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A Pressa é Inimiga da Perfeição - Parte 2


E também começou a confusão. 

Sim, porque fazer em menos tempo não significa fazer mais rápido, e sim, fazer com mais qualidade. Essa era a visão do engenheiro. A má intepretação de sua ideia acabou por criar um caos comportamental que se refletiu em pessoas apressadas, neuróticas e infelizes. 

"Pense antes de fazer, planeje seu trabalho, organize-se, e só então faça", dizia ele. 

Mas o que fazemos nós? Corremos como baratas tontas diante da necesidade de fazer mais com menos, em lugar de planejar, preparar, aprimorar a técnica, e só então fazer, rápido, mas sem pressa, saboreando cada momento como único o que de fato é. 

Não se pode lutar contra o tempo. Ele é poderoso e sempre ganha a batalha. A idéia não é de luta, mas de aliança. Zeus não matou Chronos. Tratou de conquistá-lo, e então aliou-se a ele. 

Entretanto, a valorização da pressa ainda existe. O bom profissional é o que atende rápido? Ou seria o que atinge rápido o resultado? São coisas diferentes. 


Por exemplo: Você prefere o médico que atende em dez minutos, ou aquele que se utiliza 45 minutos em sua consulta? Certamente aquele que dá mais tempo ao paciente, que o escuta com calma, valoriza a relação, esclarece dúvidas, examina devagar. 

Outra pergunta sobre o mesmo tema: Você prefere o médico que consegue a cura em dois dias ou o que precisa de duas semanas para atingir o desejado? Os dois dias, claro. Pois bem, esse pode ser justamente o mesmo que utilizou 45 minutos na consulta. Viu como o tempo é relativo?

A versão européia da revista americana de negócios Business Week publicou recentemente uma pesquisa que mostra que os franceses trabalham menos horas, mas são mais produtivos que seus colegas americanos e ingleses.


Essa atitude sem pressa não diminui a produtividade e ainda aumenta a qualidade. Evita o risco, a insatisfação e a necessidade de refazer o trabalho. 

Um Jeito Sábio de Ser

Ter uma atitude sem pressa significa colocar mais atenção no que se faz, dedicando tempo para os valores que a rapidez do mundo moderno está relegando a um plano secundário: a família, os amigos, o lazer, a cultura, o tempo livre, para simplesmente viver. 


É uma volta á valorização da casa, do bairro, da cidade, dos ambientes conhecidos, presentes, palpáveis, em oposição ao mundo globalizado, distante, anônimo, abstrato, frio. 

O acesso aos valores essenciais à felicidade do ser humano, como a convivência, a fé, a esperança, a serenidade, os prazeres do cotidiano, tona-se mais fácil através de uma atitude sem pressa. O resultado é um indivíduo menos estressado e neurótico, mais leve, mais feliz e, por isso mesmo, mais produtivo. 

A sabedoria popular cunhou outros ditados além do que intitula este texto, para falar da importância de se reduzir a velocidade: "devagar se vai ao longe", e "o apressado come cru" são alguns deles.


Quer um bom resultado, com segurança e ainda por cima rápido? Então faça devagar, e não se afobe, pense antes de agir, faça uma coisa de cada vez.

Lembre-se de que "velocidade" é diferente de "pressa". Ser veloz é adequar-se às condições. O veloz chega antes, o apressado às vezes fica pelo caminho. O carro não pode ir mais rápido do que as condições da estrada permimente. A boca não pode falar com a velocidade do pensamento. O teclado do computador ou as teclas da antiga máquina de escrever não podem ser acionadas todas juntas. 

Calma!

A velocidade é precisa, a pressa é bastante imprudente. Quando o poeta Fernando Pessoa disse: "navegar é preciso, viver não é preciso", ele se referia à precisão, ao detalhe, ao cálculo, ao planejamento, necessários à navegação e não ao verbo precisar, sinônimo de necessitar. 

É claro que precisamos viajar, trabalhar, fazer as coisas, e rápido, mas, por favor, sem pressa. 

Você sente que está com o deus Choronos em seus calcanhares? O tempo realmente parece escorrer pelas mãos? De fato, Chronos é o deus do tempo medido, do relógio, do cronômetro (daí o nome), do calendário, das ações repetitivas. Mas é bom saber que também existe o deus Kairós, que governa o tempo vivido, aproveitado, saboreado, sentido, bem utilizado.


Que tal parar de adorar Chronos e adotar Kais como o deus supremo do seu panteão?

O imperador romano Octavius Augustus, que viveu no iníco da era cristã, ao observar as trapalhadas de seus oficiais que, por medo ou vontade de agradar, saíam correndo para atender suas ordens, incorporou o hábito de recomendar sempre: "Festina lente". 

Sábio conselho. Significa: apressa-te devagar. Em outras palavras, para fazer pido, faça com cuidado. Portanto, festina lente! 


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Aranel Ithil Dior