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Os Templários - Os Guerreiros Cristãos - Parte 2


Em teoria, A Terra Santa agora era segura para os muitos peregrinos que vinham da Europa. Na prática, o que os primeiros cruzados conseguiram foi um punhado de cidades que permanceram cercadas por um mar de mulçumanos.

A segurança dos peregrinos e dos comerciantes era um problema crônico. O devoto escandinavo Saewulf, que viajou para Jerusalém em 1102, conta que "os sarracenos (mulçumanos) estão sempre armando ciladas para os cristãos (...). à espreita dos que podem atacar por estarem em grupo pequeno ou daqueles que por cansaço ficam para trás. O número de corpos humanos que jazem, despedaçados por bestas selvagens..." 

O Perigo faz alguns nobres tentarem fazer algo pela defeza da Cidade Santa mesmo depois de conquistada. Um desses nobres era um cavaleiro do norte da França chamado Hugo de Payns, até então um ilustre desconhecido. Não se sabe exatamente quando nem o por que que Hugo foi parar em Jerusalém. Alguns relatos dizem que era viúvo e decidira se dedicar a Deus depois da morte da esposa.

Outros historiadores falam de um massacre especialmente sangrento de peregrinos, que aconteceu na Páscoa de 1119 e levou o rei de Jerusalém, Balduíno II, a estimular a formação de uma milícia que protegesse os fiéis - chefiada por Hugo.

Seja como for, o fato é que, naquele mesmo ano, ele e outros 8 companheiros (a lista dos nomes ainda existe, e todos parecem ter vindo da nobreza da França) fizeram um juramento sagrado. Os votos eram exatamente os mesmos que qualquer monge do séc. 12 ou de hoje: pobreza, obediência e castidade. Mas a missão deles era surpreendente: assegurar, de espada na mão, que os peregrinos tivessem acesso sem medo aos lugares sagrados. 

O rei Balduíno II lhes deu como residência parte do que ele julgava ser o Templo de Salomão - na verdade, era a Cúpula da Rocha, e a mesquita Al-Aqsa, construída pelos mulçumanos no lugar onde o templo havia existido na época de Jesus. Eis a origem do nome "templário" - o lugar ficou tão identificado com a ordem que muitos se referiam à ela como "o Templo".

É aqui que as lendas sobre os templários começam a funcinar a todo vapor. Pouco se ouve falar das atividades deles, coisa que na verdade, atrapalha bastante quem tenta entender como a ordem evoluiu nesse momento crucial. "Os documentos sobre essa fase da história deles são escassos. De 1120 até 1140, tudo é especulativo", diz Ellis, "Ksip" Knox, da Universidade Estadual de Boise, EUA.

Tanto assim que os mais empolgados falam de uma escavação secreta no terreno do velho templo: Hugo e seus cavaleiros teriam descoberto algum segredo dos primórdios da cristandade bem debaixo do seu quartel. Só alguns nobres de alto escalão teriam sido inofrmados do "achado" e o acobertaram, com o consentimento da ordem. Infelizmente, não temos como saber que tipo de segredo era aquele, porque cada teórico da conspiração tem seu artefato favorito.

Alguns falam das relíquias sagradas do templo judaico, outros, do santo graal; há os que apostam na própria cabeça embalsamada de Jesus Cristo, provando que ele não tinha ressuscitado nem era divino.

Os mais modestos sugerem que as ruínas do templo deram à ordem conhecimentos secretos, sobre a natureza mística da arquitetura, como forma de criar espaços sagrados e de se comunicar com Deus, ciência até hoje estudada, conhecida como Geomancia. Essa sabedoria, depois, teria sido passada à maçonaria, que originalmente era uma confraria de mestres construtores.

Para a maioria dos historiadores, porém o motivo do silêncio sobre a ordem nesses primeiros anos é bem menos empolgante: ela ainda não tinha alcançado muita importância e organização. Porém, pouco a pouco, a combinação de ajuda de patronos poderosos e uma boa dose de coragem em batalha começou lentamente a aumentar o poder templário. 


Em 1129, Hugo de Payns, então já conhecido pelo título de Grão-Mestre (chefe supremo) dos templários, viajou para o Ocidente para procurar recrutas e buscar apoio oficial da Igreja. E conseguiu atrair para o seu lado o monge francês Bernardo, abade de Clairvaux (canonizado como São Bernardo). O monge era provavelmente o intelectual mais influente da Europa, capaz de convencer papas e imperadores, e também um místico apaixonado. Em resumo: um trator. "O que Bernardo atacasse estava fadado ao fracasso; o que ele aprovasse, florescia" diz Edward Burman, da Universidade de Leeds, Reino Unido, em seu livro, Templários - Os cavaleiros de Deus.


Bernardo conseguiu a bênção oficial do papa para a ordem. Também elaboraou para ela um conjunto de normas de conduta diária, indispensável para qualquer comunidade religiosa da época. Ainda havia gente dentro da Igreja que não era exatamente fã da idéia de monges matando em nome da fé. O futuro santo escreveu então uma carta em que justificava, com toda a visão teológica da época, a guerra em defesa de Jesus: "O soldado de Cristo (...) é o instrumento de Deus para a punição dos malfeitores e para a defesa dos justos. Na verdade, quando ele mata malfeitores, não se trata de homícídio, mas de malicídio". afirma Bernardo no Livro para os Soldados do Templo - Do Louvor do Novo Exército


Completando o sucesso da missão de Hugo, nobres europeus de vários países fizeram doações de terras e rendas para os templários. A ordem virou uma instuição realmente internacional, e a única autoridade que realmente estava acima do grão-mestre era o papa. 


Continua...



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Aranel Ithil Dior