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Religiões do Mundo - Islamismo


É uma religão e um projeto de organização da sociedade expresso na palavra árabe Islã, a submissão confiante a Alá (Allah, em árabe – Deus, ou “a divindade”, em abstrato).

Seus seguidores chamam-se muçulmanos (muslimun, em árabe): os que se submetem a Deus para render-lhe a honra e a glória que lhe é devida como Deus único.

Maomé, fundador do Islamismo, nasceu em Meca (na tribo árabe coraixita), no atual Reino da Arábia Saudita, em 570 da era cristã, portanto meio milênio depois de Cristo. Trabalhou como mercador e pregou a existência de um só Deus, Alá, Onisciente e Onipotente.

Se no Cristianismo o verbo se fez carne, pode-se dizer que no Islamismo o
verbo se fez livro, porque o Islamismo repousa num só livro: o Corão, que é a “palavra de Deus”.

Livro sagrado do Islamismo, o Corão (que significa recitação) é revelado a Maomé pelo arcanjo Gabriel e redigido ao longo de cerca de 20 anos de sua pregação. É fixado no século VII sob o califado de Uthman ibn Affan. São 6.226 versos em 114 suras (capítulos).

Traz o mistério do Deus-Uno e a história de suas revelações de Adão a Maomé, passando por Abraão, Moisés e Jesus, e também as prescrições culturais, sociais, jurídicas, estéticas e morais que dirigem a vida individual e social dos muçulmanos.
Nota: A esposa de Abraão, Sara, tinha uma escrava chamada Hagar, a qual serviu Abraão e teve um filho chamado Ismael. Entretanto, Ismael, primogênito de Abraão, só é considerado como primeiro filho para os muçulmanos. Enquanto que para os judeus Isac é considerado como primeiro o filho de Abraão com Sara.

A palavra Maomé é uma corruptela hispânica de Mohammed, nome próprio, derivado do verbo hâmada e que significa “digno de louvor”. Segundo a tradição, aos 40 anos recebe a missão de pregar as revelações trazidas de Deus pelo arcanjo Gabriel.
Muitas pessoas tem esse nome, uma delas é o famoso paxá do Egito: Mohammed Ali. Amir significa príncipe árabe ou governador, é um título dado a um homem descendente de Mohammed.

Seu monoteísmo choca-se com as crenças tradicionais das tribos semitas e, em 622, Maomé é obrigado a fugir para Iatribe, atual Medina, onde as tribos árabes vivem em permanente tensão entre si e com os judeus.

Maomé estabelece a paz entre as tribos árabes com as comunidades judaicas e começa uma luta contra Meca pelo controle das rotas comerciais. Conquista Meca em 630. Morre dois anos depois (632), deixando uma comunidade espiritualmente unida e politicamente organizada em torno aos preceitos do Corão.

Os estudos na linha da História Política permitem identificar as complexas relações que existem entre a religião e o fenômeno político.

Por esta perspectiva, percebe-se que, com relação ao Islã, o sistema religioso tornou-se uma dimensão da política, na medida em que o espaço privilegiado para a vivência da fé e para a concretização das promessas de Alá aos seus fiéis é o Estado Islâmico juridicamente constituído e reconhecido enquanto tal.

Além disso, a Shariah (a jurisprudência) nasceu a partir dos textos sagrados e regulamenta as relações políticas, sociais e religiosas do Estado com a Umma (a comunidade muçulmana).

No Islam, o poder político e a estrutura social são benefícios de Deus, graças concedidas para a felicidade de todos os homens. Assim, o propósito dos muçulmanos não é tanto o de debater sobre a essência de Deus, mas, sobretudo, o de interpretar a vontade divina e de conhecer e observar as leis que são religiosas e políticas ao mesmo tempo.

Os governantes devem ser capazes de concentrarem em si as atribuições de chefe de Estado e de Iman (aquele que conduz os fiéis nas orações).

Por isso, o melhor sistema de poder para o Islam, de acordo com o Corão e a Sunna, é o califado, que foi determinado após a morte do Profeta Muhammad, e que constitui o modelo eterno de uma forma perfeita de Estado que Deus desejou que atuasse no tempo histórico.

A deturpação do califado, na perspectiva dos pensadores muçulmanos do século XIX, como Rashîd Ghannîsh, da Tunísia, surgiu do desejo de se adotar a modernidade ocidental, a ponto dos Estados de maioria muçulmana se apropriarem do princípio da separação dos poderes temporal e espiritual, o que contribuiu para o divórcio entre religião e política e para o enfraquecimento do poder do governante, distanciando-o da comunidade de fé e aproximando-o dos Kafir (os ignorantes dos princípios islâmicos).

Tal fato teve como consequência o abandono da observância da Shariah, o que fez com que diversos Estados deixassem de ser reconhecidos como Islâmicos, provocando a restrição do espaço para a vivência da fé, pautado e orientado pelo Corão e pela Sunna.

Para se reconquistar o bem perdido tornou-se necessário percorrer o Salaf (o caminho dos antigos), porque foi no passado, ou melhor, no auge do sistema do califado, durante a Idade Média, que os muçulmanos souberam, na perspectiva das correntes islâmicas dos século XIX e XX, praticar corretamente os ensinamentos de Alá.

Este movimento de relembrar as virtudes dos antepassados de fé transformou o Islã, no século XIX, em um princípio mobilizador da defesa da identidade dos povos não europeus islamizados e também uma alternativa política e social antimperialista que atraiu populações não muçulmanas na África e na Ásia.

Como foi comprovado no surgimento de várias revoluções islâmicas onde o percentual de participação de aliados não convertidos foi bastante significativo, como a Mahdia no Sudão (1881-1898), por exemplo.


Continua...



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Aranel Ithil Dior