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Mitologia Nórdica - Parte 1

Nosso novo estudo explorará primeiramente a mitologia Nórdica, pois queremos abordar mais à frente sobre a magia e os oráculos secretos das runas.

Para isso, precisamos entender como tudo surgiu e como a simbologia nórdica se trasnsmutou nesses caracteres que dizem poderem falar sobre o futuro, o passado e o presente de uma pessoa, se tornando mais tarde na escrita do povo escandinavo.

E ainda, podemos comparar esta cabala nórdica com a cabala hebraica? Então comecemos do princípio... 


O mito da criação germânica...

Quando ainda não existia nem a terra nem o mar e nem o ar, quando só existia a escuridão, já estava lá o “Pai”.

Ao começar a criação, mesmo no centro do espaço abria-se Ginnunga ou Ginnungagap, o terrível abismo sem fundo e sem luz, circundado por uma massa de vapor. Ao norte estava a Terra de Niflhein, o mundo de água e escuridão que se abria ao redor da eterna fonte de Hvergelmir.
Ginnungagap e a Terra de Fogo ao sul

Dessa fonte nasciam os 12 rios do Elivagar, as doze correntes que corriam até a borda do seu mundo, antes de encontrar-se com o muro de frio que gelava as suas águas, fazendo-o também cair no abismo central com um estrondo ensurdecedor, as águas escoavam abismo adentro, para muito longe de sua origem, onde em alguns pontos a água congelou, formando assim camadas sobrepostas de gelo que foram pouco a pouco preenchendo o abismo.

Ao sul deste caos estava a doce terra de Muspells ou Muspelsheim, país do fogo, o cálido lar do fogo elementar, cuja custódia estava encomendada ao gigante Surt ou Surtur, gigante do fogo que lá vivia.

Este gigante era quem lançava nuvens de centelhas ao brandir a sua espada flamejante, enchendo do seu fogo o céu, mas este fogo quase não conseguia fundir o gelo do abismo e o frio vencia de novo, fazendo com que se elevasse uma coluna de vapor que também não podia fugir do abismo, dado que, ao encontrar-se com o mundo do gelo, condensavam-se as grandes colunas de umidade, enchendo de nuvens o espaço central.
Gigante Ymir

Deste lugar surgiu o Gigante Ymir, a personificação do oceano gelado, e nasceu com fome voraz, que só pode saciar com uma outra criatura nascida ao mesmo tempo que ele. A mistura continuou e dos pedaços de gelo nasceu a gigante Vaca Audumla (símbolo da fecundidade), de cujas tetas brotavam quatro rios de leite.
Vaca Audumla

Audumla, procurando avidamente o seu alimento, lambeu um bloco de gelo e fundiu-o com a sua língua, fez aparecer o bom deus Buri enterrado muito tempo antes nos gelos perpétuos (em outra versão nasceu do leite que caiu das tetas da vaca).

Mas enquanto Ymir adormecido placidamente, pariu sem reparar, com o suor de sua axila, Thrudgelmir, o gigante das seis cabeças, e este fez depois nascer o seu companheiro Bergelmir, e dos dois saiu a estirpe de todos os gigantes malvados do gelo.
Gigante Bergelmir


A guerra do bem e do mal...
Odin,Vili, Vé e o gigante Ymir

E os gigantes do mar viram o deus Buri, que acabava de engendrar o seu filho e aliado Bor. Compreenderam então que era o único momento no qual seria possível tentar vencer o bem. Os gigantes começaram imediatamente a guerra. Mas as forças estavam demasiadamente igualadas e o combate já durava eras, quando Bor desposou a Bestla, a gigante, filha do gigante Bolthorn, e dessa união tiveram três filhos, três aliados imediatos para sua causa: Odin, Vili e Vé (representando o espírito, a vontade e o sagrado, respectivamente).

Com esta formidável ajuda, o novo exército do bem fez retroceder os malvados espíritos do gelo, até matar Ymir. Da grande quantidade de seu sangue, todos os gigantes, menos dois, se afogaram. Todos de sua raça morreram, exceto Bergelmir e a sua esposa, que puderam por-se a salvo a tempo, fugindo numa barca para o limite do mundo.

Do corpo de Ymir, os irmãos (Odin, Vili e Vé) criaram o céu e a terra. Com seu crânio (outras versões: sua pele; ou de seus olhos, de cor marrom) construíram a Midgard (a Terra, também chamado de o País do Meio ou Jardim Central). Seus músculos (carne) usaram para encher o Ginnungagap; seu sangue para criar os lagos e os oceanos; de seus ossos inquebráveis eles fizeram as montanhas; com o seu pelo, a vegetação; as árvores foram feitas de seu cabelo e, os dentes gigantes, se tornaram rochas e pedras, também os desfiladeiros, sobre as quais colocaram as sobrancelhas do gigante, para fortificar a fronteira com o mar, construído com o sangue e o suor de Ymir.
Jotunheim

Mas, a muita distância deles, Bergelmir e a sua mulher alcançaram uma inóspita terra que afetava pouco essas criaturas do frio, estabelecendo-se em um lugar ao qual chamaram Jotun ou Jotunheim (País do Leste ou País do Gelo), a casa dos gigantes, onde começaram a dar vida a outra raça de gigantes do gelo, para continuar a renovada luta das forças opostas.


E nasceu a terra...

E agora só faltava fechar este novo mundo e, julgou-se conveniente fazer isso, colocando sobre Midgard a abóbada craniana do derrotado gigante. E assim se fez, encarregando aos anões Nordri, Sudri, Austri e Wesdri a sua fixação em cada um dos quatro pontos cardeais que levavam os seus nomes.

Com o crânio posto no seu lugar fez-se nascer o céu, mas ao colocá-lo, os miolos espalharam-se pelo ar e com os seus restos criaram-se as nuvens. Só faltava a iluminação desse espaço e os deuses acudiram a Muspells, fazendo com o fogo da espada de Surd, fabricando com as suas centelhas as luzes do firmamento.

Com as duas maiores centelhas os deuses realizaram o Sol e a Lua, colocando-as sobre duas carruagens que girariam sem parar sobre Midgard, revelando-se incessantemente no céu, carroças guiadas pelos dois filhos do gigante Mundilfari, a sua filha Sol e seu filho Mani.

Ambas as carruagens, para manter viva a luta constante entre o bem e o mal, seriam eternas e inutilmente perseguidas pelos dois lobos Skoll e Hatri – encarnações vivas da repulsa e do ódio, que tratavam de alcançá-los, sem o conseguirem, salvo em alguma rara ocasião (quando da terra se podia ver um eclipse do Sol ou da Lua), para conseguir o seu malvado objetivo de devorar o Sol e a Lua e fazer com que a escuridão perpétua caísse de novo sobre o Universo.

Para fazer o dia e a noite encarregou-se ao belo Dag, filho da deusa da noite Naglfari, que levasse a carroça do dia, puxada por Skin (brioso cavalo branco que produzia com os seus cascos a brilhante luz do dia), enquanto Note, a filha do gigante Norvi, encarregava-se de conduzir a carroça preta da noite, puxada pelo seu negro cavalo Hrim (o que lançava à Terra o orvalho e a geada produzido pelo seu trotar).

Mais tarde, foram-se acrescentando ao cortejo celeste as seis horas e as duas grandes estações: o inverno e o verão. Já estava a Terra pronta para ser ocupada pelos primeiros seres criados pelos deuses.


Os dois primeiros seres...

Mas era necessário muito mais do que os elfos, bons e maus para dar sentido ao Universo, e os deuses pensaram que, para a finalização de Midgard, exigiria a presença da mulher e do homem. Vendo perante si um Olmeiro (Embla) e um Salgueiro (Askr) juntos, a beira mar, Odin compreendeu imediatamente que dessas duas árvores criaria o homem e a mulher, a estirpe dos humanos.

Deu-lhes Odin a alma; Hoenir, o movimento e os sentidos; Lodur, o sangue e a vida. O primeiro homem, Askr, e a primeira mulher Embla, estavam vivos e eram livres, tinham recebido o dom do pensamento e da linguagem, o poder de amar e a capacidade da esperança e a força do trabalho, para governarem o seu mundo.

Deram origem a uma nova raça, sobre a qual eles, os deuses, estariam exercendo permanente a sua tutela. Mas Odin, deus da sabedoria e da vitória, era o protetor dos guerreiros ao qual proporcionava um especial afeto, cuidando deles da altura do seu trono, o Hlidskialf, enquanto vigiava o resto do Universo, no nível dos deuses, no dos humanos e no dos elfos.
Valhalla

Perto de lá estava Valhalla, a sala dos mortos escolhidos, o paraíso dos homens escolhidos entre os caídos em combate heróico. Era um palácio magnífico, ao qual se ascedia por qualquer das quinhentas e quarenta portas. Imensas portas (por cada uma podia-se passar uma formação de oitocentos homens em fundo), que davam para uma grande sala coberta de espadas. Tais espadas eram tão brilhantes que iluminavam a estância, refletindo-se a sua luz no artesanato feito de escudos de ouro e nos peitilhos e malhas que decoravam os bancos, a sala de jantar e o lugar de reunião para os Einheriar, trazidos entre os mortos pelas Valquírias montados nas suas cavalgaduras, após cavalgarem através do Bifrost.


O ocaso dos deuses...

E o dia da vingança do lobo Fenris (chamado também no velho nórdico de “Wolf-Joint”) chegou por fim. O último dia, o da batalha entre as forças do bem e as do mal. Loki (o diabo), que tinha vivido entre os doze deuses, levava a maldade no seu seio, e quando foi expulso de Asgard, também a levou para os humanos, fazendo com que o mundo se convertesse no lugar de todos os crimes. Em breve as divindades viriam que havia chegado o tempo do seu ocaso...
Ragnnarok - o dia final

O Sol e a Lua deixaram de brilhar nos céus, ao serem alcançados e devorados pelos lobos engendrados por Fenris; a neve e o vento invadiram tudo durante três anos, e depois outros três anos de pesar caíram sobre o aterrado Universo. O dragão devorou a raiz do salgueiro Yggdrasil (Árvore do Mundo) e Heimdall (deus do arco-íris) deu toque de alarme.
Yggdrasil

Os deuses saltaram dos seus palácios e saíram nos seus cavalos para combaterem os gigantes do gelo e a sua banda de renegados e monstros horrendos. Ia dar-se início à luta final sobre a planície de Vigrid, segundo o que o destino tinha marcado desde o princípio dos tempos.

A batalha derradeira entre o exército do bem, formado pelos deuses do Aesir, os guerreiros escolhidos do Einheriar e os deuses do vento, os Vanas, e as forças poderosas e heterogêneas do mal, em cujas sinistras filas estavam desde a deusa da morte, Hel, até Loki e o seu filho, o lobo Fenris, passando pelos sempre temidos gigantes do gelo e de todos os monstros aliados.

Um instante depois, entre o estrondo da tempestade e a fúria de todos os elementos desatados, todos os inimigos estavam combatendo a morte, numa luta sem quartel, na qual dificilmente podia haver um vencedor.

Cada um dos combatentes selecionou o inimigo do seu tamanho, e assim Odin enfrentou o lobo Fenris; Thor lançou-se contra a serpente do Midgard; Heimdall escolheu o traidor deus Loki como seu rival; Tyr balançou-se contra o cão Garn. Sem dar-se um segundo de descanso, todos os adversários lutaram desesperadamente enquanto puderam manter-se em pé.

Mas também todos eles, sem exceção, foram sucumbindo perante os seus mútuos inimigos. Estava claro que nenhum deles poderiam vencer naquela loucura coletiva; enquanto os deuses e os malvados se matavam, o céu e a terra ardiam com as centelhas que arrojou o furioso Surt e, muito em breve, todo o Universo se consumiria inevitavelmente nesse fogo aterrador que também o purificaria para sempre.

O ruído da luta parou. Só restaram as cinzas. Mas voltou a brilhar outra luz no céu: a filha póstuma da deusa sol, agora mais tênue e benfeitora. Ao calor do Sol amanhecia outra vez; e da profundidade do bosque de Mimir, surgiram uma mulher e um homem, Lifthrasir e Lif (os dois únicos humanos sobreviventes do fogo), que tinham sido reservados da morte para repovoarem o novo mundo que tinha que suceder ao corrompido mundo primordial.

Os deuses da natureza, Vale e Vidar, também se debruçaram à paisagem que despertava a nova vida e, encontraram-se com aqueles que nasceram para suceder aos doze deuses: os irmãos Modi e Magni, os filhos do deus Thor e da gigante Iarnsaxa, que traziam consigo o martelo do pai e as suas virtudes.

Apareceu depois Hoenir, seguiram-no pouco mais tarde os irmãos gêmeos Baldur e Hodur, filhos de Odin e Frigga. Os sete deuses descobriram felizmente que, além no alto do céu, o Gimli, a morada celestial mais elevada, se tinha salvo da destruição total. Então e, a partir desse recuperado canto do paraíso original, começariam o seu novo reinado de amor e cuidado sobre a nova humanidade e sobre também a renovada Terra.

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Aranel Ithil Dior