Siga-me no Twitter RSS FEED
Mostrando postagens com marcador História Medieval. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador História Medieval. Mostrar todas as postagens

Ordem de Cristo - A primeira bandeira hasteada no Brasil


A Ordem de Cristo é uma ordem religiosa e militar, criada no século XIV a partir da extinção da Ordem dos Cavaleiros Templários, e herdeira das propriedades e privilégios desta.

Antecedentes e Criação

Nos séculos XII e XIII, a Ordem dos Templários ajudou os portugueses nas batalhas contra os muçulmanos, recebendo como recompensa extensos domínios e poder político. Os castelos, igrejas e povoados prosperaram sob a sua proteção.

Em 1314, o papa Clemente V foi forçado a suprimir esta rica e poderosa ordem, tendo D. Dinis logrado transferir para a Ordem de Cristo as propriedades e privilégios dos Templários.

A Ordem de Cristo foi assim criada em Portugal como Ordo Militiae Jesu Christo pela bula Ad ae exquibus de 15 de março de 1319 pelo papa João XXII, sendo rei D. Dinis, pouco depois da extinção da Ordem do Templo." Tratava-se de refundar a Ordem do Templo que anterior bula papal de Clemente V havia condenado à extinção".

Diz a mesma obra: "Em Portugal, os bens dos Templários ficaram reservados por iniciativa do rei, transitando para a coroa entre 1309 e 1310, enquanto decorria o processo, não sem que o monarca rejeitasse o administrador nomeado por Clemente V - Estêvão de Lisboa.

Esses mesmos bens passaram totalmente para a nova congregação em 26 de novembro de 1319, sendo que o papa concedera a exceção aos reis de Castela e Leão, Aragão e Portugal, que se coligaram para contrariar a execução da medida que ordenava a sua transferência para a Ordem do Hospital".

A nova Ordem surgia, assim como uma reforma dos Templários. Tudo mudou, para ficar mais ou menos na mesma. O hábito era o mesmo, a insígnia também, com uma ligeira alteração, e os bens, transmitidos pelo monarca, correspondiam aos bens templários. "Foi-lhe dada a regra cisterciense", continua a mesma Obra, "e nomeado mestre D. Gil Martins, igualmente mestre da Ordem de Avis", que adotara a regra cisterciense, com a determinação de que os novos monges elegessem seu próprio mestre, depois da morte daquele.

O superior espiritual da Ordem de Cristo era o abade de Alcobaça. Foi-lhe concedida como sede o castelo de Castro Marim; mas em 1357 já a sede tinha sido instalada em Tomar, anterior sede templária.

As Viagens Marítimas

A 11 de junho de 1421, um capítulo reunido em Tomar adotou como regra da Ordem de Cristo a da Ordem de Calatrava, o que resolvia quaisquer pendências de natureza espiritual e de obediência, mantendo-se na esfera da cavalaria.

O cargo de mestre passara após 1417 a ser exercido por membros da Casa Real, que se passaram a nomear
administradores e governadores por nomeação papal.

O primeiro foi o infante D. Henrique, "que a encaminhou para o que parecia ser sua missão inicial, a de conquista da Ásia, através das viagens marítimas, que a própria ordem financiou".

Os ideais da expansão cristã reacenderam-se no século XV quando seu Grão-Mestre, Infante D. Henrique, investiu os rendimentos da Ordem na exploração marítima. O emblema da ordem, a Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das caravelas que exploravam os mares desconhecidos.

Presença da Cruz da Ordem de Cristo no Brasil

Bandeira de Cananéia
Bandeira Prefeitura de São Paulo
Brasão de São Sebastião
Brasão de Porto Alegre
Brasão de Angra dos Reis
Bandeira de Pelotas
Bandeira de São Vicente
Brasão de Praia Grande
Brasão de Florianópolis
Brasão de Paranaguá 
Brasão de Cajamar
Brasão de Louveira
Brasão de Barueri

Os Templários - Os Guerreiros Cristãos - Parte 4

Dom Diniz

A Queda 

Um desastre como a perda da Terra Santa costuma ser a deixa para buscar um bode expiratório, e boa parte dos dedos da Europa se puseram a apontar para os templários e hospitalários. A falta de obediência, a rivalidade entre elas e até uma suposta falta de coragem foram duramente criticadas, e muitos intelectuais e religiosos propunham que elas fossem fundidas, ou então dissolvidas para que se criasse uma nova ordem. Os templários, liderados por um novo grão-mestre, Jacques de Molay, resistiram a essas medidas. E, por algum tempo, o papado ficou do lado deles, ajudando mesmo a arrecadar novos fundos para combates no Oriente.

Na época, a França era o reino mais poderoso da Europa, e seu soberano, Filipe, o Belo, tinha seus próprios planos para o papado e os templários. Sua influência sobre a Igreja levou à eleição de um francês, Clemente 5º, como papa em 1305. 

Clemente nem chegou a ir para Roma, passando toda a sua carreira na França. Logo ficou claro que Filipe exercia pressão para garantir seus interesses.

Um dos projetos do rei era unir as ordens, de preferência transformando a si mesmo em grão-mestre, e assim liderar uma nova cruzada para retomar Jerusalém. O plano não foi em frente e Filipe decidiu tomar medidas drásticas: em 1307, ordenou secretamente a prisão de todos os 15 mil templários da França. As razões exatas para que resolvesse acabar com o Templo não são muito claras, mas tudo indica que ele desejava tomar posse das consideráveis propriedades deles e talvez visse as derrotas da Terra Santa como uma deixa propícia para atacar.

O próprio Jacques de Molay foi preso dias depois de ajudar a carregar o caixão da cunhada do rei. Para ter uma idéia da ingenuidade do chefe templário, ele tinha pedido ao papa, no mesmo ano, que investigasse alguns boatos caluniosos contra os templários - pelo o que podemos concluir, já era a campanha difamatória de Filipe em ação. A acusação oficial era previsível: heresia.

Crimes "horríveis de contemplar, terríveis de ouvir, uma obra abominável, uma desgraça detestável, uma coisa inumana, na verdade desprezada por toda a humanidade", diz a ordem de prisão.

A linguagem deixa claro que tudo não passava de perseguição política. Era uma receita prática para se livrar de gente incômoda. Tanto é assim que as acusações - renegar Cristo e cuspir em suas imagens, praticar sodomia ritual e adorar um misterioso ídolo de 3 cabeças ou com forma de gato ou bode chamado Baphomet - aparecem, com poucas mudanças, em todos os outros processos contra heréticos da época. Quase nenhum historiador vê traços de verdade nessas histórias.

Há quem suponha que Baphomet fosse, na verdade, a relíquia de algum santo, ou que a negação de Cristo fosse parte de técnicas templárias para escapar com vida das prisões muçulmanas fingindo ter se convertido, mas a história da ordem não parece apoiar essas especulações.

O fato é que até o papa Clemente 5° criticou as prisões arbitrárias. Um processo papal foi instalado para averiguar as acusações - muitos templários confessaram sua culpa induzidos por tortura e depois voltaram atrás diante dos enviados de Clemente. A idéia foi corajosa, mas resultou na morte de 54 mortes da ordem: segundo as regras da Inquisição, hereges confessos que voltassem atrás deveriam ser imediatamente executados. Jacques de Molay, que era analfabeto e pelo visto não muito estrategista, disse que não tinha estudo suficiente para servir de advogado da ordem. ficou à espera de que o papa o salvasse.

A investigação papal em toda a Eurpa achou pouquíssimas provas de heresia. Mas a pressão de Filipe continuava, e Clemente 5º acabou concordando com a dissolução da ordem em 1311. O rei conseguiu alguns bens dos templários, mas de forma clandestina: a decisão do papa foi legá-los aos hospitlários, enquanto os ex-cavaleiros entravam para mosteiros de outras ordens ou se tornavam mercenários.

Mesmo extintos, os templários ainda dariam origem a mais uma lenda: a de que a perseguição apenas fez os membros mais importantes sair de cena e continuar a promover seus interesses místicos em segredo. Para isso, teriam se ligado ao Priorado de Sião, uma ordem que permaneceria até hoje e que teria tido, entre seus líderes, o pintor Leonardo Da Vinci e o físico Isaac Newton.

O grupo guardaria os principais segredos da origem do cristianismo, como o Graal e a linhagem de supostos descendentes de Jesus e Maria Madalena. A história, divulgada em livros como O Código da Vinci, é uma das principais rsponsáveis pelo renascimento do interesse nos templários. O problema é que documentos que provem a existência do Priorado de Sião são raríssimos, e os que os ligam aos templários, inexistentes. Para os pesquisadores, nada disso faz sentido, mas a dúvida ainda continua, seduzindo até os mais céticos em muitos pontos dessa história.

[Nota: "Todo louco mais cedo ou mais tarde acaba vindo com essa dos templários. Há também loucos sem templários, mas os de templários são mais traiçoeiros", diz um dos personagens do romance O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco. 

Tantas obras com tão poucas pesquisas foram escritas sobre esses cavaleiros nos últimos 250 anos que quase se tem a impressão e que toda a conspiração precisa de alguma forma envolver a ordem. A maçonaria, por exemplo, teria se originado de mestres pedreiros que aprenderam com os templários as técnicas secretas que guiaram a construção do Templo de Salomão.

Os supostos rituais heréticos em torno de Baphomet seriam, na verdade, a adoração da cabeça embalsamada de Jesus Cristo. A lista não tem fim, mas até onde os historiadores puderam pesquisar, não há nenhuma evidência confiável nessas teorias.

Mas por que, justamente os templários despertariam tantas lendas? Um dos fatores que deve ter estimulado é a paixão dos escritores românticos do século 19 por coisas medievais, pois os mitos, na verdade, se originaram nessa época.

Outro fator é a falta de fontes sobre os anos iniciais dos templários. Isso dá aos criadores de lendas muito espaço para trabalhar. O fim a ordem também não ajudou: várias da acusações falsas feitas a eles por Filipe, o Belo, acabaram reforçando a idéia de que os cavaleiros seguiam algum tipo de culto místico pré-cristão. E a lenda permanece até hoje...]

O fim dos templários, no entanto, não foi desprovido de mistério. Na cadeia, Jacques de Molay e seu companheiro Geoffroy de Charney tiveram um último gesto de coragem: renegaram sua confissão de heresia. E, numa pequena ilha do rio Sena, os dois pereceram na fogueira em 1314. Reza a lenda que Jacques de Molay convocou o rei e o papa a comparecer diante do tribunal de Deus antes que o ano terminasse. Pelo visto, praga de templário pega: Filipe o Belo, e Clemente 5º morreram antes de 1314 findasse.

[Nota: A perseguição não atingiu da mesma maneira os templários de toda a Europa. Fora da França, a tortura foi menos usada para extrair confissões dos cavaleiros. Por isso, pode-se supor que foi com a honra intacta que alguns deles ingressaram na nova ordem criada por Dom Dinis, rei de Portugal, em 1318: A Ordem de Cristo.

Na verdade, não há consenso entre os historiadores sobre a composição da nova confraria: para alguns, os templários portugueses (presentes no país desde os tempos de Hugo de Payns) teriam trocado de nome. De qualquer maneira, a Ordem de Cristo herdou todas as propriedades e fortalezas de sua antecessora, assim como os votos de pobreza, castidade e obediência (ao rei de Portugal).

Ao longo do século seguinte, os consideráveis recursos militares e econômicos da ordem, que passou a ser comandada pelo infante (príncipe) Dom Henrique, foram direcionados para a expansão marítima portuguesa, que estava ganhando impulso.

A Ordem de Cristo ganharia soberenia sobre os territórios que conquistasse na África, bem como direito a 5% do valor das mercadorias vinda da região.

Novas mudanças liberavam os cavaleiros de seu voto de castidade e pobreza, permitindo que navegadores como Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama se tornassem membros da Ordem de Cristo.

Os navios que aportaram no Brasil pela primeira vez traziam em suas velas o emblema da confraria, aparentemente uma versão modificada da antiga cruz templária.] 

Referências Bibliográficas

Os Templários, de Piers Paul Read , ed. Imago, 2000

Templários - Os Cavaleiros de Deus, de Alain Demurger, ed. Jorge Zahar, 2002

História Ilustrada das Cruzadas - W.B.Bartlett, Ediouro, 2003

Carta de São Bernardo ao Fundador dos Templários - faculty.smu.edu/bwheeler/chivalry/bernard.html

deos-Documentários





 

Os Templários - Os Guerreiros Cristãos - Parte 3


Apogeu e Declínio 

"A partir de 1150, o progresso da Ordem é claro", diz Knox. Para o historiador, a ordem tinha uma vantagem na desorganização que era a Terra Santa na época: ao contrário das grandes famílias de nobres, a morte individual de membros ou herdeiros era incapaz de destruí-la, e as batalhas vencidas não traziam reputação para um único membro, mas para toda a confraria.

São vantagens aliás, compartilhadas pelo outro grupo de monges-guerreiros da época, os hospitalários, com os quais os templários tinham de conviver na Palestina e o Ocidente. O grupo surgiu algumas décadas antes do Templo e seus propósitos iniciais eram, como o nome indica, dar assistência médica e espiritual aos peregrinos que chegavam a Jerusalém. Com o problema da insegurança, porém, ela passou a oferecer também outro serviço: escolta pelos caminhos da Palestina.

De forma parecida com o Templo, foi ganhando controle de fortalezas e castelos. Não é à toa que as duas ordens tenham sido rivais e batido cabeça de vez em quando. 

O dia-a-dia dos templários, a julgar pela regra da ordem, não era muito diferente do de qualquer outro monge. As normas eram duras. Havia dezenas de orações a serem pronunciadas diariamente, e datas semanais e anuais de abstinência de carne ou jejum total. Era proibido fazer a barba, caçar (leões eram permitidos), possuir mais de 3 cavalos (o grão-mestre podia ter 4) e, principalmente, ter qualquer contato com mulheres.

A paranóia em relação ao sexo feminino é típica da Idade Média, mas a regra templária era extremamente rígida. Eis o que diz: " A companhia de mulheres é uma coisa perigosa, pois por causa dela o velho Diabo tem desviado muitos do reto caminho do paraíso." E ainda especificava as mulheres que não se devia beijar: "Viúva, moça, mãe, irmã tia ou outra qualquer". 

Os domitórios tinham de ficar sempre iluminados de dia ou de noite e era preciso dormir de calças e botas - supostamente para que os cavaleiros estivessem sempre prontos para sair à luta.

Em batalha, os templários eram sempre os primeiros a avançar e os últimos a recuar, e a ordem normalmente não pagava resgates caso um de seus homens fosse capturado. Na prática, isso significava que sempre uma sentença de morte para o cavaleiro aprisionado. As punições para quem fizesse algo errado em batalha eram severas: ser açoitado, posto a ferros ou obrigado a comer comida do chão, feito cachorro. Os detalhes da ordem não podiam ser comentados fora do mosteiro: ela gostava de manter segredo sobre seus planos, o que deu munição, mais tarde, para que seus inimigos afirmassem que ela praticava rituais sinistro ou imorais.

A prosperidade da ordem fez os templários se afastar da missão inicial: proteger os peregrinos. Ao lado dos hospitalários, os cavaleiros do Templo se tornaram a espinha dorsal do Exército do Reino de Jerusalém. No Ocidente, a ordem virou o protótipo dos bancos atuais, emprestando seus consideráveis bens a juros. 

[Nota: Nos primórdios dos bancos europeus - quando a expressão "fazer um depósito" significava literalmente depositar metais preciosos, cereais ou até escravos numa instalação segura pra que eles fossem guardados -, os templários desempenhavam papel fundamental para a economia do Ocidente e da Terra Santa. é difícil saber exatamente como eles acabaram abraçando esse negócio, embora a própria natureza da ordem favorecesse esse caminho, de certa forma.

"Assim como aconteceu em outra épocas em cidades como Veneza e Gênova, estar dividido entre dois centros econômicos parece levar de forma bastante natural à necessidade de desenvolver mecanismos para transferir grandes quantidades de dinheiro entre um lugar e outro", diz Ellis, "Skip" Knox, da Universidade de Boise, EUA.

Os serviços oferecidos pela ordem eram variados e, segundo a reputação deles na época, confiáveis. Um nobre que fizesse uma doação em dinheiro ou terra para os templários podia estipular, por exemplo, que a quantia ou o imóvel devia ser utilizado para prover o sustento de sua esposa e filhos quando ele morresse.

Quem depositasse bens numa casa templária do Ocidente e rumasse para a Terra Santa tinha o direito de retirar quantias equivalentes quando chegasse lá. E, por quase sempre dispor de somas substanciais de dinheiro vivo, a ordem estava em posição privilegiada de realizar empréstimos, criando uma clientela fiel entre a alta nobreza e o clero. Um detalhe interessante é que os empréstimos, claro, eram feitos a juros - prática condenada oficialmente pela igreja da época.] 

A nova situação da ordem atraiu críticas. Muita gente começou a achar estranho que sujeitos auto-nominados de "pobres cavaleiros de Cristo" fossem donos de cerca de 9 mil propriedades na Europa e Palestina. Já os soberanos de Jerusalém, depois de perceber que precisavam negociar com os muçulmanos se quisessem permanece na região, reclamavam da desobediência e da teimosia dos templários. 

"Intolerantes? Com certeza, embora até os templários estivessem dispostos a lutar ao lado de mulçulmanos se um perigo maior estivesse presente. Teimosos? Sim, e eram famosos por isso. Temerários? Bem, sim, mas muitos outros cavaleiros também o eram. As pessoas da época, inclusive os muçulmanos, chamavam isso de bravura", diz Knox. 

O fato é que as supostas falhas de caráter dos templários não foram tão importantes enquanto o reino de Jerusalém estava bem politicamente. A situação, porém, foi se alterando ao longo dos anos de 1170, com a chegada ao poder do líder muçulmano Saladino. Ele conseguiu trazer para o seu controle tanto a Síria quanto o Egito, deixando as terras cruzadas, na prática, cercadas por um único império.

O estopim para a guerra total veio quando uma força liderada pelo filho de Saladino pediu permissão para atravessar pacificamente a Galiléia e o senhor da região, Raimundo de Trípoli, a concedeu. 

Mas o grão-mestre de então Gérard de Ridefort, ao saber do fato, resolveu emboscar os islâmicos. Tanto o chefe dos hospitalários quanto o vice de Ridefort, marechal Jacques de Mailly, tentaram fazer com que ele desistisse, porque o Exército muçulmano era grande. Ridefort acusou a dupla de covardia e ainda cutucou Mailly: "Vós amais em demasia vossa cabeça loura para querer perdê-la". E partiu para o ataque com só 90 cavaleiros.

Se havia algum covarde ali, certamente não era Jacques de Mailly, que morreu lutando no mesmo dia. Já Ridefort tomou uma sova e fugiu, enquanto o furioso Saladino reunia sua força total para atacar o reino. A batalha decisiva varreu do mapa as forças cristãs. Saladino poupou o rei e o grão-mestre dos templários, mas não os demais monges-cavaleiros. Ao amanhecer, 230 cavaleiros do Templo foram decapitados. Em 2 de outubro de 1187, Saladino entrou triunfalmente em Jerusalém. 

Não era o fim - ainda. Os cristãos mantiveram algumas possessões no litoral da Palestina e foram reconquistando o território, chegando até a retomar Jerusalém por um tempo. Ao longo do século 13, porém , as forças se tornaram dependentes da vinda constante de cruzados da Europa e da desorganização dos muçulmanos. O reino foi se tornando cada vez mais pequeno e mudou sua capital para a cisade de Acre, onde recaiu ao ataque decisivo muçulmano, em 1291.

A bravura da ordem se revelou como nunca: o próprio grão-mestre, Guilherme de Beaujeu, morreu em combate. Quando os cristãos evacuaram a Terra Santa, a última fortaleza a resistir, por cerca de 12 anos, era templária e ficava na ilha de Ruad. No fim, porém, a única saída foi abandoná-la.




Continua...

Os Templários - Os Guerreiros Cristãos - Parte 2


Em teoria, A Terra Santa agora era segura para os muitos peregrinos que vinham da Europa. Na prática, o que os primeiros cruzados conseguiram foi um punhado de cidades que permanceram cercadas por um mar de mulçumanos.

A segurança dos peregrinos e dos comerciantes era um problema crônico. O devoto escandinavo Saewulf, que viajou para Jerusalém em 1102, conta que "os sarracenos (mulçumanos) estão sempre armando ciladas para os cristãos (...). à espreita dos que podem atacar por estarem em grupo pequeno ou daqueles que por cansaço ficam para trás. O número de corpos humanos que jazem, despedaçados por bestas selvagens..." 

O Perigo faz alguns nobres tentarem fazer algo pela defeza da Cidade Santa mesmo depois de conquistada. Um desses nobres era um cavaleiro do norte da França chamado Hugo de Payns, até então um ilustre desconhecido. Não se sabe exatamente quando nem o por que que Hugo foi parar em Jerusalém. Alguns relatos dizem que era viúvo e decidira se dedicar a Deus depois da morte da esposa.

Outros historiadores falam de um massacre especialmente sangrento de peregrinos, que aconteceu na Páscoa de 1119 e levou o rei de Jerusalém, Balduíno II, a estimular a formação de uma milícia que protegesse os fiéis - chefiada por Hugo.

Seja como for, o fato é que, naquele mesmo ano, ele e outros 8 companheiros (a lista dos nomes ainda existe, e todos parecem ter vindo da nobreza da França) fizeram um juramento sagrado. Os votos eram exatamente os mesmos que qualquer monge do séc. 12 ou de hoje: pobreza, obediência e castidade. Mas a missão deles era surpreendente: assegurar, de espada na mão, que os peregrinos tivessem acesso sem medo aos lugares sagrados. 

O rei Balduíno II lhes deu como residência parte do que ele julgava ser o Templo de Salomão - na verdade, era a Cúpula da Rocha, e a mesquita Al-Aqsa, construída pelos mulçumanos no lugar onde o templo havia existido na época de Jesus. Eis a origem do nome "templário" - o lugar ficou tão identificado com a ordem que muitos se referiam à ela como "o Templo".

É aqui que as lendas sobre os templários começam a funcinar a todo vapor. Pouco se ouve falar das atividades deles, coisa que na verdade, atrapalha bastante quem tenta entender como a ordem evoluiu nesse momento crucial. "Os documentos sobre essa fase da história deles são escassos. De 1120 até 1140, tudo é especulativo", diz Ellis, "Ksip" Knox, da Universidade Estadual de Boise, EUA.

Tanto assim que os mais empolgados falam de uma escavação secreta no terreno do velho templo: Hugo e seus cavaleiros teriam descoberto algum segredo dos primórdios da cristandade bem debaixo do seu quartel. Só alguns nobres de alto escalão teriam sido inofrmados do "achado" e o acobertaram, com o consentimento da ordem. Infelizmente, não temos como saber que tipo de segredo era aquele, porque cada teórico da conspiração tem seu artefato favorito.

Alguns falam das relíquias sagradas do templo judaico, outros, do santo graal; há os que apostam na própria cabeça embalsamada de Jesus Cristo, provando que ele não tinha ressuscitado nem era divino.

Os mais modestos sugerem que as ruínas do templo deram à ordem conhecimentos secretos, sobre a natureza mística da arquitetura, como forma de criar espaços sagrados e de se comunicar com Deus, ciência até hoje estudada, conhecida como Geomancia. Essa sabedoria, depois, teria sido passada à maçonaria, que originalmente era uma confraria de mestres construtores.

Para a maioria dos historiadores, porém o motivo do silêncio sobre a ordem nesses primeiros anos é bem menos empolgante: ela ainda não tinha alcançado muita importância e organização. Porém, pouco a pouco, a combinação de ajuda de patronos poderosos e uma boa dose de coragem em batalha começou lentamente a aumentar o poder templário. 


Em 1129, Hugo de Payns, então já conhecido pelo título de Grão-Mestre (chefe supremo) dos templários, viajou para o Ocidente para procurar recrutas e buscar apoio oficial da Igreja. E conseguiu atrair para o seu lado o monge francês Bernardo, abade de Clairvaux (canonizado como São Bernardo). O monge era provavelmente o intelectual mais influente da Europa, capaz de convencer papas e imperadores, e também um místico apaixonado. Em resumo: um trator. "O que Bernardo atacasse estava fadado ao fracasso; o que ele aprovasse, florescia" diz Edward Burman, da Universidade de Leeds, Reino Unido, em seu livro, Templários - Os cavaleiros de Deus.


Bernardo conseguiu a bênção oficial do papa para a ordem. Também elaboraou para ela um conjunto de normas de conduta diária, indispensável para qualquer comunidade religiosa da época. Ainda havia gente dentro da Igreja que não era exatamente fã da idéia de monges matando em nome da fé. O futuro santo escreveu então uma carta em que justificava, com toda a visão teológica da época, a guerra em defesa de Jesus: "O soldado de Cristo (...) é o instrumento de Deus para a punição dos malfeitores e para a defesa dos justos. Na verdade, quando ele mata malfeitores, não se trata de homícídio, mas de malicídio". afirma Bernardo no Livro para os Soldados do Templo - Do Louvor do Novo Exército


Completando o sucesso da missão de Hugo, nobres europeus de vários países fizeram doações de terras e rendas para os templários. A ordem virou uma instuição realmente internacional, e a única autoridade que realmente estava acima do grão-mestre era o papa. 


Continua...



Os Templários - Os Guerreiros Cristãos - Parte 1



Parecia que depois de meses de cerco na Palestina, a vontade de Deus finalmente se revelava aos cruzados que em 1153 tentavam tomar a ciadade de Ascalon. O fogo ateado pelos próprios mulçumanos que defendiam a cidade tinha se voltado contra eles e começava rachar a pedras da muralha, abrindo uma enorme brecha. 

Sem pestanejar, 40 caveleiros da Ordem dos Templários seguiram o aparente sinal divino e avançaram para tomar a cidade, enquanto outros membros da ordem barraram a passagem do restante do exército cristão - a glória, pensaram, seria só deles.

Em poucos minutos, porém os islâmicos se deram conta de que lutavam contra apenas um punhado de cavaleiros, cercando e massacrando a todos. Os corpos dos templários foram pendurados sobre a brecha consertada da muralha e Ascalon só passou para as mãos dos cruzados meses depois, por meio de um acordo.

Há quem diga que os erros dos cavaleiros foi aumentanda por cronistas que não iam muito com o propósito dos templários, mas ela exemplifica com perfeição as características da mais lendária das ordens de cavalaria.

Os templários, monges-guerreiros ferozmente fiéis à Igreja e donos de uma coragem que podia chegar às raias do suicídio, foram também os primeiros banqueiros da Europa, credores de nobres e papas e senhores de terras. Foram perseguidos, exterminados e deixaram um rastro de lendas e mistério. Esta é a história deles. 

As Origens 

Os templários - o nome completo é Ordem dos Pobres Cavalkeiros de Cristo e do templo de Salomão - surgiram das cruzadas, o movimento que levou dezenas de milhares de europeus para lutar na Palestina e a recolocar sob domínio cristão a terra onde Jesus nasceu e morreu.

Para os que embarcaram na empreitada, enfrentar a morte em batalha por Cristo, significava uma passagem segura para o paraíso. Organização e planejamento nunca foram o forte desses gerreiros: Desconheciam a Palestina e cometeram muitos erros.

Entretanto, existem várias teorias da conspiração que afirmam que os templários, estavam lá por algum motivo: Se era por causa de Maria Madalena, ou o Cálice, ou até mesmo, um tesouro é difícil saber. Mas o que sabemos com certeza, é que esta ordem foi, designada para tomar Jerusalém, e para restabelecer o reino para um Rei, se era para os próprios nobres de Jerusalém, é difícil saber, mas as evidências apontam, que esta ordem seguia um script bem delineado, assim que deixaram a Europa.

Eles iriam libertar Jerusalém, iriam desalojar os mulçumanos e estabelecer o reinado. Mas a quem? Muitos acreditam em nobres do sul da França...

Continua...

Começaremos nestes próximo dias uma empreitada difícil em rumo da Terra Santa e aos Templários.

Acompanhem!

ARANEL DIOR.

Aranel Ithil Dior