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A Cura Essencial - Parte 3

(A meditação não é apenas uma forma de focar a mente em algo, mas usar a agitação da mente para encontrar esse algo!)

Na guerra às toxinas, a meditação é arma obrigatória, indicada como prática diária para higienizar a mente.

A dieta alimentar, que é adequada a cada dosha, é outra forma de controlar o acúmulo de impurezas.

(O terapeuta ayurvédico observa atentamente para seu paciente desejando encontrar, além das palavras, pistas que indiquem quem ele é. Na hora de administrar a dieta ou tipo de meditação o reconhecimento dos doshas dominantes são imprescindíveis.)

Acontece que um filme de ação pode ser mais tóxico que uma feijoada - isso depende da sensibilidade de cada um. 

Podemos não perceber como a saúde é afetada por uma cena de TV ou uma palavra atravessada, mas o saber hindu dá extrema importância ao que entra pelos buracos da nossa cabeça!

(O toque físico, seja da pele ou de óleos e ervas, é muito importante na terapia hindu. Sentir o calor, a textura, a pressão faz com que o indivíduo se sinta onipresente não apenas na busca de sua saúde corporal mas na consciência de que ele está vivo e deve permanecer assim.)

Como é através dos sentidos que se conversa com o universo, as práticas da Ayurveda querem refiná-los, para que sempre extraiam do meio um máximo de energia e um mínimo de toxinas. 

É natural que a massagem tenha tanta ênfase: a pele além de ser nossa proteção, é o maior órgão dos sentidos. 

Massagem na Alma

Você pode ler a teoria, mas outra coisa é deitar, fechar os olhos e se entregar, por exemplo, ao conforto que vem de um fio de óleo morno, descendo contínua e lentamente sobre a testa. 

Esse toque curativo, sem mãos, chama-se "shirodhara" e é só isso mesmo: sobre a cabeça do felizardo, a tigela presa a um suporte verte um preparado de ervas medicinais. 

(Shirodhara)

Na sessão, a percepção vai sendo atraída, suavemente, para o ponto entre as sobrancelhas, que está sendo acariciado pelo calor e a viscosidade do líquido. O relaxamento é tanto que há um vislumbre de expansão de consciência, talvez porque o estímulo esteja localizado na região conhecida como "terceiro olho" - o chakra ligado à nossa espiritualidade. 

Naqueles 60 minutos nada mais existe, só o prazer de estar ali. Não há turbulência mental que resista ao poder de shirodhara. A técnica harmoniza os hemisférios cerebrais, combate estresse, depressão e insônia. 


(Abhianga)

Todo mundo merece, também, passar pela "Abhyanga" (que significa "mãos amorosas"), a massagem Ayurvédica mais difundida. A pessoa é banhada em muito óleo morninho e tem os dois lados do coro friccionados ao mesmo tempo, por quatro mãos sincronizadas.

A técnica, usada para acelera a liberação de toxinas e fortalecer o sistema imunológico, tem uma versão de automassagem, para ser feita todo dia, e uma dedicada aos bebês.

E é mesmo como um bebê que a pessoa é recebida e cuidada, na versão da abhyanga a quatro mãos. É fácil regredir ao útero em meio a tanta proteção, num leito quente e inundado de óelo. 

 (Os marmas)

As manobras ritmadas dos terapeutas, um à esquerda, outro à direita da maca, dão mais coerência ao corpo. é como e tudo se encaixasse quando os seus dois lados ganham toques simultâneos. É como se você deixasse de ser cabeça, tronco e membros para se sentir um todo...

Outra delícia é a massagem que ativa os "marmas", os centros de energia vital onde os tecidos do corpo se encontram. Os marmas, também vistos como elos entre matéria e consciência, correspondem aos pontos trabalhados na medicina chinesa.

(O instituto tem credenciais para dar suas especialização em Medicina Ayurvédica, além de ser o mais antigo do Brasil na disseminação da cultura hindu.)

Como há por ai um uso não lá muito ético do nome da Ayurveda, antes de deitar e relaxar é melhor perguntar como, onde, com quem e em quanto tempo o massagista se formou. 

(Formandos da especialização em Medicina Ayurvédica de 2007.)

Não custa saber que o Estado de Keralla, no sul da Índia, é o berço e a cena dessa ciência; que a Califórnia é o grande centro de estudos e difusão; que os médicos norte-americanos David Frawley e Vasant Lad são os únicos ocidentais considerados no métier e, principalmente, que ninguém vira terapeuta Ayurvédico após um workshop de fim de semana. 




Continua...  


A Música das Esferas existe?

(Esse conceito medieval é um ensinamento dos professores cabalista sobre proporção e analogia que dominou a Idade Média nas primeiras Universidades européias.)

Teoricamente, sim.

No entanto, ainda não há comprovação científica de que seja possível ouvir o movimento dos astros, como propõe esse conceito abstrato.

As músicas das esferas existe para quem tem a capacidade de ouvi-la interiormente. é possível ouvir algo além do que o ouvido humano é capaz de captar. 

(Nesta disciplina, a música, ou melhor, o som, participa de todas as coisas visíveis e invisíveis. As visíveis seriam comandadas pelos sons sônicos e as invisíveis pelas ultrassônicas. Em suma, tudo vibra e, portanto, canta uma nota para o universo.)

A ideia dessa música acompanha a humanidade desde os tempos do grego Pitágoras (580-500 a.C.). Mas foi o astrônomo Johannes Kepler (1571-1630) quem aprimorou esse conceito utilizando a matemática, desenvolvendo as leis que regem os movimentos dos astros.

(Johannes Kepler, astrônomo, matemático e astrólogo alemão.)

Kepler descobriu que os planetas fazem um traçado elíptico e não redondo, ao redor do Sol. Assim, calculou o ponto mais próximo da rota de cada um em relação ao Sol (periélio) e, depois, o ponto mais distante (afélio).

(Movimento dos planetas em nosso sistema solar.)

Analisando o tempo que cada planeta leva para dar uma volt ao redor do Sol ( a Tera, por exemplo, leva +/-  365 dias), Kepler transpôs proporcionalmente as medidas dessas órbitas em fequências, encontrando assim tons e intervalos musicais. 

(A canção dos planetas.)

Ou seja, teoricamente Júpiter, Vênus, Saturno e outros planetas produzem suas próprias melodias. 

(Mas, apesar de parecer, a princípio, uma teoria maluca, a NASA já catalogou sons, frequências e vibrações de Galáxias, estrelas e quasares. Assim, hoje, a ciência não apenas comprova esse conceito, mas utiliza-o para detectar prováveis colapsos ou nascimentos de estrelas. Acima documentário do canal History que explora esse assunto.)

Apesar de ser um conceito abstrato, a matemática torna a Música das Esferas um fato!


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A Cura Essencial - Parte 2

(Os doshas são energias geradas pela força do espírito de cada um de nós.) 

Combinações entre os elementos geram os três princípios da Ayurveda: São os "doshas" (tipos), ou humores, através dos quais a inteligência do universo se expressa nas pessoas. 

Espaço mais Ar dão o biótipo VATA, que representa movimento, agilidade. É a instabilidade do vento. Fogo e (pouca) Água dão PITTA, que representa metabolismo, irritabilidade. É a combustão do fogo. Terra e (muita) Água dão KAPHA, que representa estrutura, estabilidade. É o peso da lama. 

Uma piada ayurvédica ajuda a entender como esses humores nos regem!

- Se um avião atrasa, o passageiro do tipo Vata reage preoucupado, antevê um desastre na sua agenda e dá um jeitinho de se culpar pelo incidente: "Eu devia ter previsto isso. E agora?

- O passageiro Pitta, decerto irratadíssimo, ameça o representante da companhia e cobra uma solução, com o rost rubro de raiva. 

- O passageiro Kapha, bem zen, aproveita a confusão e faz uma boquinha na lanchonete.

(Determinar corretamente o dosha de cada indivíduo fará com que o terapeuta também determine uma rotina de terapias e condutas que o levarão a mudar para sempre sua vida.)

Cada dosha tem comportamento, traços físicos e metabolismo próprios. Não que a Ayurveda catalogue toda a fauna humana em três estereótipos. Ao contrário, cada pessoa é tratada como única - a grande diferença em relação à medicina ocidental. 

Um médico indiano não cura nem gripe usando a mesma receita para dois indivíduos!

Todo mundo recebe influências de Vata, Pitta, e Kapha, em proporções diferentes. É mais comum a pessoa ter um dosha dominate e  outro em proporção elevada. Nesse caso é classificada como Vata-Pitta, Kapha-Vata, etc. A leitura da descrição dosha ajuda na identificação, mas para um diagnóstico preciso só meso numa consulta ao vivo. 

Serpente, Rã e Cisne

Sempre se espera um pouco,  de um sofá coberto por um velho cobertor...

Em minha casa, exercendo limitadamente minha especialização, já que ainda estou tentando concluir minha graduação em Fisioterapia, me parece, que sou a única especialista formada nesta área aqui em minha cidade...(!)

(Primeiro, verificar o ritmo da corrente sanguínea no corpo do paciente...)

Apesar de envergar alguns diplomas, e tals, eu mesma atendo meus telefones, agendo e organizo as visitas.

O diagnóstico começa com um exame do pulso, usa-se os dedos indicador, médio e anular para perceber a frequência de Vata, Pitta e Kapha - os três diferentes humores da Ayurveda. 

Com diferentes pressões, mede-se 15 pulsações, rastreando a situação e órgãos e tecidos  detectando desequilíbrios, antes que virem doenças.

(Detectar sinais fisiológicos no rosto é uma ciência chamada de Fisiognomonia. Em seu livro Bioenergética, Alexander Lowen diz: “A atitude do indivíduo em relação à vida ou seu estilo pessoal refletem-se no seu comportamento, em sua postura e no modo como se movimenta.”)

O pulso de Vata é rápido e irregular, igual ao deslizar da serpente. O de Pita é quente e ativo como os pulos de uma rã. A pulsação de Kapha é lenta, estável como um cisne nadando. 

Para o olhar treinado, o rosto é outro mapa do estado físico e emocional. Rugas revelam tudo!

(Pode ser perturbador, mas o médico ayurvédico encara profundamente o paciente quando em sua presença, para definir, somar, concluir o que está acontecendo com ele apenas com as pistas apresentadas no cenário físico do rosto.)

Se houver distúrbio, estará indicado na face, o espelho da mente. Da minha visão não escapa, por exemplo, aquela linha vertical entre as sobrancelhas (que eu tenho, chato...!) que, do lado direito indica emoções reprimidas no fígado, no lado esquerdo aponta problemas no baço (no meu caso, o descanso repõe a juventude...).

Depois do diagnóstico, monta-se um tratamento com dietas, massagens, exercícios e meditação ou remédios de ervas. Tudo para purificar corpo, mente e espírito.

(A medicina alopática consegue, pela rapidez, seus resultados. Mas um tratamento ayurvédico cuida com pouca ou nenhuma reação adversa o corpo. Isso, porque o local de nascimento do indivíduo ou, o local onde ocorreu a lesão, deve conter, sistematicamente, o antídoto do problema. Este é um ensinamento Teravada do Budismo, encontrado no livro Ensinamento dos Anciãos.)

O segredo da saúde, nessa medicina, é reconhecer, eliminar e reduzir a captação de toxinas, que bloqueiam o fluxo da energia vital. 

É claro que um médico pode fazer muito para que cheguemos lá, mas o auto-estudo é fundamental: cada um precisa aprender a ligar seu próprio detector de venenos.


Continua...


O Espírito das Árvores - Parte 4

(Em 2007 uma tempestade derrubou um eucalipto com mais de 30 anos de idade em Vitória da Conquista. O perfume que os jovens eucaliptos exalavam durante a madrugada nunca mais será sentido novamente.. Apesar da falta do cuidado da Prefeitura, a culpa foi colocada nas árvores, como dito em sessão da Câmara dos Vereadores: "Calçada não é lugar de árvores." - Assim, todas foram retiradas, num total de 7 árvores. Hoje a Av. Brumado é quente e o clima do Bairro Brasil foi completamente alterado...)

Plantar uma árvore é uma causa que gera resultados práticos, como melhoria da qualidade do ar e queda de temperatura, além de benefícios psicológicos.

Além disso, com o devido treino você pode perceber que uma árvore é tão viva e que produz respostas, tal como um animal pode produzir.

(Por outro lado, as praças da cidade que estavam abandonadas, nos últimos 5 anos revitalizaram-se. E, anualmente, feiras de plantas e flores são pontos de encontros para os amantes da natureza nas principais praças de Vitória da Conquista.)

Árvores Sagradas

A Sumaúma ou Seiva pectante, é arvore majestosa, de grande porte. Se espalha do sul do México ao Brasil e tem significado espiritual para muitos povos (inclusive os maias).

É uma das mais simbólicas e reverenciadas espécies da região porque faz uma ligação com o divino. 

(Árvore Sumaúma no porto de Vitória no Espírito Santo.)

Até por sua imponência, evoca a imagem de poder e proteção. Foi, e ainda é, plantada por algumas etnias próximo de áreas de cultivo para proteção espiritual e boas colheitas.

(Palmeiras Imperiais, este tipo ocorre apenas no Brasil. Apesar de existirem mais de 2.500 espécies de Palmeiras espalhadas pelo mundo todo, nenhuma e tão imponente quanto a Imperial. Estas foram plantadas pelo próprio Imperador Dom Pedro II. Como um estudioso e botânico, fundou o Jardim Botânico Real do Rio de Janeiro.)

O Brasil era conhecido pelos índios como Pindorama, ou Terra das Palmeiras. Os guaranis acreditavam que, durante o dilúvio universal, um casal conseguiu sobreviver subindo na copa de um pindô, ou Acrocomia totai, palmeira típica do Mato Grosso do Sul e Paraguai.

(Pindorama, árvore símbolo do Mato Grosso. Apesar de seus galhos serem finos, eles são bem resistentes e é uma ótima árvore para construir casas de árvores.)

O Casal de guaranis esperou as águas descerem e deu origem às espécies, segundo a visão cosmogônica deste povo.

(Curupira ou Caipora é um espírito protetor das florestas brasileiras. Existem relatos intrigantes de pessoas que se perderam e, algumas foram salvas e outras não.)

Curupira é o protetor da floresta, segundo as histórias de seringueiros. Se você se perde ou faz uma caça desordenada, ele amarra você na floresta.

A pessoa não vê mas sente.

(Duda Mendes, Antonio Teixeira Mendes)

Quando a árvore ainda está fazendo seu serviço para a natureza - tem uma paca usando ela, algum pássaro com ninho - se você a colher o curupira pega. 

Duda Mendes, primo de Chico Mendes, contou que ficou derrubado no chão, amarrado no pé da árvore, quando se enveredou na mata amazônica. Ele sentiu o pêlo do bicho e ficou lá, passando a noite amarrado ali.

(Jurema)

A Jurema ou Mimosa verrucosa, fazia parte dos rituais indígenas, mas foi absorvida pelos cultos afro-brasileiros - Catimbó, Candomblé, Umbanda.

A árvore tem propriedade alucinógena, e de suas raízes  raspas dos galhos, os pajés preparavam a bebida dos ritos de passagem e para fins medicinais. 

É das poucas árvores do semi-árido da caatinga, que, durante a estiagem, preserva a cor verde. 

Já foi sinônimo de feitiçaria e magia.

(Catuaba)

As características morfológicas influenciam na percepção das árvores. 

Os seringueiros do Acre acreditam que a catuaba, árvore com propriedades afrodisíacas, aparece como macho e como fêmea.

                                                           (Catuaba Macho)

Do ponto de vista botânico, não existe lógica para essa distinção, que eles baseiam em protuberâncias na casca da árvore. 

Se a protuberância tem a forma arredondada, como um seio, é fêmea; se a forma é fálica, a catuaba é macho. 

Então a árvore chamada de macho serve para o homem, e a chamada de fêmea é usada para a mulher.



A macieira era venerada por druidas e celtas (por ser típica de clima nórdico, evidentemente, ela não era a árvore do Jardim do Paraíso, afinal, ele geograficamente se encontrava na Ásia).

À Macieira foi atribuído o poder da imortalidade. 

Quando o Rei Arthur se feriu gravemente, viajou para a ilha mítica de Avalon, ou Ilha das Maçãs, para se curar. 

Até hoje o povo inglês preserva o ditado "Uma maçã por dia afasta o médico".

E também simbolizava a fertilidade: mulheres rolavam no solo ao redor da árvore para induzir a gravidez, ou lavavam suas mãos numa mistura feita com agua e sua seiva.

Assim, as árvores não apenas nos dão frutos, mas também nos dão a vida e o conhecimento. 


Fim.:.





A Cura Essencial - Parte 1

(O conceito básico da Medicina Ayurvédica é: Todo o remédio que seu corpo precisa, seu local de origem produz.)

O nome é áspero ao ouvido ocidental, a teoria é vasta e a embalagem, exótica... Mas a Ayurveda, ou "ciência da vida", é simples. 

Tem um pouco dela nos hábitos da roça, nos conselhos das mães e em toda cura baseada na observação da natureza, como a praticada pelos índios.

Antiguidade não é selo de qualidade. O que fascina na medicina indiana não é tanto a origem milenar mas a facilidade de se renovar e adaptar a culturas e épocas. Sua força não está no passado, tem a ver com o presente.

(Os primeiros contatos da medicina ayurvédica com o ocidente foi na invasão inglesa à Índia. Quando aquele país se tornou colônia britânica, a troca de informações e conhecimentos foram inevitáveis. Acima, uma ilustração publicada num dos vários artigos ingleses que mostravam as técnicas da medicina da vida.)

Hoje, a Ayurveda é a segunda razão que leva turistas à Índia (a primeira é a busca religiosa). Na Europa e nos Estados Unidos, há um mercado forte de remédios, temperos e cosméticos dessa linha terapêutica. 

Por aqui, a despeito de termos 80% das plantas usadas na Índia, a Ayurveda ainda é coisa spa de luxo e clínica de beleza. E é pena que um método preventivo e barato fique restrito à elite e à estética, quando até a Organização Mundial de Saúde o recomenda aos países pobres.

(O rejuvenescimento percebido pela Medicina Ayurvédica é obtido pela união de várias disciplinas: A meditação, que cuida do estado energético mental; A alimentação, que qualifica o tipo de energia que cada corpo precisa; e a prescrição de técnicas de tratamento que podem ser massagens até energizações e exercícios que equilibram o corpo, resultando na saúde do indivíduo.)

O rejuvenescimento é só o efeito mais vistoso de um sistema completo, que trata corpo, mente e espírito. De início, a teoria diz o óbvio: somos parte da natureza, devemos nos alinhar a ela para viver mais e melhor.

Saúde pede integração. E conhecimento.

A cartilha Ayurvédica classifica de "ignorância" a aceitação do mundo físico como única realidade. Nosso corpo (e toda a Criação) seria a manifestação restrita e transitória de uma consciência maior. A matéria é tida apenas como uma espécie de ilusão.

(Maya é a Deusa que impôs um véu de ilusão em tudo que cerca a vida dos encarnados. Seu objetivo é ludibriar os corações fracos e fortalecer os merecedores de uma nova chance de vida: A evolução é o grande prêmio para aqueles que atravessarem o véu de Maya.)

Essa concepção vem dos Vedas, os velhos textos hindus que nos mandam levantar o véu de "maya" (ilusão), ou seja, ver a essência por trás da aparência.

Por aqui essa história pode soar religiosa demais, mas - graças à Deus - o médico indiano Deepak Chopra já adaptou a coisa toda à mentalidade ocidental. 

(O médico Deepak, indiano de nascença, trouxe consigo os conceitos de saúde e equilíbrio, para os ocidentais. Seu grande sucesso na década de 90 se deveu ao fato dele entender a ansiedade ocidental por respostas imediatas e as vantagens da simplicidade indiana por tempo, espaço e equilíbrio.)

Usando conceitos da física de ponta, ele mostrou que a ayurveda não faz mágica quando altera a matéria alterando a energia, já que esta vem antes daquela. 

"O corpo físico é um rio de átomos, a mente é um rio de pensamentos e o que os mantém unidos é um rio de inteligência", escreveu ele no livro O Caminho da Cura (Editora Rocco).

Entrando no Fluxo

Chopra gosta de dar o exemplo dos ossos, que, apesar da aparente solidez, se renovam a cada três meses, célula por célula. É mais que um exemplo, é um alento para quem quer transformação.

Parece tarefa hercúlea mudar o corpo, o estado de espírito, a vida?

A ayurveda diz assim: 

Olha como tudo muda o tempo todo no universo, aproveite, entre no fluxo, seja o universo - e mude você também!

É essa "genial simplicidade" que torna a tradição tão atual! A física quântica já mostra que matéria e energia são uma coisa só. 

É a ciência atravessando o véu de Maya!

A consciência que move o mundo na visão ayuvédica, se manifesta por meio de Espaço, Ar, Fogo, Água e Terra.


(Os elementos da natureza são as principais ferramentas para construir uma nova mente e corpo na filosofia da Medicina Ayurvédica. Aquele que dominar esse poder será jovem e saudável.)

A "matéria-prima" é sempre essa, mas reunida de formas diferentes, o que resulta na diversidade que vemos. 

Comparar essa ideia é meio como assumir a responsabilidade pelo cosmo, porque se você e eu e tudo o mais somos os cinco elementos, estamos conectados para o bem e para o mal, sujeitos às mesmas forças.

Cada ação individual pode gerar saúde ou desequilíbrio, para o indivíduo e a humanidade inteira. Um pensamento negativo aqui causa um ato violento lá...


Continua...



O que é Eutonia?

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(Eutonia utiliza movimentos simples corrigindo-os e utilizando o menor uso da energia física possível para executá-los.)

É uma terapia que trabalha o corpo e a mente, fornecendo ao homem conhecimento e autonomia para realizar os movimentos cotidianos - sentar-se  levantar-se, repousar, empregar força - mas com o tônus muscular equilibrado, sem gerar tensões desnecessárias e economizando energia.

(Por meio de atividades simples o profissional fisioterapeuta eutonista pode identificar onde ocorre o erro no movimento e corrigi-los. A consciência do movimento é algo que surpreende...)

Por exemplo, para beber áua não é preciso contrair os ombros: os ossos, desenham o movimento limoe utilizam apnas os músculos necessários. 

De acordo com os princípios da eutonia, todos nascemos com o tônus correto, que nos sustenta e mantém vivos. 

(Quando estávamos fazendo nossa especialização em Medicina Ayuvérdica conhecemos, rapidamente, esta técnica interessante que pode ser muito útil para reabilitação de idosos e deficientes físicos.)

No entanto, o acúmulo de tensões e o desconhecimento da sua origem e localização no corpo, sobrecarregam algumas regiões, podendo gerar dor, má postura e problemas respiratórios. 

A técnica oi criada em 1940 pela bailarina e musicista alemã Gerda Alexander.

Vítima de endocardite (inflamação da membrana do coração), ela passou a estudar movimentos que não alteravam muito os ritmos cardíaco e respiratório, pesquisando a relação entre economia de esforço e qualidade de movimento. 

 (Os ossos do corpo e alguns dos mais de 300 nomes que os designam.)

O alicerce do método está no profundo conhecimento anatômico e funcional do sistema ósseo, considerado eixo do corpo, e da exploração sensorial da pele, verdadeira antena dos mundos interno e externo do organismo.


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O Espírito das Árvores - Parte 3

(Existem poucas florestas de sequóias no mundo atualmente. Apenas 3% do território mundial são habitadas por elas e apenas nos Estados Unidos. São sobreviventes pré-históricas das grandes plantas que viveram na Terra nos tempos jurássicos. Hoje em dia existe apenas uma espécie das 5 catalogadas até o momento.)

"Ao escrever estas palavras, com 25 anos de idade, completo mais de dois anos morando no topo de uma sequóia gigante de 1.000 anos e 60 metros de altura."

(Julia Hill, militando para salvar Luna.)

Essa frase é de Julia "Butterfly" Hill, na abertura do livro O legado de Luna, relato de sua experiência para salvar uma árvore - que, como vemos, tem nome: Luna - e um trecho dos 3% das florestas nativas de sequóias (as maiores árvores do planeta) que restam na costa oeste dos Estados Unidos. 

Julia é uma moderna veneradora de árvores e também uma das mais radicais.

(Julia, hoje, mais madura e vitoriosa, palestra no mundo todo sua experiência e continua sua milícia para salvar não apenas as sequóias, mas todas as florestas.)

Sua saga começou no dia em que viu as milenares sequóias pela primeira vez:a a majestade das árvores, algumas ali antes da chegada de Colombo na América, causaram nela uma profunda impressão.

(Veja a majestade do tronco da sequóia... Impressiona, realmente!)

Mas, diante de uma sequóia, isso acontece com todo mundo!

O que faz de Julia alguém especial é que, entre 1997 e 1999, ela viveu lá em cima, em uma plataforma coberta, do tamanho de uma cama de casal, sem tocar o chão. 



(Julia cuidando de Luna após ter sido quase seccionada.)

Resistiu sob fortes chuvas, ventanias, frio e o assédio de madeireiros, que a perturbavam dia e noite com helicópteros, sirenes, luzes e motosserras, tentando fazê-la desistir da empreitada. 

(As travas que escoram Luna até o dia de hoje.)

Seu exemplo de persistência e paixão ganhou as páginas e as telas dos noticiários do mundo inteiro. Por fim, houve um acordo com a empresa proprietária do terreno para que fosse poupado um trecho de 60 metros quadrados ao redor daquela grande árvore.

Um ano após a descida de Julia, Luna sofreu um atentado com uma motosserra. 

(Foto de Luna em 2011. A velha senhora continua forte e ainda hoje agrônomos e técnicos ambientais visitam-na todos os meses para observarem seu progresso. Luna ajudou aos profissionais ambientais a criarem técnicas de cuidado e sobrevivência em árvores onde não havia sequer suposições...)

Coisa profissional: o tronco foi cortado na base, em 60% da base da sua área. Um grupo de especialistas veio em socorro e, mesmo sem restituir a força natural da velha senhora, conseguiu escorá-la para que continuasse viva. 

"Embora símbolos possam ser atacados", comentou Julia após o incidente, "o que eles representam nunca será destruído. Quando Luna tombar, irá fertilizar o solo da floresta e dar vez e nova vida."

(O jequitibá é a sequóia brasileira. Sua espécie é a maior árvore de nossa flora. A maior de sua espécie é o jequitibá de Santa Rita do Passo Quatro, interior de São Paulo.) 

Dá para dizer que Julia age de maneira amiga, completa, perene - como uma árvore. 

No Brasil, há bastante gente apaixonada por árvores!

(Harri Lorenzi com Regina Casé em seu Jardim Botânico.)

Como o agrônomo Harri Lorenzi, que passou 10 anos pesquisando para catalogar 1.500 de nossas espécies, guiado pelo anseio de preservar e compartilhar o conhecimento. 

Seu livro, em três volumes, Árvores do Brasil lançado em 1992, já vendeu pelo menos 200.000 cópias.

 (Os livros de Harri são referência no mundo todo.)

Seu maior feito é a sistemática e precisa catalogação, que lista nomes populares e científicos de cada árvore, os usos da madeira, o local de ocorrência, a descrição morfológica. 

E tudo com fotos!

O detalhe e o apuro da obra estimularam o surgimento de uma legião de dendrólatras, pessoas que, a partir de um maior conhecimento das árvores brasileiras, passaram a se dedicar a elas conscientemente. 

(Harry Lorenzi)

Hoje, Harri Lorenzi está à frente do Instituto Plantarum, um centro de pesquisa em Odessa, interior de São Paulo, e de um jardim botânico que conta com cerca de 10.000 espécies.

 (Jardim Botânico Plantarum, 80 mil metros quadrados dentro da área urbana de Odessa, interior de São Paulo.)

"Temos muita árvores, algumas raras, outras quase extintas. A gente procura trazer todas para cá e cultivá-las, para então disseminar seu plantio", ele compartilha em seu livro. 


Continua...



Aranel Ithil Dior