dos caminhos para o despertar do sagrado. Só uma corrente tântrica prescreve o maithuna, que é o ritual erótico, como a melhor forma de homem atingir a união entre Shiva e Shakti.

Esta interpretação equivocada do Tantra, contudo, não é fruto apenas de desconhecimento ou preconceito. Após chegar ao Ocidente, no século 20, os princípios tântricos atraíram diversos profissionais mal-informados, que passaram a vender técnicas para a satisfação sexual como se fossem tântricas, quando, na realidade, passam longe da filosofia que sustenta a doutrina.

Para o Tantra, o corpo é o templo sagrado do espírito, mas pensar só no corpo e no aspecto material das coisas é um erro tão grande quanto rejeitá-los.


Fim.


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Aranel Ithil Dior