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A Pressa é Inimiga da Perfeição - Parte 1


Quando fazemos as coisas com calma, colocamos mais atenção ao momento presente e erramos menos. 

"O tempo não pára!", diz Cazuza em uma poesia musicada que se transformou em uma espécie de hino á urgência de viver. A mensagem era: vamos fazer todo o que for possível, mesmo que isso sirva apenas para constatarmos que o futuro repete o passado, em uma dança conhecida e cada vez mais frenética. 

Pense bem: Não é o que fazemos todos? Eu, você, nossos amigos, vizinhos, colegas? Vivemos no mundo da velocidade, que é a face mais evidente da sociedade atual. Parece que o tempo sempre está escorrendo entre os dedos. A idéia predominante é de que o tempo não pára e que, como consequência, nós também não podemos parar. 


Chegamos a pensar que o ideal seria que nos atecipássemos ao tempo, sendo mais velozes que ele, como fez o deus grego Zeus, que se tornou o mais poderoso após destronar seu pai, Chronos,o deus do tempo. 


A velocidade é então, o novo paradigma, o padrão de comportamento adotado por quem deseja ter sucesso, estar integrado, fazer parte do sistema, ser aceito pela sociedade, concorrer no mercado.

Errado, tudo isso? Eu não teria coragem de afirmar que sim, pois os períodos da história têm suas marcas peculiares, mas por favor, um pouco de calma, respire fundo: Nada melhor do que um pouco de lucidez para não ser simplesmente sugado pelo sistema. 


Que tal entender bem o que se passa antes de entrar nesse jogo e simplesmente ser consumido velozmente, sem mesmo se dar conta de que podemos agir no mundo de maneira diferente?

Ninguém precisa ser mero protagonista desse tempo louco, a não ser que queira por opção. Então vejamos: para começo de conversa, ser veloz não é a mesma coisa que ter pressa, fazer as coisas rapidamente não é o mesmo que terminar no menor tempo e sair na frente não garante chegar primeiro. Há uma certa dose de relatividade nessa história toda.


Focos de Resistência

Sim, nem tudo está perdido, há gente pensando e agindo. Cansado de comer sanduíche encostado no balcão, alguém muito lúcido propôs, no final dos anos 80, um movimento em sentido contrário. 


Foi fundado na Itália, levado para a França e depois para o resto da Europa, o movimento conhecido pelo nome de Slow Food, que significa literalmente, "comida lenta", em um evidente contraponto ao "fast food", a comida rápida, o novo jeito de se alimentar do homem urbano, que tende a se transformar em estilo de vida. 

Quem não tem um amigo do tipo fast food, sempre apressado, como que possuído por uma entidade sempre atrasada?

Hoje, a Slow Food International Association espalha suas ideias pelo mundo, oferecendo, a quem queira, uma opção de vida diferente. O movimento, que usa como símbolo da calma um caracol, prega que as pessoas devem voltar a comer e beber devagar, dando-se tempo para saborear os alimentos, transformando a refeição em um momento de encontro e comunhão com a paz e com o prazer. 


Acompanhar o preparo do alimento, interagir com a família, com amigos, sem pressa e com muita qualidade e satisfação, essa é a ideia. Trata-se do contraponto ao espírito do fast food e o que ele representa como estilo de vida moderno. 

E por que tudo isso? Não seria apenas uma atitude saudosista e anacrônica, condenada a desaparecer como tantos modismos? Ao que tudo indica, não. A idéia de respeitar o tempo de comer, valorizando a arte da culinária, o convívio familiar e melhorar a saúde, está ampliando sua ação para muito além da borda da mesa de jantar. 


Tem tudo para virar filosofia de vida, pois comer não é mais do que uma das múltiplas atividades a que o homem se submete em sua rotina diária, entre tantas outras. 

O Slow Food está se ampliando e servindo de base para um movimento maior, inicialmente chamado Slow Europe. Sua ideia é questionar a pressa do mundo, a angústia das pessoas, a loucura generalizada na sociedade imposta pela globalização, pela competitividade crescente e pela velocidade da informação proporcionada pela Internet. 


Aliança com o tempo

O engenheiro americano Frederick Taylor, no início do século 20, criou as bases da adminstraão moderna, e fez isso procurando otimizar o trabalho dos operários em uma fábrica.



Para isso, estabeleceu uma relação matemática entre a produção que eles conseguiam e o volume de recursos que utilizavam nessa produção. E Taylor considerou o tempo como o mais importante entre todos os recursos. 

A partir de então se estabeleceu a cultura do século que se iniciava: fazer mais, em menos tempo. 


Continua...


               


       

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Aranel Ithil Dior