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Os Templários - Os Guerreiros Cristãos - Parte 4

Dom Diniz

A Queda 

Um desastre como a perda da Terra Santa costuma ser a deixa para buscar um bode expiratório, e boa parte dos dedos da Europa se puseram a apontar para os templários e hospitalários. A falta de obediência, a rivalidade entre elas e até uma suposta falta de coragem foram duramente criticadas, e muitos intelectuais e religiosos propunham que elas fossem fundidas, ou então dissolvidas para que se criasse uma nova ordem. Os templários, liderados por um novo grão-mestre, Jacques de Molay, resistiram a essas medidas. E, por algum tempo, o papado ficou do lado deles, ajudando mesmo a arrecadar novos fundos para combates no Oriente.

Na época, a França era o reino mais poderoso da Europa, e seu soberano, Filipe, o Belo, tinha seus próprios planos para o papado e os templários. Sua influência sobre a Igreja levou à eleição de um francês, Clemente 5º, como papa em 1305. 

Clemente nem chegou a ir para Roma, passando toda a sua carreira na França. Logo ficou claro que Filipe exercia pressão para garantir seus interesses.

Um dos projetos do rei era unir as ordens, de preferência transformando a si mesmo em grão-mestre, e assim liderar uma nova cruzada para retomar Jerusalém. O plano não foi em frente e Filipe decidiu tomar medidas drásticas: em 1307, ordenou secretamente a prisão de todos os 15 mil templários da França. As razões exatas para que resolvesse acabar com o Templo não são muito claras, mas tudo indica que ele desejava tomar posse das consideráveis propriedades deles e talvez visse as derrotas da Terra Santa como uma deixa propícia para atacar.

O próprio Jacques de Molay foi preso dias depois de ajudar a carregar o caixão da cunhada do rei. Para ter uma idéia da ingenuidade do chefe templário, ele tinha pedido ao papa, no mesmo ano, que investigasse alguns boatos caluniosos contra os templários - pelo o que podemos concluir, já era a campanha difamatória de Filipe em ação. A acusação oficial era previsível: heresia.

Crimes "horríveis de contemplar, terríveis de ouvir, uma obra abominável, uma desgraça detestável, uma coisa inumana, na verdade desprezada por toda a humanidade", diz a ordem de prisão.

A linguagem deixa claro que tudo não passava de perseguição política. Era uma receita prática para se livrar de gente incômoda. Tanto é assim que as acusações - renegar Cristo e cuspir em suas imagens, praticar sodomia ritual e adorar um misterioso ídolo de 3 cabeças ou com forma de gato ou bode chamado Baphomet - aparecem, com poucas mudanças, em todos os outros processos contra heréticos da época. Quase nenhum historiador vê traços de verdade nessas histórias.

Há quem suponha que Baphomet fosse, na verdade, a relíquia de algum santo, ou que a negação de Cristo fosse parte de técnicas templárias para escapar com vida das prisões muçulmanas fingindo ter se convertido, mas a história da ordem não parece apoiar essas especulações.

O fato é que até o papa Clemente 5° criticou as prisões arbitrárias. Um processo papal foi instalado para averiguar as acusações - muitos templários confessaram sua culpa induzidos por tortura e depois voltaram atrás diante dos enviados de Clemente. A idéia foi corajosa, mas resultou na morte de 54 mortes da ordem: segundo as regras da Inquisição, hereges confessos que voltassem atrás deveriam ser imediatamente executados. Jacques de Molay, que era analfabeto e pelo visto não muito estrategista, disse que não tinha estudo suficiente para servir de advogado da ordem. ficou à espera de que o papa o salvasse.

A investigação papal em toda a Eurpa achou pouquíssimas provas de heresia. Mas a pressão de Filipe continuava, e Clemente 5º acabou concordando com a dissolução da ordem em 1311. O rei conseguiu alguns bens dos templários, mas de forma clandestina: a decisão do papa foi legá-los aos hospitlários, enquanto os ex-cavaleiros entravam para mosteiros de outras ordens ou se tornavam mercenários.

Mesmo extintos, os templários ainda dariam origem a mais uma lenda: a de que a perseguição apenas fez os membros mais importantes sair de cena e continuar a promover seus interesses místicos em segredo. Para isso, teriam se ligado ao Priorado de Sião, uma ordem que permaneceria até hoje e que teria tido, entre seus líderes, o pintor Leonardo Da Vinci e o físico Isaac Newton.

O grupo guardaria os principais segredos da origem do cristianismo, como o Graal e a linhagem de supostos descendentes de Jesus e Maria Madalena. A história, divulgada em livros como O Código da Vinci, é uma das principais rsponsáveis pelo renascimento do interesse nos templários. O problema é que documentos que provem a existência do Priorado de Sião são raríssimos, e os que os ligam aos templários, inexistentes. Para os pesquisadores, nada disso faz sentido, mas a dúvida ainda continua, seduzindo até os mais céticos em muitos pontos dessa história.

[Nota: "Todo louco mais cedo ou mais tarde acaba vindo com essa dos templários. Há também loucos sem templários, mas os de templários são mais traiçoeiros", diz um dos personagens do romance O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco. 

Tantas obras com tão poucas pesquisas foram escritas sobre esses cavaleiros nos últimos 250 anos que quase se tem a impressão e que toda a conspiração precisa de alguma forma envolver a ordem. A maçonaria, por exemplo, teria se originado de mestres pedreiros que aprenderam com os templários as técnicas secretas que guiaram a construção do Templo de Salomão.

Os supostos rituais heréticos em torno de Baphomet seriam, na verdade, a adoração da cabeça embalsamada de Jesus Cristo. A lista não tem fim, mas até onde os historiadores puderam pesquisar, não há nenhuma evidência confiável nessas teorias.

Mas por que, justamente os templários despertariam tantas lendas? Um dos fatores que deve ter estimulado é a paixão dos escritores românticos do século 19 por coisas medievais, pois os mitos, na verdade, se originaram nessa época.

Outro fator é a falta de fontes sobre os anos iniciais dos templários. Isso dá aos criadores de lendas muito espaço para trabalhar. O fim a ordem também não ajudou: várias da acusações falsas feitas a eles por Filipe, o Belo, acabaram reforçando a idéia de que os cavaleiros seguiam algum tipo de culto místico pré-cristão. E a lenda permanece até hoje...]

O fim dos templários, no entanto, não foi desprovido de mistério. Na cadeia, Jacques de Molay e seu companheiro Geoffroy de Charney tiveram um último gesto de coragem: renegaram sua confissão de heresia. E, numa pequena ilha do rio Sena, os dois pereceram na fogueira em 1314. Reza a lenda que Jacques de Molay convocou o rei e o papa a comparecer diante do tribunal de Deus antes que o ano terminasse. Pelo visto, praga de templário pega: Filipe o Belo, e Clemente 5º morreram antes de 1314 findasse.

[Nota: A perseguição não atingiu da mesma maneira os templários de toda a Europa. Fora da França, a tortura foi menos usada para extrair confissões dos cavaleiros. Por isso, pode-se supor que foi com a honra intacta que alguns deles ingressaram na nova ordem criada por Dom Dinis, rei de Portugal, em 1318: A Ordem de Cristo.

Na verdade, não há consenso entre os historiadores sobre a composição da nova confraria: para alguns, os templários portugueses (presentes no país desde os tempos de Hugo de Payns) teriam trocado de nome. De qualquer maneira, a Ordem de Cristo herdou todas as propriedades e fortalezas de sua antecessora, assim como os votos de pobreza, castidade e obediência (ao rei de Portugal).

Ao longo do século seguinte, os consideráveis recursos militares e econômicos da ordem, que passou a ser comandada pelo infante (príncipe) Dom Henrique, foram direcionados para a expansão marítima portuguesa, que estava ganhando impulso.

A Ordem de Cristo ganharia soberenia sobre os territórios que conquistasse na África, bem como direito a 5% do valor das mercadorias vinda da região.

Novas mudanças liberavam os cavaleiros de seu voto de castidade e pobreza, permitindo que navegadores como Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama se tornassem membros da Ordem de Cristo.

Os navios que aportaram no Brasil pela primeira vez traziam em suas velas o emblema da confraria, aparentemente uma versão modificada da antiga cruz templária.] 

Referências Bibliográficas

Os Templários, de Piers Paul Read , ed. Imago, 2000

Templários - Os Cavaleiros de Deus, de Alain Demurger, ed. Jorge Zahar, 2002

História Ilustrada das Cruzadas - W.B.Bartlett, Ediouro, 2003

Carta de São Bernardo ao Fundador dos Templários - faculty.smu.edu/bwheeler/chivalry/bernard.html

deos-Documentários





 

Os Templários - Os Guerreiros Cristãos - Parte 3


Apogeu e Declínio 

"A partir de 1150, o progresso da Ordem é claro", diz Knox. Para o historiador, a ordem tinha uma vantagem na desorganização que era a Terra Santa na época: ao contrário das grandes famílias de nobres, a morte individual de membros ou herdeiros era incapaz de destruí-la, e as batalhas vencidas não traziam reputação para um único membro, mas para toda a confraria.

São vantagens aliás, compartilhadas pelo outro grupo de monges-guerreiros da época, os hospitalários, com os quais os templários tinham de conviver na Palestina e o Ocidente. O grupo surgiu algumas décadas antes do Templo e seus propósitos iniciais eram, como o nome indica, dar assistência médica e espiritual aos peregrinos que chegavam a Jerusalém. Com o problema da insegurança, porém, ela passou a oferecer também outro serviço: escolta pelos caminhos da Palestina.

De forma parecida com o Templo, foi ganhando controle de fortalezas e castelos. Não é à toa que as duas ordens tenham sido rivais e batido cabeça de vez em quando. 

O dia-a-dia dos templários, a julgar pela regra da ordem, não era muito diferente do de qualquer outro monge. As normas eram duras. Havia dezenas de orações a serem pronunciadas diariamente, e datas semanais e anuais de abstinência de carne ou jejum total. Era proibido fazer a barba, caçar (leões eram permitidos), possuir mais de 3 cavalos (o grão-mestre podia ter 4) e, principalmente, ter qualquer contato com mulheres.

A paranóia em relação ao sexo feminino é típica da Idade Média, mas a regra templária era extremamente rígida. Eis o que diz: " A companhia de mulheres é uma coisa perigosa, pois por causa dela o velho Diabo tem desviado muitos do reto caminho do paraíso." E ainda especificava as mulheres que não se devia beijar: "Viúva, moça, mãe, irmã tia ou outra qualquer". 

Os domitórios tinham de ficar sempre iluminados de dia ou de noite e era preciso dormir de calças e botas - supostamente para que os cavaleiros estivessem sempre prontos para sair à luta.

Em batalha, os templários eram sempre os primeiros a avançar e os últimos a recuar, e a ordem normalmente não pagava resgates caso um de seus homens fosse capturado. Na prática, isso significava que sempre uma sentença de morte para o cavaleiro aprisionado. As punições para quem fizesse algo errado em batalha eram severas: ser açoitado, posto a ferros ou obrigado a comer comida do chão, feito cachorro. Os detalhes da ordem não podiam ser comentados fora do mosteiro: ela gostava de manter segredo sobre seus planos, o que deu munição, mais tarde, para que seus inimigos afirmassem que ela praticava rituais sinistro ou imorais.

A prosperidade da ordem fez os templários se afastar da missão inicial: proteger os peregrinos. Ao lado dos hospitalários, os cavaleiros do Templo se tornaram a espinha dorsal do Exército do Reino de Jerusalém. No Ocidente, a ordem virou o protótipo dos bancos atuais, emprestando seus consideráveis bens a juros. 

[Nota: Nos primórdios dos bancos europeus - quando a expressão "fazer um depósito" significava literalmente depositar metais preciosos, cereais ou até escravos numa instalação segura pra que eles fossem guardados -, os templários desempenhavam papel fundamental para a economia do Ocidente e da Terra Santa. é difícil saber exatamente como eles acabaram abraçando esse negócio, embora a própria natureza da ordem favorecesse esse caminho, de certa forma.

"Assim como aconteceu em outra épocas em cidades como Veneza e Gênova, estar dividido entre dois centros econômicos parece levar de forma bastante natural à necessidade de desenvolver mecanismos para transferir grandes quantidades de dinheiro entre um lugar e outro", diz Ellis, "Skip" Knox, da Universidade de Boise, EUA.

Os serviços oferecidos pela ordem eram variados e, segundo a reputação deles na época, confiáveis. Um nobre que fizesse uma doação em dinheiro ou terra para os templários podia estipular, por exemplo, que a quantia ou o imóvel devia ser utilizado para prover o sustento de sua esposa e filhos quando ele morresse.

Quem depositasse bens numa casa templária do Ocidente e rumasse para a Terra Santa tinha o direito de retirar quantias equivalentes quando chegasse lá. E, por quase sempre dispor de somas substanciais de dinheiro vivo, a ordem estava em posição privilegiada de realizar empréstimos, criando uma clientela fiel entre a alta nobreza e o clero. Um detalhe interessante é que os empréstimos, claro, eram feitos a juros - prática condenada oficialmente pela igreja da época.] 

A nova situação da ordem atraiu críticas. Muita gente começou a achar estranho que sujeitos auto-nominados de "pobres cavaleiros de Cristo" fossem donos de cerca de 9 mil propriedades na Europa e Palestina. Já os soberanos de Jerusalém, depois de perceber que precisavam negociar com os muçulmanos se quisessem permanece na região, reclamavam da desobediência e da teimosia dos templários. 

"Intolerantes? Com certeza, embora até os templários estivessem dispostos a lutar ao lado de mulçulmanos se um perigo maior estivesse presente. Teimosos? Sim, e eram famosos por isso. Temerários? Bem, sim, mas muitos outros cavaleiros também o eram. As pessoas da época, inclusive os muçulmanos, chamavam isso de bravura", diz Knox. 

O fato é que as supostas falhas de caráter dos templários não foram tão importantes enquanto o reino de Jerusalém estava bem politicamente. A situação, porém, foi se alterando ao longo dos anos de 1170, com a chegada ao poder do líder muçulmano Saladino. Ele conseguiu trazer para o seu controle tanto a Síria quanto o Egito, deixando as terras cruzadas, na prática, cercadas por um único império.

O estopim para a guerra total veio quando uma força liderada pelo filho de Saladino pediu permissão para atravessar pacificamente a Galiléia e o senhor da região, Raimundo de Trípoli, a concedeu. 

Mas o grão-mestre de então Gérard de Ridefort, ao saber do fato, resolveu emboscar os islâmicos. Tanto o chefe dos hospitalários quanto o vice de Ridefort, marechal Jacques de Mailly, tentaram fazer com que ele desistisse, porque o Exército muçulmano era grande. Ridefort acusou a dupla de covardia e ainda cutucou Mailly: "Vós amais em demasia vossa cabeça loura para querer perdê-la". E partiu para o ataque com só 90 cavaleiros.

Se havia algum covarde ali, certamente não era Jacques de Mailly, que morreu lutando no mesmo dia. Já Ridefort tomou uma sova e fugiu, enquanto o furioso Saladino reunia sua força total para atacar o reino. A batalha decisiva varreu do mapa as forças cristãs. Saladino poupou o rei e o grão-mestre dos templários, mas não os demais monges-cavaleiros. Ao amanhecer, 230 cavaleiros do Templo foram decapitados. Em 2 de outubro de 1187, Saladino entrou triunfalmente em Jerusalém. 

Não era o fim - ainda. Os cristãos mantiveram algumas possessões no litoral da Palestina e foram reconquistando o território, chegando até a retomar Jerusalém por um tempo. Ao longo do século 13, porém , as forças se tornaram dependentes da vinda constante de cruzados da Europa e da desorganização dos muçulmanos. O reino foi se tornando cada vez mais pequeno e mudou sua capital para a cisade de Acre, onde recaiu ao ataque decisivo muçulmano, em 1291.

A bravura da ordem se revelou como nunca: o próprio grão-mestre, Guilherme de Beaujeu, morreu em combate. Quando os cristãos evacuaram a Terra Santa, a última fortaleza a resistir, por cerca de 12 anos, era templária e ficava na ilha de Ruad. No fim, porém, a única saída foi abandoná-la.




Continua...

Os Templários - Os Guerreiros Cristãos - Parte 2


Em teoria, A Terra Santa agora era segura para os muitos peregrinos que vinham da Europa. Na prática, o que os primeiros cruzados conseguiram foi um punhado de cidades que permanceram cercadas por um mar de mulçumanos.

A segurança dos peregrinos e dos comerciantes era um problema crônico. O devoto escandinavo Saewulf, que viajou para Jerusalém em 1102, conta que "os sarracenos (mulçumanos) estão sempre armando ciladas para os cristãos (...). à espreita dos que podem atacar por estarem em grupo pequeno ou daqueles que por cansaço ficam para trás. O número de corpos humanos que jazem, despedaçados por bestas selvagens..." 

O Perigo faz alguns nobres tentarem fazer algo pela defeza da Cidade Santa mesmo depois de conquistada. Um desses nobres era um cavaleiro do norte da França chamado Hugo de Payns, até então um ilustre desconhecido. Não se sabe exatamente quando nem o por que que Hugo foi parar em Jerusalém. Alguns relatos dizem que era viúvo e decidira se dedicar a Deus depois da morte da esposa.

Outros historiadores falam de um massacre especialmente sangrento de peregrinos, que aconteceu na Páscoa de 1119 e levou o rei de Jerusalém, Balduíno II, a estimular a formação de uma milícia que protegesse os fiéis - chefiada por Hugo.

Seja como for, o fato é que, naquele mesmo ano, ele e outros 8 companheiros (a lista dos nomes ainda existe, e todos parecem ter vindo da nobreza da França) fizeram um juramento sagrado. Os votos eram exatamente os mesmos que qualquer monge do séc. 12 ou de hoje: pobreza, obediência e castidade. Mas a missão deles era surpreendente: assegurar, de espada na mão, que os peregrinos tivessem acesso sem medo aos lugares sagrados. 

O rei Balduíno II lhes deu como residência parte do que ele julgava ser o Templo de Salomão - na verdade, era a Cúpula da Rocha, e a mesquita Al-Aqsa, construída pelos mulçumanos no lugar onde o templo havia existido na época de Jesus. Eis a origem do nome "templário" - o lugar ficou tão identificado com a ordem que muitos se referiam à ela como "o Templo".

É aqui que as lendas sobre os templários começam a funcinar a todo vapor. Pouco se ouve falar das atividades deles, coisa que na verdade, atrapalha bastante quem tenta entender como a ordem evoluiu nesse momento crucial. "Os documentos sobre essa fase da história deles são escassos. De 1120 até 1140, tudo é especulativo", diz Ellis, "Ksip" Knox, da Universidade Estadual de Boise, EUA.

Tanto assim que os mais empolgados falam de uma escavação secreta no terreno do velho templo: Hugo e seus cavaleiros teriam descoberto algum segredo dos primórdios da cristandade bem debaixo do seu quartel. Só alguns nobres de alto escalão teriam sido inofrmados do "achado" e o acobertaram, com o consentimento da ordem. Infelizmente, não temos como saber que tipo de segredo era aquele, porque cada teórico da conspiração tem seu artefato favorito.

Alguns falam das relíquias sagradas do templo judaico, outros, do santo graal; há os que apostam na própria cabeça embalsamada de Jesus Cristo, provando que ele não tinha ressuscitado nem era divino.

Os mais modestos sugerem que as ruínas do templo deram à ordem conhecimentos secretos, sobre a natureza mística da arquitetura, como forma de criar espaços sagrados e de se comunicar com Deus, ciência até hoje estudada, conhecida como Geomancia. Essa sabedoria, depois, teria sido passada à maçonaria, que originalmente era uma confraria de mestres construtores.

Para a maioria dos historiadores, porém o motivo do silêncio sobre a ordem nesses primeiros anos é bem menos empolgante: ela ainda não tinha alcançado muita importância e organização. Porém, pouco a pouco, a combinação de ajuda de patronos poderosos e uma boa dose de coragem em batalha começou lentamente a aumentar o poder templário. 


Em 1129, Hugo de Payns, então já conhecido pelo título de Grão-Mestre (chefe supremo) dos templários, viajou para o Ocidente para procurar recrutas e buscar apoio oficial da Igreja. E conseguiu atrair para o seu lado o monge francês Bernardo, abade de Clairvaux (canonizado como São Bernardo). O monge era provavelmente o intelectual mais influente da Europa, capaz de convencer papas e imperadores, e também um místico apaixonado. Em resumo: um trator. "O que Bernardo atacasse estava fadado ao fracasso; o que ele aprovasse, florescia" diz Edward Burman, da Universidade de Leeds, Reino Unido, em seu livro, Templários - Os cavaleiros de Deus.


Bernardo conseguiu a bênção oficial do papa para a ordem. Também elaboraou para ela um conjunto de normas de conduta diária, indispensável para qualquer comunidade religiosa da época. Ainda havia gente dentro da Igreja que não era exatamente fã da idéia de monges matando em nome da fé. O futuro santo escreveu então uma carta em que justificava, com toda a visão teológica da época, a guerra em defesa de Jesus: "O soldado de Cristo (...) é o instrumento de Deus para a punição dos malfeitores e para a defesa dos justos. Na verdade, quando ele mata malfeitores, não se trata de homícídio, mas de malicídio". afirma Bernardo no Livro para os Soldados do Templo - Do Louvor do Novo Exército


Completando o sucesso da missão de Hugo, nobres europeus de vários países fizeram doações de terras e rendas para os templários. A ordem virou uma instuição realmente internacional, e a única autoridade que realmente estava acima do grão-mestre era o papa. 


Continua...



Os Templários - Os Guerreiros Cristãos - Parte 1



Parecia que depois de meses de cerco na Palestina, a vontade de Deus finalmente se revelava aos cruzados que em 1153 tentavam tomar a ciadade de Ascalon. O fogo ateado pelos próprios mulçumanos que defendiam a cidade tinha se voltado contra eles e começava rachar a pedras da muralha, abrindo uma enorme brecha. 

Sem pestanejar, 40 caveleiros da Ordem dos Templários seguiram o aparente sinal divino e avançaram para tomar a cidade, enquanto outros membros da ordem barraram a passagem do restante do exército cristão - a glória, pensaram, seria só deles.

Em poucos minutos, porém os islâmicos se deram conta de que lutavam contra apenas um punhado de cavaleiros, cercando e massacrando a todos. Os corpos dos templários foram pendurados sobre a brecha consertada da muralha e Ascalon só passou para as mãos dos cruzados meses depois, por meio de um acordo.

Há quem diga que os erros dos cavaleiros foi aumentanda por cronistas que não iam muito com o propósito dos templários, mas ela exemplifica com perfeição as características da mais lendária das ordens de cavalaria.

Os templários, monges-guerreiros ferozmente fiéis à Igreja e donos de uma coragem que podia chegar às raias do suicídio, foram também os primeiros banqueiros da Europa, credores de nobres e papas e senhores de terras. Foram perseguidos, exterminados e deixaram um rastro de lendas e mistério. Esta é a história deles. 

As Origens 

Os templários - o nome completo é Ordem dos Pobres Cavalkeiros de Cristo e do templo de Salomão - surgiram das cruzadas, o movimento que levou dezenas de milhares de europeus para lutar na Palestina e a recolocar sob domínio cristão a terra onde Jesus nasceu e morreu.

Para os que embarcaram na empreitada, enfrentar a morte em batalha por Cristo, significava uma passagem segura para o paraíso. Organização e planejamento nunca foram o forte desses gerreiros: Desconheciam a Palestina e cometeram muitos erros.

Entretanto, existem várias teorias da conspiração que afirmam que os templários, estavam lá por algum motivo: Se era por causa de Maria Madalena, ou o Cálice, ou até mesmo, um tesouro é difícil saber. Mas o que sabemos com certeza, é que esta ordem foi, designada para tomar Jerusalém, e para restabelecer o reino para um Rei, se era para os próprios nobres de Jerusalém, é difícil saber, mas as evidências apontam, que esta ordem seguia um script bem delineado, assim que deixaram a Europa.

Eles iriam libertar Jerusalém, iriam desalojar os mulçumanos e estabelecer o reinado. Mas a quem? Muitos acreditam em nobres do sul da França...

Continua...

Começaremos nestes próximo dias uma empreitada difícil em rumo da Terra Santa e aos Templários.

Acompanhem!

ARANEL DIOR.

As Religiões do Mundo - A Umbanda


Umbanda é a religião dos negros iorubás na Bahia que consiste sobretudo em grandes festas aos orixás.

UMBANDA

A palavra Umbanda é um vocábulo sagrado da língua Abanheenga, que era falada pelos integrantes do tronco Tupy. Diferentemente do que alguns acreditam, este termo não foi trazido da África pelos escravos.

Na verdade, encontram-se registros de sua utilização apenas depois de 1934, entre os cultos de origem afro-ameríndia. Antes disto, somente alguns radicais eram reconhecidos na Ásia e África, porém sem a conotação de um Sistema de Conhecimento baseado na apreensão sintética da Filosofia, da Ciência, da Arte e da Religião.

O termo Umbanda, considerado a “Palavra Perdida” de Agartha, foi revelado por Espíritos integrantes da Confraria dos Espíritos Ancestrais.

Estes espíritos são Seres que há muito não encarnam por terem atingido um alto grau de evolução, mas dignam-se em baixar nos templos de Umbanda para trazer a Luz do Conhecimento, em nome de Oxalá – O Cristo Jesus.

Utilizam-se da mediunidade de encarnados previamente comprometidos em servir de veículos para sua manifestação.

Os radicais que compõem o mote UMBANDA são, respectivamente: AUM – BAN – DAN. Sua tradução pode ser comprovada através do alfabeto Adâmico ou Vattânico revelado ao Ocidente pelo Marquês Alexandre Saint-Yves d'Alveydre, na sua obra “O ARQUEÔMETRO”.

AUM significa “A DIVINDADE SUPREMA”
BAN significa “CONJUNTO OU SISTEMA”
DAN significa “REGRA OU LEI”

A UNIÃO destes princípios radicais, ou AUMBANDAN, significa “O CONJUNTO DAS LEIS DIVINAS”.

Portanto, o AUMBANDAN ou CONJUNTO DAS LEIS DIVINAS é a PROTO-SÍNTESE CÓSMICA, encerra em si os princípios geradores do Universo, que são a SABEDORIA e o AMOR DIVINOS.

Estende-se ao Ser Humano como a PROTO-SÍNTESE RELIGIO-CIENTÍFICA que contem e dá origem aos quatro pilares do conhecimento humano, ditos como FILOSOFIA, CIÊNCIA, ARTE E RELIGIÃO.

Pelo acima exposto, entendemos que a Umbanda é patrimônio dos Seres Espirituais de Alta Evolução que governam o Planeta Terra, os Seres Humanos encarnados e desencarnados são herdeiros deste Conhecimento-Uno.

Entretanto, a aquisição deste conhecimento cósmico depende de condições ou pré-requisitos que o indivíduo deve possuir para que possa compreender a extensão e significado deste patrimônio. Deve ser, também, capaz de participar efetivamente da marcha evolutiva do Planeta como um espírito de horizontes largos e consciência cósmica.

Os sete nomes principais que atribuíamos aos Orixás Ancestrais na Umbanda Esotérica: Oxalá, Ogum, Oxossi, Xango, Yemanjá, Yori e Yorimá.

Têm raízes de etnias africanas Bantu e Sudanesa, bem como raiz da raça Tupi-Guarani brasileira e raízes de Egípcio-Heleno-Semita, compondo os Três Pilares da Umbanda Esotérica, constituindo-se na Filosofia das Forças Vitais da Natureza.

Orisa Orunmila Ifa na Umbanda Esotérica tem a denominação de “Yorimá”, o qual, neste credo, é “patrono” da Falange dos “Pretos-velhos”.

Primeiramente, existia a figura do Orisa Obaluaiye, o Senhor da Terra da Vida, e, acima dele, a do Orisa Orunmila Ifa, o Senhor dos Destinos Humanos.

A denominação “Yori” atribuída à Falange das “Crianças” da Umbanda e cujos “patronos” são São Cosme e São Damião, havia eclipsado os Gêmeos Sagrados Ibeji, chamados Taiwo e Kehinde. Também os Ere e os Tobossi africanos haviam sido sincretizados no terceiro gêmeo africano – Idowu – aquele que, na Umbanda, é conhecido por “Doum”.

A partir dessa síntese, em termos de Umbanda Esotérica, as denominações Tupan, Zambi, Olorun e Jeovah são nomes diferentes nos quais diferentes raças expressam o mesmo conceito de Deus Único, Onipotente e Onipresente!

E quer os chamemos por Guaracy, Yacy e Rudá – Xangô, Yemanjá e Yori – São Gerônimo, N.S. da Conceição e São Cosme e São Damião, todos são Seres Espirituais de Origem Divina para os que assim os chamam e que todos eles, incluídos os demais restantes, eu posso agrupar sob a denominação genérica e atual de Orixás Ancestrais, sem com isso estar ofendendo, por diminuir ou engrandecer, nenhuma corrente religiosa. O ponto de semelhança entre eles é inquestionável em sua grandeza: Deus!

Para saber mais:
Umbanda – www.umbanda.org
Aumbhandan – www.aumbhandan.org.br

Aqui terminamos mais um estudo sobre as principais religiões do  Mundo. Espero que estes textos possam trazer sabedoria e luz, mas principalmente o respeito por todas as entidades que nada mais são que diferentes caminhos em busca do Soberano, o Uno dentre todos os seres viventes do Universo. 
Muita luz e paz para todos nossos visitantes.


Os Orixás - Os deuses africanos - Parte 4

OXÓSSI

Guerreiro destemido, viril e aventureiro, senhor das matas e dos espíritos da floresta, Oxóssi é o mais belo dos orixás masculinos. Indomável, ele conquista o coração das mulheres, mas mostra-se indiferente às investidas amorosas, pois, Oxóssi acredita no amor estável, por isso, só quando ama revela sua face de amante sincero e dedicado.

Dizem que, quando Oxum o rejeitou, ele se refugiou na floresta, triste e solitário. Exatamente a atitude que se poderia esperar de um orixá discreto, introvertido e acima de tudo, honesto consigo e com os outros.

Sua franqueza, no entanto, chega a ser constrangedora. Ele não tem jogo de cintura e não se incomoda com isso. Não faz questão de ser hábil no trabalho com as pessoas. O que lhe importa é a sinceridade, a verdade, custe o que custar e doa a quem doer.

Modesto, um filho de Oxóssi, como o pai, jamais tentará fazer sua opinião prevalecer, tampouco, se considerará sábio, apesar do vasto conhecimento adquirido graças à sua intensa atividade intelectual. Refinado, tem bom gosto, o que confere elegância e nobreza a seu charme natural.

Essa fineza quase aristocrática, no entanto, pode muitas vezes levar à impressão de se estar diante de alguém sem interesse nem entusiasmo, não poderia haver engano maior. Oxóssi é cheio de iniciativa e sabe o que quer. 

Para o orixá lunar que acolhe e alimenta, a palavra-chave é a proteção.

Elemento: Terra

Dia: quinta-feira

Cor: azul-turquesa

Signo: Câncer


OXUM

Vaidosa e dengosa, Oxum é a mais bela das orixás. Adora se arrumar e toda a hora admira a própria beleza diante do espelho. Não é para menos, elegante e graciosa, ela usa esses artifícios para conseguir o que quer. Está sempre cercada de admiradores, que resolvem todos os seus problemas.

Doce e meiga, Oxum também pode ser preguiçosa, indecisa e superficial, o que acaba se tornando uma virtude. Não interfere na vida de ninguém e adora crianças. É símbolo da maternidade e da gestação, protege as mulheres grávidas e seus bebês.

Essa Oxum maternal, no entanto, contrapõe-se à Oxum sedutora, que age com falsidade para atingir seus objetivos, principalmente no amor. Identificada com a deusa do amor, curte o luxo, a riqueza e os prazeres da mesa, sua palavra-chave é o valor.

Como ninguém, ela sabe esconder seu lado negativo, passa só a imagem de mulher maternal e agradável, amada por todos.

Elemento: Água

Dia: sábado

Cor: amarelo

Signo: Touro


OXUMARÉ

Nunca ouse confiar num filho de Oxumaré, esse orixá do movimento que, a exemplo de Logum-Edé, o orixá adolescente, passa metade do ano como princesa e a outra metade como príncipe, ou como um demônio terrível, como afirmam os que já provaram de seu sarcasmo e falsidade. Porque Oxumaré derrama-se em gentilezas e sorrisos pela frente para depois maldizer pelas costas.

Elegantes, irônicos, amantes da riqueza e do luxo, Oxumaré e seus filhos tem o ar de superioridade e desdém de quem se acha o máximo. Adoram as fofocas e são extremamente divertidos. Não há quem resista a suas histórias, que eles sabem contar como ninguém.

Apesar de tudo isso, Oxumaré tem um lado forte e generoso. Força que governa a vida, orixá da fertilidade, da arte, da cura e da abundância, ele tem como símbolo uma serpente que morde a própria cauda, o que simboliza a perpetuação da espécie. Como arco-íris, liga a Terra dos homens ao órun, mundo sobrenatural dos orixás. Criou as montanhas, traçou o curso dos rios e escavou canais. E, ao girar em torno da Terra, põe os corpos celestes em movimento.

Elemento: Terra

Dia: terça-feira

Cores: amarelo, verde, vermelho e preto

Signo: Escorpião


XANGÔ

Quem tem a proteção de Xangô sabe que não há nada nem ninguém que destrua um filho desse orixá. Podem até conseguir levá-lo ao fundo do abismo, mas depois de algum tempo ele renasce com mais vigor e volta a enfrentar o mundo de peito aberto, sem medo. Essa é uma característica herdada do pai Xangô, a entidade mais forte do candomblé brasileiro.

São dele a força, o poder e a capacidade de fazer e desfazer todas as coisas. Mas ele não age sem uma boa razão. O impetuoso senhor dos raios e trovões tem a justiça como lema, pois Xangô tem um senso de justiça muito acentuado. Não tolera a mentira, a desonestidade e a corrupção. Por isso, ao lidar com seus filhos, pode tanto trazer a segurança e a lealdade, como criar um clima de medo no relacionamento. É que pai e filhos são absolutamente severos e implacáveis com quem se porta à sua imagem e semelhança.

Orgulhoso, dono de uma dignidade própria de um príncipe, vinda de sua origem como senhor de um império africano, Xangô não perdoa a fraqueza. Autoritário e dominador, o filho de Xangô tem um humor instável e é muito ciumento. 

Exige exclusividade, mas nunca consegue resistir a uma aventura. Segue os passos do pai, marido de muitas esposas, das quais as prediletas são a dengosa Oxum e a guerreira Iansã, esta, a parceira ideal, pois o acompanha a todas as frentes de batalha, luta sempre ao seu lado, ajudando-o a derrotar os inimigos.

São essas as características que os filhos de Xangô exigem dos parceiros. Ousados e cheios de iniciativa, quando se apaixonam, fazem o impossível para conquistar o ser amado. São diretos, sem rodeios, vão logo ao que interessa. Muito atrevidos, não descansam enquanto não conseguem o que querem. E adoram variar as relações amorosas.

Xangô é o próprio Fogo, energia inesgotável, devastadora. Ninguém fica imune ou indiferente a sua passagem. Não há como ignorar a pompa e a altivez desse integrante da alta aristocracia africana que um dia, encurralado pelas lutas em torno do poder, acabou se suicidando em plena selva. Preferiu a morte a perder a dignidade.

Além disso, Xangô nunca suportou disputas pelo poder. Tem consciência de que só ele possui as qualidades necessárias para exercê-lo com vigor e justiça. Porque não conhece o significado das palavras obediência, submissão e medo.

Elemento: Fogo

Dia: quarta-feira

Cor: vermelho vibrante

Signo: Sagitário

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Os Orixás - Os deuses africanos - Parte 3

OMULU 

A história de Omulu é, de longe, a mais triste do candomblé. Adolescente, foi expulso de casa pela mãe Nanã, senhora mais antiga do candomblé, por se envolver com prostitutas e contrair as mais variadas doenças venéreas.

Quando Iemanjá o acolheu, oferecendo-lhe cuidado e proteção, era tarde demais. As feridas da alma de Omulu já estavam abertas e nunca mais iriam fechar.

Essa fase de sua vida iria marcá-lo para sempre, fazendo dele um deus amargo, solitário, pessimista, com tendências auto-destrutivas, Omulu costuma provocar doenças, que depois ajuda a curar graças à intervenção de Nanã.

É o pai dos que sofrem com problemas crônicos na pele, é o senhor das epidemias. Seus filhos, sem exceção, são hipocondríacos, melancólicos e negativistas. Incapazes de identificar os aspectos positivos das próprias desgraças para aprender com elas, as pessoas consagradas a Omulu vivem se queixando.

Isso claro, não os ajuda a sair das situações difíceis em que se envolvem, nas quais não faltam decepções, frustrações, desencontros amorosos. “Pesados”, carrancudos, sem nenhum charme ou elegância, afastam os poucos que tentam se aproximar.

Omulu usa uma vestimenta de palha-da-costa (capim claro e maleável), que vai até a cintura e lhe cobre o rosto. Inspira respeito, medo e é considerado um deus solitário.

Elemento: Terra

Dia: segunda-feira

Cor: vermelho 


OSSAIM 

“Kosi ewe, kosi orixá”, esse ditado popular do candomblé, que significa: “sem folhas não há orixás”, expressa bem a medida da importância das plantas, portadoras do axé, o poder e o princípio vital. Sem elas não haveria a vida. É por isso que Ossaim (ou Ossanha), deus das plantas, é tão venerado. Ossaim rege as plantas medicinais e tudo o que cresce livremente.

As folhas tem o dom de curar, matar, alucinar e acalmar. Produzem a fertilidade, mas também acabam com ela. Vem do reino vegetal as oferendas e os instrumentos dos orixás. E tudo isso depende do reino governado por Ossaim, que como seus filhos, é vegetariano.

Introvertidos e imprevisíveis, pais e filhos são no geral calados, discretos e cheios de mistérios. Muitos se tornam médicos ou cientistas, sob a benção do orixá. São pacientes, tolerantes e amam os animais. Principalmente os pássaros. Adoram brilhar e que tudo gire em torno de si, sua palavra-chave é a admiração.

Acima de tudo, porém, Ossaim e seus filhos prezam a liberdade, marca aliás, de todos os deuses das florestas. As pessoas consagradas a Ossaim são gentis e delicadas e possuem quase sempre uma saúde frágil. Na velhice, podem ficar mancos ou aleijados. Ossaim, por sinal, se faz acompanhar sempre por Aroni, anão de um braço, uma perna e um olho, que lembra o saci-pererê ou o Caipora.

Elemento: Terra

Dia: segunda-feira

Cor: verde

Signo: Leão 


OXALÁ 

Orixá maior na mitologia africana, seu nome significa Providência.

Contam as lendas que Oxalá, primeiro filho de Olorum, foi confiado a tarefa de criar o mundo. O deus supremo lhe deu um punhado de terra dentro de um camaleão e uma galinha de cinco patas para que ele executasse sem problemas a missão.

Mas Oxalá, sempre altivo e obstinado, recusou-se a fazer oferendas a Exu, o “mensageiro” do Candomblé, que jurou vingança e o deixou com uma sede terrível. Para saciá-la, Oxalá bebeu da seiva de uma palmeira e embriagado por ela, acabou se esquecendo da missão sagrada, então executada por Odudua, seu irmão mais novo e grande rival.

Quando a bebedeira passou, Oxalá, inconformado pela trapaça, foi contar a Olorum o que acontecera. Então o grande pai, para consolá-lo, encarregou-o de criar o homem e tudo o que povoa o mundo. Foi o que ele fez, modelou os corpos em argila e insuflou neles o Ar da vida.

No entanto, às vezes ele voltava a se embriagar com a seiva, mesmo durante o trabalho. Com isso, acabava esculpindo figuras deformadas ou as retirava do forno antes do tempo. Por esse motivo, todas as pessoas com defeitos físicos contam com a sua proteção.

Elemento: Ar

Dia: sexta-feira

Cor: branco

Signo: Capricórnio


OXALUFÃ

É a representação de Oxalá mais velho. Sempre calmo, é respeitado por todos os filhos e como todo bom pai experiente, é também um tanto teimoso.

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Os Orixás - Os deuses africanos - Parte 2

IEMANJÁ

Quem já passou a noite de Ano Novo na praia certamente se encantou com a multidão vestida de branco que invade as areias, levando oferendas e acendendo velas para Iemanjá.

Rainha dos mares, mãe de todos os Orixás, ela recebe as homenagens dos que desejam um ano de fartura e tranquilidade. Senhora das ondas e das oferendas, rainha das marés, abre os caminhos pela atração, pois dizem que não há nada que exerça mais atração do que o mar.

À deusa das águas recorrem as mulheres que não conseguem engravidar, porque é Iemanjá quem controla a fertilidade, simbolizada em seu corpo robusto, forte, em seus seios volumosos e na aparência sensual, qualidades, aliás, de todas as suas “filhas”, que se revelam excelentes como donas de casa, educadoras e mães.

Generosas, prestativas, eficientes, as pessoas que tem Iemanjá como protetora são, em contrapartida, possessivas e ciumentas. Embora se mostrem tranquilas a maioria do tempo, podem se tornar verdadeiras feras quando perdem a paciência. Mais que isso, não perdoam ofensas com facilidade. Intrometem-se tanto na vida dos familiares que chegam a sufocar. Mas a intenção é sempre das melhores.

A origem mítica de Iemanjá é atribuída aos povos pertencentes ao tronco espiritual iorubá. Na Nigéria, a noroeste da capital nacional, Lagos, está “Ilé-Ifé”, a antiguíssima cidade sagrada do mundo iorubá e lugar de nascimento, segundo a lenda transmitida oralmente desde remotas épocas, de todos os orixás.

Identificada com a água do mar, Iemanjá ocupa um lugar especial por ser considerada a matriz geradora de quase todos os orixás, sendo portanto símbolo da maternidade e procriação. Segundo a religião iorubá, Iemanjá deu à luz a maior parte dos orixás que encarnaram forças da natureza e estão associados a múltiplas atividades desempenhadas pelo ser humano.

Iemanjá chegou à América durante o período da escravidão. Cruzou o Atlântico com os africanos iorubás, os quais mantiveram aqui (Brasil, Uruguai, Equador, etc.) suas crenças, mesmo sendo vítimas de um grande processo de cristianização compulsiva.

Os africanos escravizados procedentes de outras vertentes culturais professavam religiões muito similares a iorubá, que só se diferenciavam em alguns pontos, já que todas coincidiam nos mesmos núcleos ideológicos e na identificação de seus deuses.

A convivência em cativeiro promoveu o assentamento de uma religião unificada, baseada na visão comum a todos os africanos e centrada fundamentalmente nos orixás do grupo iorubá, o qual exerceu maior influência cultural sobre o conjunto.

Os contingentes africanos que trouxeram sua cultura e religiosidade à América, começaram a predominar, mesmo diante dos brancos católicos dominantes e também dos indígenas, suas própias tradições religiosas.


Elemento: Água

Dia: sábado

Cores: azul, branco e verde

Signo: Peixes


LOGUM-EDÉ 

Este orixá flerta com homens e mulheres. Conta a lenda que o filho de Oxum Okê e Oxóssi, sempre buscando o equilíbrio, tomou uma poção mágica para viver seis meses na forma de mulher, com sua mãe e seis meses como homem, com o seu pai. A lenda nos mostra que a dificuldade de Logum é a escolha. Sua palavra-chave é a opção.

Elemento: Água

Signo: Libra


NANÃ

Nanã, senhora de muitos búzios, que simbolizam fecundidade, riqueza e morte, é a entidade mais antiga da candomblé. É associada ao barro com que foi moldado o primeiro homem, ao fundo de rios e mares, às águas paradas e aos pântanos.

É o ponto de contato entre as águas e a terra. Suas filhas tem um temperamento introvertido. Ativas e severas, gostam de ordem e limpeza. São discretas, cumpridoras de suas promessas e adoram crianças.

Elemento: Água

Dia: sábado

Cores: azul-escuro e branco. 


OBÁ

Presidido por Diana, a caçadora, deusa virgem da batalha e da luta, sua palavra de ordem é auto-suficiente.

Signo: Virgem. 


OBALUAIÊ

Está vinculado à morte e às doenças, mas tem também o poder da cura. Apresenta-se sempre com o rosto coberto de palha-da-costa.

Signo: Escorpião


OGUM

Quando você deparar com uma pessoa cheia de vontades, briguenta, que não se importa nem um pouco em apelar para a violência, pode ter certeza de que estará diante de um filho de Ogum.

Guerreiro, comandante de exércitos que aniquilaram nações inteiras, ele é o macho viril que não admite relacionamentos homossexuais, ao contrário dos outros orixás.

Corajoso e forte, Ogum é um deus sanguinário, intolerante e é um viril lutador. Aquilo que se costuma chamar de um homem bruto.

Seu passado de militar o capacita a enfrentar os momentos mais difíceis. Quem já o invocou nessas horas sabe que ele nunca falta. “Baixa” de modo rápido e violento, o corpo se movimenta ao som e ao ritmo da dança guerreira, brandindo a espada no ar. Ele age como se estivesse em meio à mais terrível das batalhas.

Detentor dos segredos do ferro, Ogum é o orixá dos processos técnicos e da civilização. Foi com o ferro que se fez o arado, por exemplo, permitindo que nações inteiras cultivassem a Terra e matassem a fome.

Ogum é também considerado irmão gêmeo de Exu. De fato, há muita semelhança entre ambos, principalmente na coragem e na agitação.

Contam que foi Ogum quem se rebelou contra a dominação das mulheres, encabeçada por Iansã, e delas roubou o poder sobre os mortos. Chegou até mesmo a maltratar Oxum.

Associado a São Jorge, protetor dos que trabalham com ferramentas, ele não descansa enquanto não obtém o que deseja e da maneira como quer. Sua palavra-chave é a ação.

Elemento: Terra

Dia: terça

Cores: vermelho, verde e azul

Signo: Áries.


OLORUM

Olorum não é propriamente um orixá. Não tem filhos na Terra e por isso não se manifesta, isto é, não “baixa” em ninguém. Não participa do cerimonial do candomblé, não exige oferendas nem comidas caprichadas ou vestimentas especiais. Na verdade Olorum, que alguns chamam de Olodumaré, está acima dessas e de outras necessidades.

Senhor de todas as coisas, ele é o princípio criador. Sem sua permissão, Odudua, orixá que se apresenta ora como homem ora como mulher, não teria gerado o mundo, nem Oxalá poderia dar vida aos orixás e aos homens.

Ele não é homem nem mulher, não tem características humanas, nem se envolve nos problemas do dia a dia. Sua única ligação com os homens acontece por intermédio dos orixás e do arco-íris, que ele criou especialmente para esse fim, em apenas quatro dias. Depois, retirou-se para o merecido descanso.

Elemento: Ar


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Os Orixás - Os deuses africanos - Parte 1


O século XVIII ia chegando ao fim. As idéias liberais de “Igualdade, Liberdade e Fraternidade”, que levariam à Revolução Francesa, conquistavam o mundo e encontravam um eco também no Brasil, onde os senhores das terras e escravos, revoltados com os altos impostos cobrados por Portugal e a pesada carga de trabalho, começavam a ensaiar a independência.

Claro que essa “liberdade” não se estendia aos negros, que há mais de 200 anos vinham construindo a riqueza do Brasil Colônia. Cansados dos maus tratos – que incluíam castração, amputação dos seios e emparedamento de gente viva – eles fugiam e formavam os Quilombos, aldeias encravadas nas matas brasileiras, onde tentavam reconstituir a vida que levavam na África.

Foi nesse clima tenso de rebeliões, revoltas e idéias novas que as divindades africanas chegaram ao Brasil, encarnadas no corpo e na fé do povo iorubá.

Esses negros, que viajaram para cá amontoados nos porões dos fétidos navios negreiros, foram tratados e vendidos como animais, a peso de ouro, nos locais onde desembarcaram – Rio, Recife e Salvador. E no entanto, não deixaram de expressar sua devoção aos orixás e cultuá-los nas fazendas para onde foram conduzidos.

Aos domingos e dias santificados, reuniam-se em festas que aos senhores pareciam danças inocentes e alegres batuques. Na verdade, ali estava nascendo o Candomblé brasileiro. Para não levantar suspeitas nem atrair a ira dos senhores católicos, os negros associaram cada orixá a um santo da Igreja Romana. Jesus e alguns santos católicos chegaram mesmo a ser incorporados à religião africana, numa prática que ficou conhecida como Sincretismo Religioso.

Mas as diferenças entre cristianismo e candomblé são profundas. No candomblé não há bem e mal, e sim qualidades e defeitos que devem ser respeitados por expressarem aspectos dos orixás. E em vez de um só Deus, autoridade suprema, a religião africana tem vários orixás. Os de maior poder assumem formas diferentes, aparecem ora como velho, ora como novo, às vezes como rei, etc.

Essas entidades vivem no órun, reino sobrenatural refletido no aiyé, nosso mundo material. Aqui elas se manifestam na natureza e nos seres humanos, que herdam suas características físicas e psicológicas.

Respeitar os atributos dos orixás e homenageá-los regularmente, segundo o candomblé, traz ao homem força e saúde para viver as infinitas encarnações que lhe estão reservadas no planeta Terra.

Todas as divindades negras, que chegaram aqui para aliviar o sofrimento dos escravos africanos, também são associadas aos quatro elementos: o Ar, a Terra, a Água e o Fogo, por isso, os orixás contém toda a magia que comandam as forças da natureza.


 IANSÃ
 
Afirmar ninguém pode, mas é possível especular que o movimento feminista nasceu sob as bênçãos de Iansã. Determinada, corajosa e ativa, ela é forte, carismática, dona de uma personalidade ímpar. Essas qualidades, associadas a uma sensualidade intensa, funcionam, em relação aos deuses e aos homens, como verdadeiros imãs. Não há quem não se sinta atraído pela graça, pelo charme e pelas maneiras decididas de uma filha de Iansã.

Volúveis, mãe e filhas não hesitam em dar corpo e coração aos muitos homens por quem frequentemente se apaixonam. Hoje um, amanhã outro, elas seguem as ordens do próprio desejo, sem medir consequências e sem se sentirem intimidadas por isso. Ousadas, não tem medo de correr riscos. Ao contrário, preferem os desafios e dão conta das tarefas mais impossíveis.São conquistadoras inveteradas, capazes de mudar o destino dos homens.

Contam as lendas que Iansã chefiava uma sociedade secreta de mulheres, as quais mantinham os maridos sob domínio. Mas um dia elas se rebelaram e Iansã, chamada de Oiá, fugiu para longe, para onde vivem os mortos, os Eguns, e lá se tornou rainha. Por isso, é a única divindade que não tem medo da morte. Para ter direito à maternidade, ela foi possuída à força por Xangô, com quem teve nove filhos. Oito mudos e um de voz não decifrável, quase animal. Iansã abandonou a todos.

Ciumenta, irrequieta, impetuosa, autoritária e temperamental, a rainha dos raios, em contrapartida, é uma esposa extremamente dedicada, mas nunca submissa, ao contrário, num relacionamento, quem dá as cartas é ela. Líder nata, sabe se impôr e ganhar o respeito das outras mulheres, à força, se preciso, pois Iansã não foge à luta. Livre de preconceitos e mil anos na frente, seu segredo é mutação.

Dona do vento da morte, divindade da floresta e das tempestades, é associada a Santa Bárbara católica. Mas basta fitar os olhos doces da santa, para perceber, que as duas são muito diferentes. Orixá do movimento, do fogo, do sexo e dos raios, Iansã representa a continuidade das gerações. É ela a deusa que domina os ventos, os raios e as tempestades. Sabe defender o que é seu e demonstrar todo o seu grande amor e alegria. 

Elemento: Fogo

Dia: quarta-feira

Cor: vermelho

Signo: Escorpião e Aquário


EXU

Os Exus são provavelmente, os mais temidos dos orixás e os mais injustiçados. Isso porque estão associados ao cruel e implacável demônio da tradição cristã, a mais terrível das criaturas. Mas os Exus não são nada disso.

Alegres e irreverentes, seus 21 tipos conhecidos, adoram brincadeiras. Boêmios, costumam aparecer só depois da meia-noite. E vêm a mil, exigem bebida, mexem com as mulheres e provocam todo mundo. Porque os Exus, assim como as Pombas-Giras, seu princípio feminino, vivem a sensualidade sem a menor cerimônia.

Mas não é só a descontração a marca principal dessas entidades. Elas também são briguentas, mentirosas, zombeteiras e veneram a preguiça. Insolentes e provocadoras, não tem meias palavras. E ai de quem as menosprezar por isso! No mínimo, não vai poder falar com nenhum outro orixá.

Isso porque os Exus são espécies de “mensageiros” no candomblé. São eles que levam às altas entidades os pedidos dos seres humanos. Em troca de bebida forte, galinha preta, bode e farofa, eles abrem qualquer caminho. É a eles que se recorre quando não há mais nenhuma esperança. Mas não trabalham de graça. A única lei que respeitam sem reservas é a do dinheiro.

Não há o que eles não façam pelo chamado vil metal. Acabam com casamentos, aproximam amantes, arruinam negócios, seduzem os namorados ou namoradas mais renitentes.

O que não quer dizer que entrem na dança do vale tudo, onde não há princípios nem justiça. A seu modo, eles são justos, capazes das façanha mais ousadas para atender aquilo que até então se julgava impossível. Inteligentes, de raciocínio rápido, não há quem consiga passá-los para trás. E se acaso isso acontecer, a pobre vítima vai se arrepender para sempre, os Exus são, sobretudo, vingativos.

A ligação da imagem deles com o diabo, torna praticamente impossível o surgimento de filhos de Exu. Se ele preside a cabeça de alguém, porém, capricha nos dotes, dá inteligência, alegria, vivacidade. Mas a verdade é que todos os seres, deuses ou homens, têm seu Exu particular. Sem ele, ninguém teria a consciência de estar vivo, ou seja, não desfrutaria a vida.

Elemento: Fogo

Dia: segunda-feira

Cores: branco e azul

Signo: Gêmeos


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As Religiões do Mundo - O Candomblé


Os orixás são ancestrais divinizados do Candomblé – religião trazida da África no século XVI.

Entre mais de 200, apenas 12 deles são cultuados no Brasil.

O culto é celebrado pelo pai-de-santo, chefe do terreiro onde a cerimônia acontece, e tem início o despacho de Exú. Começa então, o toque dos tambores que marcam o rítmo de uma dança de roda para que os filhos-de-santo incorporem seus orixás. Passam a receber dos participantes pedidos de ajuda e de proteção. A duração mínima do ritual é de 2 horas.

Nota: “Orixás”, by Pierre Verger.

OLORUM – Olorun, Olodumare
IFA
– Orunmila, Orunla, Ifa (preto-velho)
EXU
– Eshu, Esu, Echu
IBÊJI
– Ibeji, Taiwo, Kehinde (crianças)
NANÃ
– Nana Buruku
OBALUAIÊ
– Sanpanna, Babalu aye, Obaluaé, Omolu
OXALÁ
– Obatalá, Orisanla in Africa, Oshalufon, Oshaguian, Oduduwa, Oshala. OGUM Ogun, Ogu, Ogum – Balogun
OSSAIM
– Osanyin, Osain (omiero)
OXÓSSI
– Osoosi, Oshosi, Oxossi – caçador
OXUMARÉ
– Osumare, Ochumare
XANGÔ
– Shango, Sango Chango – rei guerreiro
IANSÃ
– Oya, Yansa, Iansa
IEMANJÁ
– Yemoja, Iyemanja, Yemaya
OXUM
– Osun, Oshun
OBÁ
– Oba

Continua...

Aranel Ithil Dior