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Você tem Fome de Quê?! - Parte 1

(Bonito de se ver, mas difícil de manter... Uma alimentação saudável, quando não é cara e de difícil manutenção, é demorada para preparar... Então sobra as refeições e lanches rápidos, e que por isso mesmo, não são nada saudáveis...)

Alimentação saudável e muito mais do que tabelas de calorias e combate aos radicais livres: se comermos direito, podemos salvar o mundo!

Alimentação é uma necessidade básica impregnada de matizes culturais: toca as vísceras, as crenças e os desejos. 

Existe até uma antropologia da nutrição, que estuda a evolução do homem através de seus alimentos. 

(Julia Child foi uma das primeiras pessoas no cenário culinário a entender que cozinhar é uma arte que aprendemos e podemos ensinar. Adepta da alimentação saudável, foi apresentadora de um programa de culinária nos Estados Unidos na década de 70. Ela dizia: "Você não precisa cozinhar obras-primas bonitas e complicadas, basta preparar boa comida com ingredientes frescos".)

(Um filme adorável que conta a história dessa mulher de visão e determinação que inspirou a personagem Julie a seguir seus passos. Com uma atuação sempre supreendente, Merryl Streep arrasa, interpretando direitinho Julia Child.) 

Excêntricos, vamos além das opções que a natureza oferece: plantamos, tornamos perene o sazonal, cozinhamos com fogo, antecipamos a maturação de animais e vegetais, criamos híbridos, recriamos artificialmente o natural. 

Ao fim e ao cabo, transformamos todo o ciclo da cadeia alimentar e, ao que parece, isso não está dando muito certo...!

Para gerar a abundância atual é preciso ter lavouras e fazendas fartas o ano inteiro. 

(Com uma das maiores plantações de manga, uva e eucalipto, a cidade Livramento de Nossa Senhora na Bahia, sofre em explorar intensivamente o solo e os recursos aquíferos da região. O jeito é fazer chuva...)

(Adoro visitar Livramento e Rio de Contas já tem meu nome gravado nas pedras. Com tios e primos morando na Região, visitar Livramento é sempre um presente de Deus!) 

Assim, o meio ambiente é explorado ao máximo, o solo é erodido, mananciais de água são poluídos e exauridos.

E, como sabemos, nas sociedades modernas o consumo de comida é resultado do poder aquisitivo: alguns padecem do excesso, outros sofrem com a absoluta escassez.

Somos o que comemos - ou o que deixamos de comer...

(A alimentação sempre foi um tema importante na vida dos humanos. E quando é associada a crenças, então ela representa uma doutrina, uma conduta de fé e santidade. Comer bem pode te deixar mais perto de Deus... Ou não...!)

Segundo a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), há, no mundo, 840 milhões de pessoas com deficiência de nutrição, muitas passando fome mesmo!

A contrapartida são as "doenças da riqueza", como diabetes, problemas cardíacos e câncer, entre outras produzidas pelo consumo de açúcar e gorduras saturadas acima das reais necessidades do organismo. 

Entre o excesso e a escassez nos apegamos em algumas doutrinas: pratos rápidos ou refeições longamente preparadas, alimentação vegetariana ou onívora, comida crua ou cozida e assim por diante, numa infindável lista de categorias, gêneros e subgêneros.

(A comida sempre foi vista como um tipo de status quo. Quem tinha carne na mesa era Rico, quem tinha só legumes, Pobre, isso já ali em meados da Idade Média. Trouxemos essa ideia, e ainda hoje, mesmo com todos os conceitos adquiridos e estudados, alimentar-se em excesso é expressão de felicidade e estabilidade financeira. E o resultado é esse: Sobrepeso por ingestão excessiva e desnecessária de calorias.)

Você tem consciência do contexto biológico e social de onde sua comida se origina?

Basicamente, existe dois tipos de "comedores":

- O comedor industrial
- O comedor agrícola

O comedor industrial é aquele que ingere a comida de forma entorpecida.

Seu alimento é um conceito abstrato, sem conexão com a realidade biológica: quase tudo produzido de forma mecanizada, com substâncias inertes, assépticas, processadas e refinadas, camuflado sobre corantes, aromatizantes e sabores artificiais, embalagens e slogans de saúde.

Pouco importa quem plantou ou colheu, qual é a oferta da estação, como é a lavoura, o estado do solo, quantos produtos químicos foram usados na produção (e a consequente reação no organismo) ou qual a adequação da quantidade à necessidade. 

(O Food Truck ou Comida do Caminhão, é uma moda nascida em Los Angeles para alimentar o pessoal que saia das praias famintos. Foi crescendo, caiu no gosto do público, porque você sabe, nenhum lugar dá mais fome que praia. Com comidas rápidas, temperadas e com porções gigantes, esse conceito saiu de L.A. e foi parar em Nova York e de lá para o mundo. Em nov/2014 o programa global Pequenas Empresas e Grandes Negócios explora essa nova sensação que já tomou nossas cidades brasileiras. É gostoso... Mas se é saudável...)

Ao comermos sem responsabilidade o comedor industrial age de forma passiva. 

Ele e seu alimento se exilam da realidade biológica, ingerem um subproduto das leis de volume e preço, que é oferecido junto com adjetivos comuns a outros bens de consumo: é prático, eficiente, necessário, requintado, cool...

É comum encontrar crianças que não entendem como a bebida branquinha na caixa longa-vida vem da vaca, e não da fábrica que também produz o refrigerante. 

Para o comedor industrial, enfim, a consciência está no valor, no custo e na aparência, enquanto a terra é apenas uma fonte de recursos a ser explorada.


Continua...


 

 


A Dança da Vida - Parte 3

(O programa do canal aberto Globo, Globo Ciência, faz uma apresentação e retrospectiva da vida de Mário Schenberg (1914-1990), físico, judeu, cabalista, alquimista e crítico de arte.)

Há pesquisadores que não conseguem ir além de alguns limites impostos pela ciência clássica.

Muitos nomes de valor contudo, fazem da dança subatômica uma razão a mais para acreditar na possibilidade de um mundo inteligente e bem centrado. Um exemplo brasileiro é o físico nuclear Mário Schenberg (1914-1990) um de nossos maiores cientistas (Gilberto Gil até lhe dedicou uma música, "Oração pela Libertação da África do Sul").

(A pedido de Mário Schenberg, comovido pelas mortes e lutas promovidos pelo Apartheid na África do Sul, Gilberto Gil compõe esta canção em 1985.)

Schenberg trabalhou com físicos importantes na Europa e Estados Unidos, e suas ideias originais ajudaram, por exemplo, a desvendar o enigma do Colapso das Supernovas. 

Era também crítico de arte e pensador. 

Um gênio!

(As Supernovas são as estrelas mais lindas do Universo. Quando explodem promovem uma luz intensa nas galáxias as quais pertencem e essas explosões continuam brilhando por horas ou dias ininterruptos. Descarregam uma quantidade enorme de elétrons e radioatividade gama, e neste momento, boa parte dos elementos da Tabela Periódica são formados, dentre eles o Ouro, um dos mais misteriosos elementos químicos. Acima, filme da NASA de uma explosão ocorrida em janeiro de 2014.)

Dizia que usava pouco o raciocínio, que suas ideias eram pura intuição. 

No bom livro Diálogos com Mário Schenberg, o professor não hesitou em discorrer sobre suas encarnações passadas como pintor no Oriente, sobre as relações da física quântica com a cabala judaica, seu gosto pela alquimia e a influência exercida pela filosofia oriental nele e em outros cientistas. 

(Mário Schenberg, um dos maiores físicos brasileiros, citado por Einstein como uma das mentes mais brilhantes que ele conheceu. Viu a explosão estelar lá em cima? Pois é... Ele descobriu como e por que acontece!)

Niels Bohr, por exemplo, gostava da cultura chinesa, principalmente da concepção dualista do yang e do yin - o que talvez pode ter influenciado suas ideias sobre o princípio da Complementariedade. 

O físico e filósofo austríaco Erwin Shrödinguer, criador da Equação Ondulatória, de suma importância para a mecânica quântica, e pela qual recebeu o Nobel em 1933, teria sido influenciado pela filosofia veda da Índia. 

(Com um Nobel de Física nas mãos em 1933, Erwin foi um homem místico e profundo conhecedor dos processos eletromagnéticos da Alta Magia hindu. A Ordem Rosa-Cruz detém ensaios deste físico em segredo em seus arquivos por conter descobertas desconcertantes sobre as viagens astrais.)

A escritora Rose Marie Muraro, que também foi física diz que, em seu salto quântico, o elétron morre e renasce a todo momento. Segundo ela, a física quântica é uma das provas irrefutáveis da existência de Deus e da reencarnação, desde que se considere Deus o dinamismo da matéria. 

É como se jogássemos um milhão de tijolos no chão e deles surgissem um edifício. É assim que se comporta a matéria. 

(Outro ícone brasileiro de conhecimento, intelectualidade e liberdade de pensamento. Rose Marie (1930-2014) detém uma das biografias mais interessantes que já estudei. Feminista, filósofa, física e escritora de mais de 40 livros. Nasceu praticamente cega e, após anos de tratamento, conseguiu recuperar não apenas a visão do corpo, mas também a do espírito. Espírita, acreditava na reencarnação e via nos saltos dos elétrons a prova irrefutável da existência de Deus.)

Ela tende a organização e à complexidade de uma forma milagrosa e é por isso que estamos aqui!

Gravidade é Amor

E de que maneira se pode aproveitar esse conhecimento em nosso benefício - ou, cientificamente falando, em benefício de tudo e de todos?

O primeiro passo é compreender que ainda vivemos ao sabor da filosofia cartesiana, num mundo que parece desconectado dos ciclos da natureza e favorece a fragmentação e o isolamento. 

Mas, como sabemos, no mundo quântico as partículas só têm sentido umas em função das outras e tudo está interligado. Assim, nossos problemas surgem exatamente quando fingimos ser seres à parte, separados da natureza, a qual exploramos em nosso próprio proveito. 

(Somos parte desse projeto da Vida. Se é espiritual ou não, como saber? Mas como é poderosa a força com que nos faz contemplar e perceber que tudo o que existe não pode existir sem um propósito maior...)

Somos natureza e não podemos escapar disso!

Copiamos suas cores e desenhos quando voamos como pássaros, tecemos como aranhas, construímos radares como morcegos, etc...

A natureza é um organismo vivo e inteligente, e que se desenvolve respondendo às crises como oportunidades para a criatividade. As espécies são agressivamente competitivas quando jovens, porém  aprendem a negociar com seus competidores e desenvolvem uma cooperação pacífica, como acontece nas florestas tropicais e em outros ecossistemas maduros. 

Se quisermos sobreviver além da nossa própria juventude como espécie, a humanidade precisa aprender a cooperar como uma família que partilha seus bens. 

(Cosmos, continuação da famosa série da década de 70 criada e apresentada por Carl Sagan, agora, apresentada por seu discípulo Neil de Grasse Tyson pela National Geografic Channel. Neste episódio nos mostra o Espaço-Tempo e como tudo se formou com apenas uma explosão... Infelizmente, em inglês, acionem a tradução remota do Youtube.) 

O conhecimento obriga-nos a uma atitude de permanente vigília contra a tentação da certeza, a reconhecer que nossas certezas não são provas da verdade, como se o mundo que cada um vê fosse o mundo e não um mundo que construímos junto com os outros. 

O amor ou, se não quisermos usar uma palavra tão forte, a ação do outro junto a nós na convivência é o fundamento biológico do fenômeno social. 

Sem amor, sem aceitação do outro junto a nós, não há socialização, e sem ela não há humanidade...



Continua...


 

 

Aranel Ithil Dior